Centenas de mulheres e crianças foram às ruas do Centro de Goiânia nesta quarta-feira, 8 de março, Dia Internacional da Mulher. No ato “Mulheres Vivas Mudam o Mundo”, as manifestantes pedem o fim da violência doméstica e dos desmontes das políticas públicas para as mulheres.

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Na manifestação, cartazes com os dizeres “queremos ser amadas, respeitadas” pedem acesso à saúde, moradia e autonomia às mulheres trabalhadoras do campo e da cidade, mulheres pretas, mulheres periferizadas, mulheres indígenas, mulheres quilombolas, mulheres LGBTQIA+, mulheres rurais assalariadas, mulheres sem terra e mulheres sem teto”, além de fazer críticas ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. 

“Este 8 de Março é um símbolo de liberdade depois de quatro anos. Podemos ter fala, podemos ter vez e podemos ser ouvidas, e nós conseguimos fazer essa luta com constância, porque estamos na luta há anos e fomos cessadas durante quatro anos. A taxa de mortalidade nesse período é muito grande, muito maior do que nos governos anteriores. Não estou falando partidariamente, mas de políticas públicas específicas”, afirma Sandra Martins, líder do Fórum Goiano de Mulheres.

De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), no ano de 2021, Goiás confirmou 54 mortes vítimas de feminicídio. Outras 10.782 mulheres sofreram algum tipo de agressão. 

Ainda segundo dados da SSP-GO, os registros aumentaram em 2022. Ao todo, 57 mulheres foram assassinadas e 11.206 sofreram algum tipo de agressão.   

Atendimento na Deam

Foto: Rubens Salomão/Sagres Online

A concentração ocorreu na Avenida Universitária em frente à catedral e seguiu até a 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), na Rua 24. O prédio da delegacia está em reforma e o atendimento foi transferido provisoriamente para a Região Noroeste da capital. 

“Mulheres que moram aqui [no Centro] não conseguem ser atendidas lá, e o atendimento lá é de extrema precariedade. Eu moro próximo e sei o que estou dizendo, não é legal. Queremos que [o atendimento] retorne para cá, ou então que transfira para mais perto”, afirma Sandra Martins. 

Martins disse ainda que fará uma reunião com a titular da Deam, a delegada Ana Elisa Gomes, para tratar sobre este assunto. 

“Lá tem um atendimento algumas vezes desumano. É um prédio pequeno e não comporta duas delegacias. Muitas mulheres deixam de ir porque não têm dinheiro para pagar a passagem para ir. Por mais que sejamos de movimentos sociais, não temos essa estrutura. Então muitas mulheres não estão indo fazer a denúncia por ser longe e por conta do atendimento”, conclui. 

Além do Fórum Goiano de Mulheres, a manifestação foi organizada pelo Fórum Goiano de Direitos e pela Democracia, Coletivo de Mulheres Negras Samba Crioula, Conselho Estadual da Mulher, movimentos sindicais, entre outros. 

Polícia Civil

A reportagem do Sagres Online pediu posicionamento à Polícia Civil de Goiás (PCGO) sobre o atendimento da Deam. Em nota, a PCGO informou que “a 1ª Deam trabalha provisoriamente no Jardim Curitiba 2, enquanto o prédio da delegacia, que funciona no Centro de Goiânia está processo de reforma para melhor atender as mulheres vítimas” e que a “reforma trará mais qualidade ao atendimento, sobretudo porque a Deam agora passa a ser estadual, precisando de mais estrutura”.

Ainda na nota, a PCGO afirma que “o plantão da Deam funciona, também provisoriamente, na Central de Flagrantes, na Cidade Jardim, o que facilitar o deslocamento das mulheres para lá para atendimento” e ressalta que “está ainda providenciando a mudança do prédio da Deam para o setor Urias Magalhães, a fim de facilitar a vida da vítima e seus dependentes, já que fica em região mais central do que o Jardim Curitiba”.

No documento, a Polícia Civil afirmou ainda que “em breve a estrutura voltará a funcionar no Centro com a reforma que possibilitará atendimento mais humanizado”.

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