Como deveria ser a relação entre pai e filho? Uma convivência com carinho, respeito, educação, brincadeiras e ensinamentos. Ter um pai presente é essencial para proporcionar um crescimento saudável para a criança. Mas, infelizmente existem muitas pessoas que crescem sem a presença paterna e isso pode trazer diversas inseguranças para o adulto do futuro. 

O Especialista em Cibersegurança Paulo Brito se sentia muito inseguro com a paternidade, por não ter uma presença paterna na infância.

“Eu pensava como eu seria como pai, pois não tive essa referência paterna. Eu tinha muito medo, mas quando eu vi meu filho pela primeira vez foi uma das sensações mais incríveis que eu tive na vida”, lembra.

Especialista em Cibersegurança Paulo Brito brincando com o filho de 2 anos de idade (Foto: Sagres Online).

Mesmo com essa preocupação em ser o melhor pai para o pequeno Jonatas é perceptível o carinho que o Paulo tem com o filho. Ele conversa, tem paciência com o menino, ensina e brinca bastante. É um trabalho contínuo que vai sendo aperfeiçoado a cada dia.

“Eu estou melhorando até hoje. Entendi que o ideal é ser o pai que o meu filho precisa e isso não tem a ver com o vai que eu precisei e não tive. Eu quero o melhor para o Jonatas, que ele ser torne um homem bom, um bom profissional e marido. Quero que meu filho seja melhor do que eu estou sendo” ressaltou.

Criar os filhos sozinha

Assim como o Paulo, a auxiliar administrativa Viviane de Oliveira não teve uma figura paterna. Ela é mãe da Ana Clara de Oliveira, de 9 anos, e do Hian Victor de Oliveira, de 7 anos, e precisou cuidar dos filhos sozinha quando o pai das crianças faleceu. Para isso, a Viviane tem três empregos. 

“Eu trabalho como auxiliar administrativa em uma empresa privada, aos fins de semana com feira e ainda sou autônoma fazendo locação de brinquedos para festas infantis. E nesse tempo todo preciso deixá-los na escola e quando chego em casa só dar tempo de ensinar alguma tarefa, dar banho e colocá-los na cama”, contou a jovem.

A auxiliar administrativa Viviane de Oliveira e seus filhos: Ana Clara de Oliveira, de 9 anos, e do Hian Victor de Oliveira, de 7 anos

A realidade da Viviane não difere de milhares de mães brasileiras que carregam a responsabilidade de criarem os filhos sozinhas. A auxiliar explica que depois e o ex companheiro faleceu a responsabilidade aumentou muito e ela entendeu que precisaria dar um maior suporte para as crianças.

“Antes ele me ajudava, ficavam com eles para eu trabalhar e eu não tinha tanta pressão em fazer tudo sozinha o tempo todo. Hoje eu sei que eu preciso cuidar, comparar roupa, calçado e oferecer um suporte para eles.”

Abandono paterno

A Associação Nacional dos Registros de Pessoas Naturais realizou um levantamento que mostra que milhares de crianças são abandonadas pelo pai ainda no útero materno todos os anos. Os dados apontam que em 2022, foram mais de 164 mil. E somente nos sete primeiros meses de 2023 esse número já passa dos cem mil.

Uma pesquisa conduzida pelo Instituto Brasileiro de Economia, vinculado à Fundação Getúlio Vargas, revela que o Brasil possui mais de 11 milhões de mães que assumem integralmente a criação de seus filhos. Nos últimos dez anos, o país testemunhou o surgimento de 1,7 milhão de mães enfrentando a responsabilidade de criar seus filhos sem a presença paterna.

O estudo destaca ainda que 90% das mulheres que assumiram a condição de mães solos entre 2012 e 2022 são negras. Aproximadamente 15% dos lares brasileiros têm mães como chefes de família, sendo essa proporção mais expressiva nas regiões Norte e Nordeste. Notavelmente, 72,4% dessas mães vivem exclusivamente com seus filhos, sem o suporte de uma rede de apoio próxima.

Paternidade ativa

O desenvolvedor de aplicativos para irrigação Orivaldo Eustáquio Borborema é inspiração para o filho o engenheiro da computação Yuri Borborema (Foto: Sagres Online)

Presença paterna vai muito além do que costumamos imaginar. O desenvolvedor de aplicativos para irrigação Orivaldo Eustáquio Borborema é inspiração para o filho o engenheiro da computação Yuri Borborema e ele decidiu seguir os passos do pai até na hora de escolher que profissão escolher.

“Ele já era desenvolvedor de software, foi pioneiro na área dele e foi observando isso em casa e tudo que ele fazia que eu fui descobrindo que eu gostava também. Sem dúvidas muito do que eu decidi na minha profissão foi por influência dele”, ressalta.

À medida que o Yuri foi crescendo enxergava o pai como um herói e ter o senhor Borborema como referência foi um processo muito natural. 

“Eu o enxergava como meu exemplo, como uma segurança.  Meu pai foi meu porto seguro e quem me colocou no caminho certo, quem me podou para eu me tornar o homem que eu sou hoje”, diz Yuri.

Carinho e orgulho

Pai e filho seguem juntos durante toda a vida do jovem. O pai sempre teve paciência ao ensinar o filho e agora os papéis se inverteram um pouquinho.

“É uma sensação muito boa porque antigamente eu ensinava para ele, hoje é ele que me ensina. Eu tenho muito orgulho do meu filho, principalmente, pela responsabilidade que ele tem pela profissão dele e por ter acertado na criação do Yuri” afirma o pai.

Ter uma paternidade ativa e afetuosa contribui para o desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças. A sociedade está reconhecendo, mais a cada dia, a importância de uma participação engajada e igualitária na criação dos filhos. 

O tema integra o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3.

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