Para ser um grande técnico, é preciso ter sido um grande jogador – ou pelo menos um jogador profissional? Muita gente acha que sim; outros, dizem com veemência que não. Arrigo Sacchi, talvez o maior entre todos os técnicos que nunca chutaram uma bola, costuma dizer que “não é preciso ter sido cavalo para ser jóquei”.

Discussões à parte, a ideia deste post é outra: investigar as carreiras dos 32 técnicos da Copa do Mundo antes da prancheta. E, claro, fazer uma lista de quem melhor jogou futebol dentre todos eles. Abaixo, um ranking (com critérios totalmente pessoais e subjetivos) do mais craque ao mais perna-de-pau.

 

 

Tite, técnico da Seleção Brasileira (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)



1) Didier Deschamps (França)
Único campeão do mundo que será treinador na Rússia, Deschamps encabeça a lista com folga. O capitão da França campeã em casa, em 1998, foi um dos grandes volantes de seu tempo, construindo uma excelente carreira em clubes como Olympique, Juventus e Chelsea. Além de levantar a taça Fifa no Stade de France, ele ganhou ainda a Eurocopa de 2000 e duas edições da Champions League, em 1993 e 1996, ano em que também levou o Mundial de Clubes.

2) Juan Antonio Pizzi (Arábia Saudita)
Ídolo no Rosário Central, mito no Tenerife, admirado no Barcelona. Juan Antonio Pizzi foi um atacante que ganhou o coração dos torcedores por onde passou. Nascido na Argentina, ele viveu seu auge na Espanha: foi artilheiro da Liga pelo modesto Tenerife, chegou ao Barcelona e disputou a Copa de 1998 e a Eurocopa de 1996 pela seleção espanhola. Ao todo, em 221 jogos no Campeonato Espanhol, marcou 92 gols.

3) Ricardo Gareca (Peru)
O comandante argentino da seleção peruana foi um dos grandes atacantes de sua geração no país-natal. Cria da base do Boca Juniors, Gareca defendeu o clube de La Bombonera, o River Plate e o Independiente, onde conquistou o Torneo Clausura e a Supercopa, ambos e 1994, já no fim da carreira. Também foi bicampeao colombiano pelo América de Cali. Na seleção, Gareca marcou o gol que classificou a Argentina para a Copa de 1986, mas sofreu duplamente: o gol foi dado a Passarela, e ele nao foi convocado para o Mundial, que acabaria com o bi campeonato argentino.

4) Gareth Southgate (Inglaterra)
Um dos zagueiros mais técnicos de sua geração na Inglaterra, Southgate teve uma sólida carreira no English Team. Foram 57 jogos, incluindo as Eurocopas de 1996 e 2000 e a Copa do Mundo de 1998. Ele é, até hoje, o jogador do Aston Villa mais vezes convocado para a seleção, com 42 jogos. Além do Villa, defendeu Crystal Palace e Middlesbrough.

5) Mladen Krstajic (Sérvia)
O treinador da seleção sérvia foi um dos melhores zagueiros da Bundesliga alemã na primeira década dos anos 2000, quando defendeu Werder Bremen e Schalke. Na seleção, ele disputou a Copa de 2006 por Sérvia e Montenegro – durante as eliminatórias, o time teve a melhor defesa, com apenas um gol sofrido.

6) Adam Nawalka (Polônia)
O técnico da seleção polonesa foi outro que teve a carreira interrompida por muitas lesões e acabou aposentando-se aos 27 anos. Mesmo assim, conseguiu feitos importantes: aos 20 anos, participou da Copa de 1978 e foi titular em cinco dos seis jogos incluindo a derrota para o Brasil, por 3 a 1.

7) Stanislav Cherchesov (Rússia)
Goleiro da tradicional escola soviética, Cherchesov disputou competições internacionais com três camisetas diferentes: além da URSS, ele jogou  Eurocopa de 1992 pela Comunidade dos Estados Independentes, e as Copas de 1994 e 2002 (ambas como reserva) – além da Euro-96 – pela Rússia. Foi ainda o camisa 1 de clubes importantes de seu país, como o Spartak e o Lokomotiv, ambos de Moscou.

8) Aliou Cissé (Senegal)
O treinador senegalês já está na história do futebol do país pelo que fez como jogador. Cissé, um zagueiro e volante de muita força física, era o capitão do time que venceu a França por 1 a 0 na Copa de 2002, em uma das maiores zebras da história das Copas. Em clubes, ele defendeu o PSG e o Montpellier na França, além de Birmingham e Portsmouth na Premier League.

