À medida que as temperaturas globais continuam a subir, as geleiras e mantos de gelo do planeta estão recuando de forma acelerada. Este derretimento, que afeta desde as geleiras dos Himalaias até os mantos de gelo da Groenlândia e da Antártica, está criando novas oportunidades para a formação de ecossistemas, segundo revela um artigo da pesquisadora de geomorfologia glacial na Universidade de Monsah, Levan Tielidze.
Os ambientes gelados, habitados por poucas espécies como vermes do gelo, pulgas da neve e algas da neve, estão sendo transformados. Com o derretimento das geleiras, surge a pergunta: como os novos habitats são colonizados e que tipo de vida se estabelece nas áreas antes cobertas pelo gelo?
A equipe internacional de pesquisadores da Universidade de Monsah passou a última década investigando a formação de novos ecossistemas em áreas anteriormente cobertas por geleiras. Foram realizados estudos em 46 locais ao redor do mundo, desde o Himalaia e os Andes até o arquipélago ártico de Svalbard e as geleiras tropicais no México.
Adaptação
A pesquisa revela que a vida rapidamente se adapta e coloniza esses novos ambientes. Microrganismos, líquens, musgos e outras espécies pioneiras, como gramíneas, são as primeiras a se estabelecer. À medida que a vegetação se desenvolve, ela cria condições favoráveis para a chegada de animais e o surgimento de ecossistemas complexos.
O processo começa com a colonização de microrganismos como bactérias e algas, que, ao longo de aproximadamente uma década, preparam o solo para plantas pioneiras. Essas espécies iniciais ajudam a enriquecer o solo, tornando-o adequado para o crescimento de vegetação mais complexa. Os animais maiores, como herbívoros e predadores, seguem quando o habitat vegetal está estabelecido.
“Estudamos as amostras de solo de mais de 1.200 parcelas e utilizamos técnicas de DNA ambiental para rastrear a biodiversidade. Observamos que a característica mais importante para a complexidade dos ecossistemas é o tempo. Embora as interações entre espécies desempenhem um papel crucial, a evolução dos ecossistemas pós-glaciais é impulsionada pela sucessão ecológica ao longo dos anos”, conta Tielidze.
Mesmo em ambientes que parecem estéreis, a interação entre organismos e seu ambiente pode criar ecossistemas ricos e variados. A formação desses novos ecossistemas demonstra a resiliência da vida e a capacidade da natureza de se adaptar às mudanças climáticas.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 14 – Vida na Água; ODS 15 – Vida Terrestre
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