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O Ministério Público Federal em Goiás (MPF) deflagrou nesta sexta-feira (28) a Operação Cash Delivery, um desdobramento das investigações da Operação Lava Jato.

A Operação decorre de acordos de leniência e colaboração premiada firmados pelo MPF com a Construtora Norberto Odebrecht e seus executivos. Quando ainda era senador e, depois, também como governador, Marconi Perillo teria solicitado e recebido propina no valor de, em 2010, R$2 milhões e, em 2014, R$10 milhões, em troca de favorecer interesses da empreiteira relacionados a contratos e obras no Estado de Goiás.

O nome do ex-governador foi citado por quatro delatores em depoimentos divulgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em abril de 2017. São eles: o ex-diretor da Regional Norte, Nordeste e Centro-Oeste da Odebrecht Ambiental, Alexandre José Lopes Barradas; o líder empresarial da Odebrecht Ambiental, Fernando Luiz Ayres da Cunha; o ex-diretor superintendente da empreiteira Odebrecht nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, João Antônio Pacífico Ferreira; e Ricardo Roth Ferraz, então diretor de contratos da empresa no Centro-Oeste.

A soma dos valores citados pelos delatores aponta para pagamento de R$ 8 milhões por meio de caixa dois, nas campanhas de 2010 e 2014. A intenção seria favorecer a subdelegação de serviços à Odebrecht Ambiental; o que aconteceu em 2013, nas cidades de Aparecida de Goiânia, Trindade, Jataí e Rio Verde. Na época, o interesse da empreiteira era nas cidades do entorno do Distrito Federal.

Alexandre José Barradas apontou em depoimento como os valores eram negociados e entregues. Segundo ele, a execução era feita pelo presidente da Agetop, Jayme Rincón (PSDB).

“Eu acho que foram quatro pagamentos de 500 mil reais. Estive com o governador, fui à casa dele e conversei com ele. Ele me levou para uma sala, chamou o Jayme, me apresentou para ele e disse que o Jayme já estava instruído e que ele seria a pessoa responsável por operacionalizar”, afirma Barradas.

Os pagamentos citados por Alexandre Barradas teriam totalizado R$ 2 milhões para a campanha de 2010, em operação semelhante à que teria sido efetivada em 2014. A combinação teria sido iniciada em um jantar entre Marconi Perillo e Fernando Luiz Ayres da Cunha Reis.

Fernando também é delator e contou aos investigadores como o caixa dois teria sido acertado. Quem teria apresentado Marconi ao executivo da Odebrecht seria o ex-senador Demóstenes Torres.

“O próprio Marconi transmitiu uma contribuição de R$ 2 milhões em Caixa 2 da Campanha dele. Foi feito em nome de “Calado”. Calado porque no jantar ele (Marconi) falou muito pouco. A nossa ideia era promover em Goiás um ambiente para que fosse feito um leilão de privatização no qual a gente pudesse participar”, diz.

Depois da homologação das delações, o ministro relator da Lava Jato, Edson Fachin, enviou o processo relativo ao governador Marconi Perillo ao Superior Tribunal de Justiça, que vai decidir se instaura inquérito. Segundo a delação de Fernando Reis, para a campanha de 2014, as definições de Marconi seriam realizadas em conversas diretas com Marcelo Odebrecht.

As doações em caixa dois ao governador em 2010 e 2014 também são citadas pelos delatores João Antônio Pacífico Ferreira e por Ricardo Roth Ferraz. Os dois são os mesmos, junto com Benedicto Barbosa da Silva Junior, que relatam ter pagado R$ 300 mil ao caixa dois da campanha de Iris Rezende (PMDB) ao governo estadual na eleição de 2010.

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