9) Age Hareide (Dinamarca)
O norueguês Hareide foi um dos principais jogadores de seu país nos anos 1980, época em que a Noruega esteve distante das maiores competições. Defensor, ele destacou-se no Molde e chamou a atenção do Manchester City. Na Inglaterra, jogou também pelo Norwich City. Foi titular da seleção durante uma década, entre 1976 e 1986, marcando cinco gols em 50 jogos.

10) Óscar Ramírez (Costa Rica)
Ídolo de Alajuelense e Saprissa, os dois maiores clubes da Costa Rica, Óscar Ramírez transformou-se em um dos mais importantes jogadores da história do país. Pela seleção, foram 75 jogos e 6 gols, além da participação na Copa do Mundo de 1990, na Itália, a primeira dos costarriquenhos.

11) Gernot Rohr (Nigéria)
O comandante da Nigéria tem muita história para contar como jogador: já em seus primeiros anos como profissional, era reserva de Franz Beckenbauer no Bayern de Munique campeão da Copa dos Campeões de 1974. Depois, passou por equipes menores da Alemanha, até chegar ao Bordeaux, em 1977. No clube francês, disputou mais de 350 jogos, foi tricampeão francês e eleito duas vezes o melhor zagueiro do país.

12) Tite (Brasil)
O treinador da seleção brasileira foi um bom jogador do futebol nacional dos anos 1980. Depois de passagens pelo Caxias e pelo Esportivo de Bento Gonçalves, o meio-campista Tite defendeu a Portuguesa e o Guarani, onde foi vice-campeão brasileiro em 1986 e paulista, em 1988. Abandonou a carreira aos 28 anos, após graves lesões nos joelhos.

13) Julen Lopetegui (Espanha)
O homem que tenta levar a Espanha a seu segundo título mundial foi um goleiro de currículo invejável, com passagens por Real Madrid e Barcelona. Mas, em nenhum dos dois gigantes, Lopetegui conseguiu se firmar. Os melhores anos da carreira foram no Logroñes, então na elite espanhola. Tanto no Barcelona como no Real, ele não aproveitou as chances que teve e acabou como terceira opção.

14) Shin Tae-yong (Coreia do Sul)
Um dos atacantes mais destacados do futebol sul-coreano anos anos 1990, Shin conquistou seis vezes a Liga Nacional, sempre com o Seongnam. Em 1996, com 18 gols, foi o artilheiro do torneio. Pela seleção, disputou a Copa Asiática daquele mesmo ano.

15) Bert Van Marwijk (Austrália)
Meio-campista, o treinador holandês da Austrália teve seu melhor momento no AZ Alkmaar, clube que defendeu entre 1975 e 1978. Em uma época de concorrência duríssima, ele chegou a ser convocado pelo mitológico Rinus Michels para um amistoso da seleção holandesa contra a Iugoslávia, em 1975. Mas nunca mais voltou a vestir a camisa laranja.

16) Joachim Löw (Alemanha)
O campeão do mundo em 2014 teve uma carreira bem menos expressiva como jogador. Meia-atacante, ele jamais conseguiu se firmar entre os grandes clubes alemães, e viveu os melhores anos da carreira no Freiburg, onde marcou 56 gols em 187 jogos, durante duas passagens. Foi quatro vezes convocado para a seleção sub-21.

17) Nabil Maaloul (Tunísia)
Meio-campista, Maaloul foi um dos primeiros jogadores da Tunísia nos centros mais importantes do futebol europeu, ao defender o Hannover, da Alemanha, durante três temporadas. Pela seleção de seu país-natal, foram 74 jogos, 11 gols e a participação nos Jogos Olímpicos de Seul-1988.

18) Roberto Martínez (Bélgica)
Como Volante defensivo, o catalão teve uma carreira movimentada: foi campeão da Copa do Rei pelo Zaragoza, em 1993-94, e passou pelas divisões inferiores do campeonato inglês, colecionando acessos com clubes então pouco conhecidos, como Wigan e Swansea – anos depois, ele treinaria ambos na Premier League.

