Nos últimos dias, o Brasil tem enfrentado condições climáticas extremas, com recordes de temperatura sendo registrados em várias regiões. Na capital paulista, a máxima atingiu 37,4ºC, de acordo com dados do Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) da Prefeitura de São Paulo, marcando o dia mais quente de 2023.

Uma pesquisa conduzida pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP destaca os impactos dessas ondas de calor e frio na saúde, especialmente entre pessoas com 65 anos ou mais. A pesquisadora Sara Lopes de Moraes, em sua tese de doutorado, revela que esses eventos climáticos extremos aumentam o risco de mortalidade, sendo as pessoas nas periferias da cidade as mais afetadas. O frio está associado a doenças cardíacas, enquanto o calor aumenta os riscos de acidentes vasculares cerebrais.

A vulnerabilidade não é apenas determinada por fatores genéticos e fisiológicos, mas também por aspectos socioeconômicos e condições de moradia. “As pessoas idosas são as mais vulneráveis, pois seu sistema fisiológico é mais debilitado e elas podem apresentar doenças preexistentes como hipertensão, problemas cardiovasculares e diabete”, explica Sara Lopes, em entrevista a Gabriela Ferrari Toquetti do jornal da USP. Por isso, eventos extremos de temperatura aumentam o risco à saúde desse grupo.

Periferias

A pesquisa destaca que os impactos são mais significativos nas periferias, onde as pessoas de baixa renda enfrentam maior risco de mortalidade em comparação com as classes mais abastadas.

Risco de doenças em ondas de frio (à esquerda) e em ondas de calor (à direita) entre pessoas com 65 anos ou mais. Os dados foram coletados na cidade de São Paulo de 2006 a 2015. Os números no mapa indicam os agrupamentos de mortalidade de alto risco – Imagem: Sara Lopes de Moraes/Reprodução/Tese de Doutorado

Sara Lopes enfatiza a importância de medidas para combater esses impactos, como a criação de áreas verdes e a redução dos gases do efeito estufa. Ela sugere que os projetos municipais se estendam além das pessoas em situação de rua, incluindo os moradores das periferias e os trabalhadores que passam muito tempo no transporte público.

Inspirações do Canadá, como locais de resfriamento durante ondas de calor, podem ser adotadas para oferecer ar condicionado e hidratação para aqueles que necessitam. A pesquisadora também destaca a importância de alertar a população sobre os riscos das mudanças climáticas, sugerindo que os veículos de comunicação desempenhem um papel ativo nesse sentido.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar

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