Goiás não está apenas no centro do Brasil. Abraçado por três bacias hidrográficas, o estado está também no centro da agenda das águas. Rio Quente, que possui a maior estância hidrotermal do planeta, foi escolhida para sediar o Seminário Águas para o Futuro, realizado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad), em parceria com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). O evento visa discutir meios de garantir a disponibilidade de água no mundo, no futuro.

Representantes da Unesco acreditam que a paz mundial e o tema mudanças climáticas estão diretamente relacionados ao compartilhamento das águas.

“Nós da Unesco vemos que a paz do futuro será alcançada pela cooperação nas águas. A água como um recurso compartilhado. Compartilhado entre comunidades, entre regiões, entre países. Então a questão da água e o futuro estão intimamente relacionados, ainda mais em um território como o Cerrado onde é preciso cuidar da água de forma criteriosa, sobretudo neste contexto de mudanças climáticas”, afirma Ernesto Fernández Polcuch, diretor da Oficina Regional da Unesco – Uruguai.

Um dos locais de compartilhamento das águas encontra-se justamente no Cerrado, o Aquífero Guarani. Trata-se de uma reserva subterrânea de água doce que abrange áreas do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Miguel Doria (Foto: Sagres TV)

“É um dos maiores, senão o maior aquífero transfronteiriço do planeta. A Unesco, juntamente com o GEF [do inglÊs “Global Environment Facility” (Fundo para o Meio Ambiente Mundial)] tem um projeto para ajudar os países a monitorizar esse aquífero e compartilhar e transferir conhecimento e informação sobre os dados hidrológicos. E temos aqui representantes destes países precisamente para isso”, esclarece o Coordenador de Hidrologia da Unesco, Miguel Doria.

Cerrado e recuperação

A posição estratégica foi um dos motivos para a escolha de Goiás, em pleno Cerrado, para sediar o seminário internacional. Representantes de 22 países estão em Rio Quente, maior estância hidrotermal do planeta, para discutir o uso sustentável dos recursos hídricos.

Andréa Vulcanis (Foto: Sagres TV)

“Do Cerrado nós encaminhamos nove de 12 bacias hidrográficas que nascem nesse bioma. É um berço das águas, a partir de toda a conservação do berço, é onde as águas nascem, sejam superficiais, sejam subterrâneas, nós levamos vida para o restante do Brasil inclusive para a Amazônia. Da Amazônia essas águas voltam na forma de rios voadores trazendo as chuvas, toda a recarga hídrica, é um ciclo que se completa”, analisa a secretária estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad-GO), Andréa Vulcanis.

Pacto

No Dia do Cerrado, celebrado em 11 de setembro, o governador Ronaldo Caiado, a Semad e o diretor da Agência Nacional das Águas (ANA) Filipe Sampaio assinaram o termo de adesão ao pacto pela governança da água. Desse modo, o objetivo é fortalecer a relação institucional entre os estados, aprimorar a gestão de recursos hídricos, bem como serviços de saneamento e implementação da política de segurança de barragens.

“Não só no discurso, mas na prática, na recuperação das nossas bacias, dos nossos rios, na preservação do nosso Cerrado, no respeito à legislação do Código Florestal do nosso Estado de Goiás, como também àquilo que nós desejamos em breve que é implantar o carbono neutro, levantando a nossa produtividade e mostrando que dá para conciliar desenvolvimento com meio ambiente”, destacou Caiado.

Luiz Cláudio de Oliveira (Foto: Sagres TV)

“Goiás hoje tem o maior projeto de recuperação ambiental em curso no Brasil. Chama-se Juntos Pelo Araguaia. São 10 mil hectares de áreas degradadas que estão sendo recuperadas no rio que é de fundamental significância para o goiano e para o brasileiro. O Rio Araguaia promove integração do Centro-Oeste com o Norte do Brasil. Trazer este evento para falar das águas aqui em Rio Quente, quase que imerso nas águas do Rio Quente, foi muito forte, e espero que consiga reverberar para a sociedade goiana fazendo com que possamos ter uma relação mais harmoniosa com as águas”, conclui o presidente do Instituto Espinhaço, Luiz Cláudio de Oliveira.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis e ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática

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