O Projeto “JB Notícias” é uma iniciativa da escola municipal Extensão Joaquim Berto, no município que fica a quase 230km da capital goiana. Embora esteja ainda no primeiro ano de atividades, a escola já atende cerca de 130 alunos e comemora o sucesso do projeto.

Microfones improvisados, televisão de papelão e participação dos alunos animados do 3° ano, a fórmula perfeita para um programa de sucesso. Além disso, para a coordenadora geral da instituição, Lucilene Freitas, o formato é uma boa mistura de inovação, criatividade e novas formas de aprendizagem.

“Fazia parte do projeto pedagógico trabalhar o gênero textual de notícia, e aí surgiu a ideia de fazermos esse programa. Eles mesmos construíram o microfone e participaram de tudo. Brincando, eles aprendem muito”, explica a coordenadora.

De acordo com Lucilene, os professores já estão pensando nas futuras edições dos programas. Além disso, novas gravações já foram feitas, como entrevistas com jogadores de futebol do time do município, presente na escola para uma feira sobre profissões.

Construção coletiva

“Os pais estão sempre falando do quanto é bom estar na escola, e recebemos inúmeros comentários elogiando o projeto e que os seus filhos estão empolgados por fazer parte disso”, comemora a coordenadora geral.

Segundo ela, um dos resultados mais visíveis do projeto é a maior participação dos pais no ambiente escolar.

Projeto também conta com momento de previsão do tempo (Foto: Extensão Joaquim Berto)

O tema da primeira edição foi o trânsito da região da escola, tema que já estava levantando preocupações e comentários pelos pais. Dessa forma, interesses da própria comunidade passam a ser observados no momento de escolha para a “pauta do dia”.

“É uma atividade diferenciada, que faz os alunos sentirem mais motivação para vir para a escola. Além disso, vejo que toda vez que apresentamos uma atividade diferente, podemos perceber um novo brilho nos olhos das crianças”, comenta a pedagoga Patrícia Bernardes.

Aprendizagem em ação

A pedagoga é a professora responsável por uma das turmas que integra o projeto e acompanhou o desenvolvimento das atividades desde o começo.

“Até mesmo a escolha do nome ‘JB Notícias’ também contou com a participação dos alunos, que sugeriram opções e depois, o nome definitivo veio com um sorteio”, explica.

A estratégia do sorteio também foi usada para a escolha de quem seriam os apresentadores da primeira edição. Dessa forma, a escolha seria justa e todos teriam a chance de estrelar em frente às câmeras.

“Todos participaram do sorteio, inclusive as crianças que fazem parte do apoio. A sala conta com alunos com deficiência, que também foram incluídos. Eles amaram demais, se sentiram verdadeiros repórteres e jornalistas!”, comenta Patrícia Bernardes.

Inclusão

De acordo com a profissional de apoio Aldineire Vilela, o projeto também é uma boa oportunidade de se trabalhar conceitos da educação inclusiva.

“Essa atividade foi muito boa. Temos em sala de aula aluno com deficiência mental leve e para ele foi muito importante. É algo importante para o desenvolvimento intelectual, para a socialização com outros alunos e para a sua oralidade”, pontua.

O projeto ainda acontece somente com os alunos das classes do 3° ano, mas entre os planos está a abertura para as outras classes, que contemplam 1°, 2° e 4° anos.

Para além da sala de aula

No sorteio feito durante a classe, Mariana foi a escolhida para ser uma das apresentadoras na entrevista com o representante do trânsito do município. A mãe da estudante de 8 anos, Maiara Abreu, conta que pôde observar o despertar de novos interesses na filha.

Mariana aparece na imagem ao lado de colega repórter e entrevistado da edição (Foto: Extensão Joaquim Berto)

“A professora comentou comigo que a Mariana virou outra criança depois do microfone na mão”, comenta Maiara.

Além disso, ela conta que desde que a filha começou a participar das atividades, notou diminuição em sua timidez, que até então, era uma característica constante em Mariana.

“Despertou algo diferente e que ela nem mesmo havia pensado, já tinha passado pela cabecinha dela várias outras profissões, mas jornalismo ainda não”, comenta.

Para Mariana, a experiência ainda despertou novas possibilidades. “Eu fiquei um pouco ansiosa, mas agora já estou mais confiante. Antes eu queria ser médica, mas agora quem sabe né? Talvez quando eu crescer eu seja jornalista”, diz a estudante que depois de participar do JB Notícias, reuniu coragem até mesmo para entrar no coral da igreja.

Educação Midiática

Você já ouviu falar em educação midiática? O termo costuma ser associado às práticas ligadas à aprendizagem sobre o funcionamento das mídias, além do incentivo à formação de habilidades para participar do ambiente da informação.
O termo tornou-se ainda mais conhecido após a multiplicação das chamadas fake news, parte do processo que especialistas definem como desinformação.

O tema foi o assunto central do episódio do Conexão Sagres, que contou com a presença do Doutor em comunicação e especialista em uso crítico e sustentável das mídias, Wagner Bezerra.

Assista ao programa:

Leia mais: