Nos estúdios da Sagres, o apresentador Rubens Salomão recebe Venerando Lemes, Maísa Lemos e Mary Lopes Reis (Fotos: Johann Germano/Montagem/Sagres On)

Neste domingo, dia 7 de Abril, é celebrado o dia Mundial da Sáude. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), um terço da população das Américas não tem acesso a cuidados de saúde. Em quase todo o continente, os níveis de gastos diretos das pessoas com o serviço representam mais de 25% das despesas domésticas. 

A OPAS estima ainda que, atualmente, são necessários 800 mil profissionais a mais para atender às necessidades dos sistemas de saúde das Américas. Para tratar do assunto, a Sagres 730 recebeu neste Super Sábado (6) o Presidente do Conselho Estadual de Saúde, Venerando Lemes, a advogada especialista em Saúde Pública, Maísa Lemos, e a mestre e doutora em Enfermagem, especialista em Saúde da Família, professora de Saúde Coletiva no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, do Campus Goiânia Oeste, Mary Lopes Reis. 

Para Venerando Lemes, a situação da Saúde no Brasil, por se tratar de uma nação continental, é ainda mais preocupante, e diz que o poder público tem enxugado de forma significativa os recursos para esta área. 

“Uma coisa grave que tem acontecido, o congelamento do financiamento da Saúde e da Educação por 20 anos. Isso retira, da Saúde, R$ 400 bilhões a R$ 450 bilhões. Perdurando isso, poderemos atingir aí 250 óbitos infantis. Ao longo da existência do SUS, o financiamento nunca foi adequado, sempre insuficiente”, avalia. 

A professora Mary Lopes Reis se diz defensora do Sistema Único de Saúde (SUS). Mais de 190 milhões de brasileiros são atendidos pelo sistema. Nesta semana, uma pesquisa da Agência Nacional de Saúde (ANS) mostra que a população tem migrado cada vez mais da iniciativa privada para a saúde pública, cerca de 3,1 milhões de usuários vieram para o SUS. Ela afirma que crescente demanda não acompanha os valores destinados ao setor no país. “A partir do momento em que você atende às demandas básicas, que inclusive não são as mais caras, você diminui as demandas maiores de alta complexidade que são caríssimas”, analisa. 

Mary Lopes Reis acredita que a saúde pública é afetada por interesses, e traça uma linha do tempo para identificar as raízes do problema. “É uma reação em cadeia. Aquele político que está lá, que foi eleito com todos estes conchavos com a iniciativa privada, que vai pagar para ele a campanha, que vai pagar para ele defender os interesses deles. O prefeito vai ter um compromisso com pessoas ligadas a essa rede do mercado, e aí vai nomear um secretário de saúde que não entende nada de saúde. Ele entende de empresariado, de investimento, de lucro. Aí ele vai gerir uma questão que é um direito do povo, porém com interesses de mercado, e aí o desvio acontece”, argumenta. 

Para a advogada Maísa Lopes, um sintoma crônico da saúde pública é a questão da judicialização, e a má gestão dos serviços, o que inclui a disponibilização dos medicamentos. “O mal serviço prestado acaba sendo levado para o judiciário resolver. Vamos supor, não tem o medicamento. E não tem por quê? Porque não comprou, é muito caro ou está em fase de testes. A pessoa vai ao judiciário para poder ter acesso, e são poucas pessoas que fazem isso. O judiciário obriga o sistema de Saúde a comprar ou fornecer aquele medicamento e acaba, por uma questão de má gestão, comprando aquele medicamento por um preço muito mais caro, porque comprou em pouca quantidade, e acaba onerando ainda mais. O medicamento poderia custar um valor x, custa 4x”, frisa. 

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 *Atualizado às 17h12 para correção de informações