Kuala Lumpur – A direção da McLaren e o piloto inglês Lewis Hamilton terão de explicar ao Conselho Mundial da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), dia 29 de abril, em Paris, a razão de terem “mentido deliberadamente” para os comissários desportivos do GP da Austrália, prova que abriu a temporada 2009 da F-1, no final de março, em Melbourne. Com essa atitude, eles infringiram o artigo 151C do regulamento da entidade, que costuma gerar penalizações severas – podem, inclusive, serem excluídos do campeonato.

O artigo 151C trata de concorrentes que tenham “condutas fraudulentas ou ações prejudiciais aos interesses dos competidores ou do esporte em geral”. E, para complicar a situação da McLaren, ainda está fresco na mente do presidente da FIA, Max Mosley, o escândalo de espionagem em que a equipe se envolveu em 2007 – todos os desenhos do carro da Ferrari foram encontrados na casa do projetista chefe da McLaren, Mike Coughlan, na Inglaterra.

Em outras palavras, a McLaren é reincidente, num curto espaço de tempo, no artigo 151C. Mais: a rejeição de Max Mosley a Ron Dennis, sócio e diretor da McLaren, é pública e antiga. Quando o Conselho Mundial da FIA analisou o caso de espionagem, o presidente da entidade afirmou: “Fui voto vencido. Meu voto foi pela sua exclusão da temporada.” Na ocasião, a equipe foi retirada do Mundial de Construtores e multada em US$ 100 milhões.

Agora, a oportunidade para Mosley punir a equipe na extensão que desejava há apenas dois anos está bem na sua frente. Ficou ainda mais fácil porque Hamilton, envolvido diretamente no episódio, assumiu ter contado a mentira, por orientação do ex-diretor esportivo da McLaren, Dave Ryan, que foi oficialmente demitido ontem, depois de enfrentar uma suspensão inicial da equipe.

Em outras palavras, não há sequer controvérsia quanto a veracidade da acusação. O réu já confessou o crime. O comunicado da FIA, divulgado ontem, para marcar a reunião do dia 29 de abril, explica que são cinco as acusações contra a McLaren por conta dos incidentes envolvendo Hamilton, o atual campeão da F-1, no GP da Austrália.

O que, com certeza, está passando na cabeça do presidente da FIA é a possibilidade de a Mercedes, sócia majoritária da McLaren, repensar seu projeto de F-1. Afinal, qual a lógica de investir US$ 300 milhões por ano na competição e ver sua imagem tão denegrida no mundo todo com esses escândalos envolvendo?

Agir com rigor extremo contra a McLaren contraria também os interesses da Fota, a associação das equipes da F-1 – apesar de ser um adversário, as escuderias nunca estiveram tão unidas. E Mosley tem de levar em conta ainda que a exclusão da McLaren implicará no afastamento do ídolo dos ingleses, Hamilton, das pistas.

Brawn
Ross Brawn, dono da equipe que lidera a temporada 2009 da F- 1, aposta na recuperação de McLaren e Ferrari nas próximas etapas. As duas equipes foram muito mal nas duas primeiras provas, ambas vencidas por Jenson Button, da Brawn. “O que acontece agora é um reflexo do ano passado. McLaren e Ferrari estavam brigando pelo título e era difícil que pudessem pensar ‘vamos parar de desenvolver o carro deste ano e apostar no ano que vem’. Com tantas mudanças de regulamento, isso faz diferença”, avaliou

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