19) Héctor Cúper (Egito)
O treinador argentino da seleção egípcia foi zagueiro e fez parte das melhores campanhas da história do Ferro Carril Oeste, clube de Buenos Aires que hoje disputa a segunda divisão. Pelo Ferro, o zagueiro Cúper conquistou dois campeonatos Nacionais, em 1982 e 1984; anos depois, em 1990, ganhou a segunda divisão, com o Huracán.

20) José Pekerman (Colômbia)
O argentino que comanda a seleção da Colômbia foi breve. Volante de contenção, ele abandonou os gramados aos 28 anos, após uma lesão no joelho. Jogou pelo Argentinos Juniors e pelo Independiente de Medellín.

21) Óscar Tabárez (Uruguai)
A história do “maestro” como jogador foi bem menos brilhante que como técnico. Entre 1967 e 1978, ele foi um esforçado zagueiro e lateral-direito de clubes como Sud América, Bella Vista e Montevidéu Wanderers. Em 1976 e 1977, jogou no Puebla, do México.

22) Fernando Santos (Portugal)
Zagueiro da base do Benfica nos anos 1970, o futuro campeão europeu com Portugal acabou passando a maior parte da carreira no Estoril, entre a primeira e a segunda divisões de Portugal. Também jogou no Marítimo, da Ilha da Madeira.

23) Hernán Darío Gómez (Panamá)
O colombiano que levou o Panamá à sua primeira Copa teve a carreira interrompida por uma grave lesão no joelho, quando tinha 28 anos e jogava pelo Atlético Nacional. Pouco depois, começou a carreira de auxiliar-técnico, trabalhando com Francisco Maturana no time de Medellín que conquistou a Libertadores de 1989.

24) Akira Nishino (Japão)
Último treinador a assumir uma seleção para a Copa da Rússia, o comandante japonês foi meio-campista durante os anos 1970, época em que o futebol nipônico ainda era amador. Na seleção, disputou 12 jogos, a maioria nas eliminatórias para a Copa de 1978, e marcou um gol.

25) Juan Carlos Osorio (México)
Um dos mais admirados e polêmicos treinadores da Copa-2018, Osório teve pouco tempo de carreira como profissional. Foram só cinco anos, em que o então meio-campista defendeu o Deportivo Pereira e o Once Caldas, na Colômbia, o Chicago Fire, nos EUA, e teve até uma passagem pouco lembrada pelo Internacional, em 1984.

26) Vladimir Petkovic (Suíça)
O técnico da primeira adversária do Brasil na Copa era um meio-campista de muita técnica, mas nunca chegou a ser o que se esperava dele. Reserva do FK Sarajevo campeão iugoslavo de 1984-85, ele mudou-se para a Suíça pouco depois e jamais se firmou como jogador de primeiro nível.

27) Zlatko Dalic (Croácia)
Meio-campista, o treinador croata teve uma carreira longa, mas sem muito destaque. Durante 17 anos, acumulou três passagens pelo Hajduk Split – as duas primeiras ainda nos tempos da Iugoslávia – e duas pelo mais modesto Varteks Varazdin.

28) Hervé Renard (Marrocos)
O treinador francês da seleção marroquina foi jogador durante 15 anos, sempre por equipes pequenas de seu país: Cannes, Stade de Vallauris e Draguignan. Em todo esse período, o zagueiro Renard jogou apenas uma partida de primeira divisão, na temporada 1988-89.

29) Janne Anderson (Suécia)
O treinador da seleção sueca nunca teve destaque como jogador. Começou no Alets IK, passou pelo IS Halmia e encerrou a carreira no Laholms FK, sempre entre a segunda e a quarta divisões do país.

30) Heimir Hallgrímsson (Islândia)
O comandante do time que revolucionou o futebol islandês foi um jogador pouco relevante – como praticamente todos os islandeses de sua época. Jogou pelo ÍBV, na primeira divisão nacional, mas nunca viveu apenas do futebol: até assumir a seleção do país, Heimir passava a maior parte de seus dias trabalhando como dentista.

31) Carlos Queiroz (Irã)
O treinador português da seleção iraniana nunca jogou em alto nível. O mais próximo que esteve ser profissional foi um passagem pelas categorias de base do Ferroviário de Nampula, de Moçambique, onde nasceu.

32) Jorge Sampaoli (Argentina)
O estrategista da seleção argentina jamais chegou ao futebol profissional. Quando tinha 19 anos e tentava a sorte nas categorias de base do Newells Old Boys, sofreu uma grave fratura na perna. Ali acabou sua carreira de jogador.