O prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), cogita deixar o Plano Diretor para o sucessor dele na administração municipal. Iris disse à reportagem da Sagres nesta sexta-feira (2), durante entregas de salas modulares no Parque das Amendoeiras, região Leste da capital. O prefeito destacou que emendas apresentadas por vereadores poderiam “desorganizar Goiânia”.

No último dia 23, um grupo de oito vereadores assinaram três emendas (sem se identificar, apenas com a rubrica) para aumentar a zona urbana de Goiânia e o adensamento da cidade, ou seja, a concentração de edifícios e outras grandes construções em determinadas regiões.

As emendas beneficiavam diretamente o setor imobiliário, por permitir o loteamento de áreas rurais, aumentando os vastos vazios urbanos já existentes em Goiânia, e as incorporadoras de prédios.

O prefeito Iris Rezende avaliou que não se deve acelerar nada. O cuidado é para evitar que alguma coisa saia errado. O gestor também avaliou que há dificuldades para que os vereadores discutam a matéria, durante a pandemia da Covid-19.

“Com essa dificuldade que se vive hoje, o pessoal preso dentro de suas próprias casas, os vereadores se reunindo por um sistema tecnológico, não tem mais aquela possibilidade de uma discussão presente, eu entendo que não devemos acelerar nada que possa sair errado. Eu pedi a devolução impressionado com o número de emendas que foram apresentadas. Eu entendi que levando a aprovação neste momento, caso as emendas que tomei conhecimento sejam aprovadas, olha, vai desorganizar Goiânia. Estou pensando talvez, em deixar para a próxima legislatura para ter mais tempo para estudar este projeto”, declarou o prefeito à Sagres.

No final da última semana, após um pedido de vistas do líder do prefeito Welington Peixoto (DEM), a Prefeitura de Goiânia optou por retirar o projeto e analisar as emendas apresentadas ao texto.

A secretária municipal de Finanças e coordenadora do projeto do Plano Diretor, Zilma Campos Peixoto, explicou à reportagem que é preciso analisar cada proposta feita pelos vereadores. A gestora entende que é necessário verificar aspectos técnico e financeiros.

“Nós fizemos a retirada, atendendo a recomendação (do Ministério Público), estamos agora com o grupo do Plano, são muitas emendas e temos que tratar de cada uma. Estamos debruçados para verificar sobre o aspecto técnico financeiro’, relatou a secretária.

Zilma Peixoto ainda disse que na próxima semana será solicitado à Saneago uma análise mais aprofundada sobre atendimento em cada um dos locais. A secretária também entende que o tempo é curto para conclusão da análise.

“É um trabalho que merece uma dedicação de tempo maior, como temos que responder a todas as emendas, e são muitas, fica mais difícil de ter uma previsão. Pedi que isso seja feito com dedicação e encaminhar a demanda para o Ministério Público. Como também não foram feitas audiências públicas para que as emendas fossem apresentadas, teremos que analisar o tempo hábil, mandar para o Ministério Público, devolver para a Câmara e fazer isso em dois meses. Vamos fazer de tudo para solucionar”, afirmou.

O projeto do Plano Diretor deveria ter sido encaminhado à Câmara em 2017, mas foi enviado em julho de 2019. O projeto deve ser atualizado a cada dez anos, a última versão da lei é de 2007. A Câmara analisa o processo desde agosto do ano passado O projeto já foi aprovado na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ), em primeira votação em plenário e estava na Comissão Mista.