Na tarde deste sábado (19), Atlético Goianiense e Vila Nova voltam a se encontrar pelo Campeonato Goiano. Depois de duas temporadas sem confrontos no clássico, este será o terceiro duelo entre rubro-negros e colorados no ano. Nas duas primeiras partidas, vitórias vilanovenses, tanto no Onésio Brasileiro Alvarenga quanto no Antônio Accioly.

Desta vez, novamente no reduto atleticano, em Campinas, o jogo terá um caráter mais decisivo, na primeira decisão da semifinal do Goianão 2022. A última sequência de derrotas em partidas oficiais dos campineiros no clássico aconteceu entre 2000 e 2003, quando perdeu quatro seguidas, de acordo com os arquivos do site Futebol de Goyaz.

Na véspera do terceiro clássico da temporada, a Sagres preparou um especial com personagens do confronto entre rubro-negros e colorados. No estádio Antônio Accioly, palco do jogo deste sábado, a repórter Nathália Freitas entrevistou duas figuras históricas de Atlético e Vila Nova, o ex-goleiro Márcio e o ex-meio-campista Tim.

Enquanto Márcio vestiu a camisa atleticana entre 2007 e 2016 – segundo jogador com mais presenças pelo clube -, Tim, criado na base vilanovense, acumulou três passagens pela equipe onde cresceu, a primeira entre 1992 e 2000, a segunda entre 2001 e 2002 e a terceira em 2005. Ambos multicampeões em momentos distintos das agremiações.

O lado rubro-negro

Dos 37 gols marcados por Márcio pelo Atlético, cinco foram contra o Vila Nova. Inclusive o primeiro, em 22 de novembro de 2007, um jogo que o ex-goleiro recorda com muito carinho. Pela 12ª rodada da fase final da Série C do Campeonato Brasileiro, a equipe rubro-negra venceu por 3 a 2 no Serra Dourada, e coube ao arqueiro o gol da vitória.

“O Vila, inclusive, subiu esse ano, e nós não”, lembrou Márcio, que acrescentou que “na fase final da competição, foram duelos bem marcantes e conseguimos vencer um jogo em que precisávamos para chegar vivos no último para tentar o acesso, e conseguimos vencer esse de virada, então foi bem marcante” – relembre aqui.

Com a fama de ‘carrasco’ vilanovense, o ex-goleiro destacou que “eu tive sorte. Claro, me preparei para isso, mas não era nada premeditado, eu não chegava no campo dizendo ‘vou jogar bem contra o Vila’, não era isso. Mas realmente eu tinha esse estigma de fazer bons jogos defendendo e também fazendo gols”.

Na época de Márcio, o Atlético chegou a ficar invicto no clássico por 16 jogos oficiais, entre 2006 e 2011. “Não eram vitórias elásticas, mas sempre conseguíamos vencer. Perdemos também, poucos, mas como agora, por exemplo, eu não lembro do Atlético ter perdido duas quando eu estava jogando”, contou o ex-camisa 1 rubro-negro.

A repórter Nathália Freitas entrevistou duas figuras históricas de Vila Nova e Atlético, o ex-meio-campista Tim e o ex-goleiro Márcio (Foto: Euller Ramos/Sagres)
O lado colorado

“Eu e o Márcio temos essa diferença. Ele pegou uma época em que o Atlético cresceu muito e que, nos clássicos, mesmo equilibrados, teve mais vantagens. O Márcio venceu mais do que perdeu. No meu caso, foi o contrário. Na década de 90, o Atlético tinha muita dificuldade, e eu mais venci do que perdi”, ressaltou Tim.

Durante as passagens do meio-campista pelo OBA, o Vila Nova teve uma década de domínio no clássico, com longas séries de invencibilidade – 1994-1996, 1996-1999 e 2000-2003. Entre 1992 e 2003, foram 37 jogos oficiais, com 20 vitórias coloradas, 12 empates e somente cinco triunfos rubro-negros.

Tim relembrou que “o Atlético era um time que revelava muitos bons jogadores, como Lindomar, Romerito, Relber, Oscar, Claudinho e Babau. Mas tinha uma dificuldade muito grande, financeiramente falando, principalmente, e isso interferia em campo. O Atlético não conseguia chegar, tanto que na década de 90 praticamente não conquistou nada”.

Entre as suas principais lembranças e gols no clássico, o ex-meio-campista destacou que “lembro de um no estádio Olímpico, porque os jogos sempre eram no Serra Dourada ou no Olímpico. No Olímpico, lembro de uma vitória em que fiz um no gol da Avenida Paranaíba, um dos mais bonitos que já fiz contra o Atlético”.

Tim e Márcio são de tempos diferentes do clássico, com o Vila Nova superior nos anos 1990, enquanto o Atlético recuperou o seu espaço a partir da segunda metade dos anos 2000 (Foto: Euller Ramos/Sagres)
Projeção para o próximo clássico

Em divisões diferentes no Campeonato Brasileiro, Atlético e Vila Nova não voltarão a se enfrentar nesta temporada depois das decisões pela semifinal do Goianão 2022. Apesar de estar na Série A, o time rubro-negro não carrega mais o favoritismo, discurso reforçado pelo presidente atleticano Adson Batista, que vê os colorados mais ajustados.

Para Carlos Eduardo Tim, a visão é correta, “até pelo futebol apresentado pelo Vila. Neste Campeonato Goiano, tem sido mais convincente. Confesso que esperava mais do Atlético, e até acredito que tem uma margem de crescimento muito grande nesse elenco, tem jogadores que podem render muito mais. O Vila não, já é um time mais ajustado”.

“Na maioria das vezes, não tem favoritismo, e neste também não tem, por mais que o Vila tenha um futebol um pouco mais convincente. É um jogo muito aberto, porque sabemos que o Atlético tem condições de crescer e é o tipo de jogo que jogador grande começa a aparecer”, ponderou o hoje comentarista da Sagres.

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Depois de dois clássicos perdidos, o Atlético deve ter uma reação diferente neste sábado e entrar em campo com ‘sangue no olho’. “Ou como diz o Robston, ‘olho no sangue’ (risos)”, brincou Márcio, que completou que “o Atlético, do jeito que está a formatação da equipe e o clube estruturado, eles não admitem esse tipo de acontecimento”.

“Sabemos que é clássico, e isso pode acontecer. Do outro lado tem um grande adversário, o Vila Nova vem evoluindo a cada ano na gestão do presidente do Hugo, e o time vem melhorando. Tem uma base formada de jogadores que fizeram coisas importantes em um passado recente, então isso credencia muito o clássico”, afirmou o ex-goleiro.

Do outro lado, de acordo com Márcio, “o Atlético, se não se atentar a esse fato, vai acontecer o que aconteceu nos últimos dois jogos. Mas agora é uma fase diferente, todos os dois lados sabem que qualquer erro pode custar a desclassificação, então acredito que será um jogo bem equilibrado de duas forças do nosso futebol”.