Junior Kamenach
Junior Kamenach
Jornalista, repórter do Sagres Online e apaixonado por futebol e esportes americanos - NFL, MLB e NBA

Pesquisadores desenvolvem jogo de tabuleiro que auxilia vítimas de violência de gênero

O Grupo de Pesquisa Gênero, Saúde e Enfermagem da EE-USP elaborou um jogo de tabuleiro colaborativo com objetivo de promover reflexões sobre a violência de gênero. Além disso, a iniciativa propõe ações de enfrentamento na realidade em que profissionais que lidam com essas vítimas estão inseridos.

Trata-se do Violetas: Cinema & Ação no Enfrentamento da Violência Contra a Mulher, um jogo para quatro a oito jogadores. O desenvolvimento teve a parceria do Núcleo de Estudos em Educação e Promoção da Saúde e do Centro de Estudos Avançados e Multidisciplinares da Universidade de Brasília.

O jogo apresenta um conjunto de cartas contendo perguntas que têm como base cenas de filmes. Os questionamentos abordam uma variedade de tópicos, incluindo direitos sexuais e reprodutivos, diversidade sexual e racial. Além disso, estereótipos de gênero, formas de violência, bem como políticas e práticas para lidar com esses assuntos. Quando os participantes respondem as perguntas de maneira correta, os jogadores acumulam cartas e ganham tokens, que são essenciais para alcançar a vitória no jogo.

Na prática

O jogo serviu como parte de uma abordagem qualitativa durante uma intervenção em três unidades da Casa da Mulher Brasileira (CMB). São instalações públicas para apoio a mulheres em situação de violência doméstica. Os resultados dessa iniciativa foram documentados na Revista Brasileira de Enfermagem.

Um grupo de 28 profissionais, incluindo psicólogos, assistentes sociais e técnicos administrativos, que estavam com as CMBs em Brasília (DF), Campo Grande (MS) e Curitiba (PR), participaram. Eles se envolveram em oficinas nas quais jogaram o jogo. Posteriormente, colaboraram conjuntamente para elaborar estratégias voltadas ao enfrentamento dessa problemática em suas respectivas realidades.

“Os dados foram submetidos a análise temática de conteúdo com apoio do software Web Qualitative Data Analysis [webQDA] específico para pesquisas qualitativas”, conta Fornari à Agência Fapesp, que trabalhou em parceria com a professora da USP, Rosa Maria Godoy Serpa da Fonseca.

Objetivo

O estudo, que recebeu financiamento da Fapesp, teve como objetivo explorar diversas situações que exigem uma maior atenção por parte dos profissionais. Isso incluiu a análise crítica dos padrões sexistas, os perigos associados à pornografia e a promoção do respeito à diversidade sexual.

A partir dessas análises, os participantes da pesquisa propuseram estratégias para promover a conscientização sobre o tema dentro da comunidade. Isso envolveu a realização de palestras e a criação de materiais informativos, como cartilhas. Além disso, foi sugerida a disponibilização de serviços de apoio individual e em grupo para mulheres, assim como o aprimoramento da capacitação dos profissionais que trabalham em diversos setores.

De acordo com Fornari, os envolvidos perceberam que a intervenção educativa desempenhou um papel fundamental ao proporcionar um espaço significativo para a reflexão. Além disso, essa intervenção serviu como um incentivo para a implementação de ações voltadas para a superação de obstáculos no atendimento às mulheres que procuram apoio e serviços.

“E ela também se mostrou inovadora, pois envolveu o uso de tecnologia e metodologia participativa, na qual os profissionais são encarados como sujeitos do processo de aprendizagem e protagonistas da construção coletiva de ações para transformar a realidade”, destacou.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade; ODS 05 – Igualdade de Gênero

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