O que o jornalismo pode fazer pelo bem das pessoas? Para a estudante Jenyfer Miranda, a resposta é: informar e ensinar. “Para saber notícias do dia, propostas de alguma coisa, inscrição. Hoje em dia muitos jovens estão deixando de estudar. Coisas que poderiam incentivar os alunos a querem estudar mais, aprender as coisas e a ter um futuro maior pela frente”, disse.

Heloisa Pinheiro, estudante, também não gosta de notícias violentas. “É necessário ter um meio termo para não ficar tão violento assim, senão fica até meio chato. A gente acaba ficando até desesperançoso de só ficar vendo isso na TV”, comentou. Esse tipo de assunto que aborrece as jovens faz parte do jornalismo tradicional.

Para o doutor em Comunicação, Edvaldo Pereira Lima, esse tipo de informação pode ser um problema para a sociedade. “Aquela função que se imaginava de o jornalismo trazer o conteúdo negativo como forma de criar indignação, provocar que as pessoas tomem atitudes que ajudem a transformar a sociedade para melhor, acabou dando um tiro no pé”, e continua: “Com o excesso de conteúdo negativo o que se causa na população é uma letargia. A pessoa fica cansada de ver tanta notícia negativa e se afasta”.

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O estudante Kauã Nascimento, de 18 anos, vive esse afastamento. Ao invés de ler, assistir ou ouvir os jornais, o jovem prefere ver desenho animado. “Tem muita violência, só passa assalto. Não acho que interessa saber quem morreu ou quem assaltou. Dá até medo de sair na rua, às vezes, ainda mais quando é na região que a gente mora. Eu assisto mais desenho”, declarou.

Jornalismo construtivo

Esse olhar negativo atrapalha a construção de uma sociedade melhor. “Todo processo de comunicação provoca um efeito e está contribuindo para a sociedade se direcionar em um certo caminho ou outro. Então, quando você tem só notícias de cunho negativo em uma grande quantidade, isso acaba causando nas pessoas um estado de estagnação e não transformação em capacidade de percepção do mundo delas”, afirmou Edvaldo Pereira.

Se por um lado o modelo tradicional de comunicação dá ênfase nos problemas, há uma nova proposta, o chamado jornalismo construtivo. Não basta dizer que o trânsito é caótico, por exemplo, é preciso dar alternativas de mobilidade urbana, como bicicletas e o transporte público que funcione.

Para Ruan Lucas, é preciso informar e educar. “Para o meu dia a dia, e não só o meu, acredito que a televisão deveria fornecer mais projetos culturais, que voltassem para a educação, principalmente. Porque a educação hoje é a formadora do ser, da consciência, é o primeiro contato que a gente tem com nossa própria identidade, a forma com quem a gente reforça nossa identidade”, enfatizou o estudante.

Doutor em Comunicação, Guilherme Lucian entende que jornalismo tem uma função pedagógica. “É como se fosse um modo de enxergar a realidade que seja mais cuidadoso, mais prospectivo, mais humano, mais solidário em relação à própria conservação da cidadania, da coisa pública, e entender que o propósito do jornalismo que a gente faz hoje não é só informativo, ele também tem uma função educacional”, destacou.

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Hoje, dia 5 de julho, é uma data importante. Em 1942 Goiânia teve seu batismo cultural. Nasceu a Rádio Clube de Goiânia, razão social do Sistema Sagres. As tradicionais ondas do rádio que transmitiram acontecimentos relevantes por oito décadas se conectam com outras formas de comunicação, como a TV e a internet, por exemplo, tendo como bússola, dois temas que ajudam na construção de um mundo melhor: a educação e a sustentabilidade, como avalia o diretor Superintendente do Sistema Sagres, Vinicíus Tondolo.

“Pensar em educação, que é o exercício de aprender, de ensinar, com a sustentabilidade, que é olhar para o meio ambiente, olhar para o ambiente que estamos envolvidos, são elementos cruciais para esse novo pilar dentro dessa proposta, de um jornalismo construtivo, que pensa na solução dos problemas, e não só apontando os problemas”, declarou Tondolo.

Crise e soluções

O Brasil vive uma crise de ordem econômica e política, e neste caso o jornalismo construtivo também serve como reflexão para o tempo presente. “Essa perspectiva, essa postura construtiva está tentando inaugurar no tipo de jornalismo que a gente já faz no presente um novo tipo de ancoragem ética, que trata justamente dessa espécie de antecipação comunicacional desse destino humano para poder formar uma consciência crítica de cidadãos”, argumentou Guilherme Lucian.

Para o doutor em comunicação, o jornalismo construtivo pode ajudar na transformação da sociedade e no combate às desigualdades a partir dessas reflexões. “Que sejam capazes de se emancipar a tudo aquilo de ruim que acontece em nossa sociedade, e que isso também depende de uma reflexão sobre o presente”, Guilherme Lucian.

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