O governo federal enviou na última terça-feira (24) ao Congresso Nacional projeto de lei com diretrizes para a Política Nacional de Ensino Médio, que propõe alterações no Novo Ensino Médio, aprovado em 2017. O projeto altera a Lei nº 9.394/1996, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e revoga parcialmente a Lei nº 13.415/17, que estabeleceu o Novo Ensino Médio. 

O projeto de lei ocorre após as mudanças no currículo dessa etapa de ensino terem sido criticadas por entidades, estudantes, professores e especialistas. Desse modo, a apresentação da proposta é uma resposta às críticas ao modelo que está em vigor há dois anos.

A proposta foi apresentada pelo ministro da Educação, Camilo Santana, e representantes de conselhos e entidades educacionais ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião no Palácio do Planalto. 

Entre as mudanças está a retomada de 2,4 mil horas de Formação Básica para estudantes do ensino médio sem integração com curso técnico. Atualmente, são 1,8 mil horas de formação. 

Além disso, o projeto propõe a volta de todas as disciplinas obrigatórias do ensino médio – como sociologia, filosofia e artes – incluindo língua espanhola em toda a rede no prazo de três anos. No atual modelo, a carga horária dessas matérias consideradas tradicionais sofreu diminuição.

“A proposta é fruto de ampla consulta e debate público, como devem ser os processos democráticos. Na busca pelo consenso, o que nos une é a certeza de que nossa juventude merece mais oportunidades, com ensino médio atrativo e de qualidade”, afirmou Santana, nas redes sociais, após apresentar o projeto ao presidente da República.  

A proposta foi enviada ao Congresso, ou seja, precisará passar por votação. Por esse motivo, por enquanto, nada muda nas escolas até que a proposta seja ou não aprovada.

Entenda as principais mudanças

Atualmente, o Novo Ensino Médio prevê um total de 3.000 horas-aula ao longo dos três anos. São, no mínimo, 1.800 horas para disciplinas obrigatórias como ciências da natureza, ciências humanas, linguagens e matemática. Além disso, são 1.200 para as optativas, que são os itinerários formativos escolhidos pelo aluno.

Com o projeto, são 600 horas para as optativas e 2.400 para as disciplinas obrigatórias. O total, portanto, de acordo com o projeto, continua em 3.000 horas-aula.

No caso dos itinerários, a ideia é que cada estudante monte seu próprio ensino médio, isto é, que ele possa escolher as áreas nas quais quer se aprofundar. Para tanto, haverá a definição de parâmetros nacionais para organizar essas disciplinas optativas.

Em relação à educação à distância (EaD), ficará proibida a oferta de componentes curriculares da formação geral básica nessa modalidade. Atualmente, a legislação permite conteúdos aplicados por meio de atividades on-line.

Além disso, as redes de ensino não poderão mais contratar profissionais com notório saber para dar aulas nos cursos técnicos em áreas afins, como acontece hoje.

Veja a seguir todas as mudanças que o projeto de lei prevê:

– Retomada de 2,4 mil horas de Formação Básica para estudantes do ensino médio sem integração com curso técnico. Atualmente, são 1,8 mil horas de formação. 

– Volta de todas as disciplinas obrigatórias do ensino médio – como sociologia, filosofia e artes – incluindo língua espanhola em toda a rede no prazo de três anos. 

– Redes de ensino poderão oferecer de forma excepcional a Formação Básica de 2,1 mil horas desde que articulada com um curso técnico de, no mínimo, 800 horas.  

– Definição de quatro Percursos de Aprofundamento e Integração de Estudos Propedêuticos (itinerários). Cada percurso deverá contemplar pelo menos três áreas de conhecimento 

– Cada escola terá de oferecer dois dos quatro percursos. 

– Construção de parâmetros nacionais para a organização dos percursos e integração de estudos definindo quais componentes curriculares deverão ser priorizados em cada um deles.  

– Vedação da oferta dos componentes curriculares da formação geral básica na modalidade de educação à distância. A proposta é regulamentar a oferta dessa modalidade em contextos específicos para os percursos.  

– Revogação da inclusão de profissionais não licenciados, com reconhecimento notório saber, na categoria de magistério. Serão definidas as situações nas quais esses profissionais poderão atuar, excepcionalmente, na docência do ensino médio.  

Entenda o novo ensino médio 

Em 2017, foi aprovado o Novo Ensino Médio, com objetivo de tornar a etapa mais atrativa e evitar a evasão escolar.  

Pelo modelo, parte das aulas é comum a todos os estudantes do país, a partir da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Na outra parte da formação, os próprios estudantes podem escolher um itinerário para aprofundar o aprendizado. As opções permitem ênfase nas áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e ensino técnico. A oferta de itinerários depende da capacidade das redes de ensino e das escolas brasileiras.  

A implementação deverá ser feita de forma escalonada até 2024. Em 2022, teve início a ampliação da carga horária (para cinco horas diárias) para os alunos do 1º ano do ensino médio. Pela lei atual, as escolas devem ampliar a carga horária para 1,4 mil horas anuais, o equivalente a sete horas diárias. Isso deve ocorrer aos poucos. 

No entanto, as mudanças foram alvo de diversas críticas, especialmente das entidades estudantis e de professores. O governo federal abriu, este ano, uma consulta em que foram ouvidos mais de 130 mil alunos, além de entidades de classe e governos estaduais, para reformular a política. 

Com informações da Agência Brasil

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 04 – Educação de qualidade

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