Os combustíveis fósseis são grandes contribuidores do aquecimento global. Dentre eles, o petróleo e seus derivados são responsáveis por mais de 60% das emissões de gases de efeito estufa (GEE´s). A extração da matéria prima é muito importante para uma diversidade de atividades humanas, mas também traz grandes riscos por causa da produção de gases que poluem a atmosfera.

No artigo “A Petrobras e as mudanças climáticas”, publicado no portal Notícia Sustentável, Heitor Scalambrini Costa indica que a política energética da petroleira brasileira prevê o aumento da exploração de fontes não renováveis. 

“Compromissos internacionais pela redução das emissões de gases de efeito estufa têm sido infrutíferos. No plano nacional, existe uma forte resistência patrocinada pelos interesses econômicos da cadeia produtiva do Petróleo&Gás, que insistem em ações no sentido de aumentar a exploração destas fontes energéticas, vilões do aquecimento global”, disse no artigo.

Costa é professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com especialização no setor energético. Ele também possui experiência na área de engenharia elétrica e temas como aplicações da conversão fotovoltaica, desenvolvimento sustentável e relação energia-meio ambiente. 

Ações da Petrobras

O professor destacou no artigo que o Plano Decenal de Energia (PDE 2022-2031) da empresa prevê que haverá um aumento na produção diária de petróleo no Brasil até 2031. Atualmente a produção é de 3,4 milhões de barris por dia e passará para 5,2 milhões. Desta forma, a política energética de alavancar recursos para o país passa pela exportação do petróleo.

Um dos problemas, citou Costa, é que essa exploração conta com novas fronteiras como a foz do Rio Amazonas. Além de investimentos em refino, petroquímica e fertilizantes. Para ele, a previsão da empresa indica que a petroleira não caminha para uma transição energética.

“O que de fato é verificado é que mesmo países como o Brasil, que possuem um discurso pela descarbonização, se defrontam com a realidade de que nenhuma grande petroleira quer fazer a transição energética. Todas querem manter os combustíveis fósseis o maior tempo possível”, afirmou.

Dentre outras posições da empresa diante do futuro energético do país, o professor da UFPE  pontuou que o governo brasileiro evitou a “proposta do governo colombiano de interromper novos projetos de exploração de petróleo na Amazônia”, na reunião da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que contou com representante de Colômbia, Peru, Venezuela, Guiana, Suriname, Equador e Bolívia, além do Brasil.

Aumento da temperatura

Heitor Scalambrini Costa lembrou que o planeta Terra registrou o dia mais quente da história no início deste mês, com a temperatura média global de 17,01°C e subsequentes novos recordes. 

Com bases científicas, ele afirmou que o aumento da temperatura possui relação com o fenômeno natural climático El Niño, que ocorre no Oceano Pacífico. Mas destacou que as atividades humanas também contribuem. “Com a queima crescente de combustíveis fósseis, que continuam a emitir mais e mais CO2 na atmosfera a cada ano que passa, elevando o aquecimento global”, destacou.

Assim, o professor relacionou os riscos das atividades da Petrobras e de outras petroleiras com o aumento da temperatura do planeta. “Como resultado, pessoas ao redor do mundo já estão convivendo com os impactos climáticos, desde ondas de calor, incêndios florestais, poluição do ar, até inundações e tempestades extremas. O que resulta de repercussões na saúde, na segurança alimentar, na gestão da água, no meio ambiente; enfim na vida no Planeta”, pontuou.

Desenvolvimento sustentável

No mundo inteiro já se fala em transição energética.  No entanto, Costa destacou que há um “isolamento” de investidores que defendem uma estratégia mais sustentável no setor. Um dos motivos apontados por ele é a guerra Rússia-Ucrânia.

“Com a crise desencadeada pela guerra Rússia-Ucrânia aumentou e muito os lucros das empresas de petróleo e, como consequência, arrefeceu-se o discurso de investir em planos sustentáveis de longo prazo para mitigar as mudanças climáticas, que era mais enfático quando o setor estava perdendo dinheiro”, argumentou Costa. “Portanto existe um dilema entre o discurso e a prática em relação aos combustíveis fósseis não somente no Brasil, mas no mundo”, acrescentou.

Mesmo assim, o professor afirmou que esperava mais do atual governo brasileiro, que se elegeu com discurso de enfrentamento das mudanças climáticas.

“[O discurso] seria transformar a Petrobras, não em uma empresa de exploração de petróleo apenas, mas em uma empresa de produção de energia. Todavia o que acabou acontecendo foi a frustrante criação de uma diretoria de Transição Energética e Energias Renováveis, cujo objetivo foi mais o de acomodação política”, criticou.

Agenda 2030

O artigo na íntegra pode ser acessado aqui. O ponto predominante do texto do professor Heitor Scalambrini Costa é que as ações que a Petrobras planejou até o momento apontam para a não eliminação dos combustíveis fósseis pelo menos até 2030.

“Diante das ações concretas planejadas pela empresa Petrobras, fica claro que a eliminação dos combustíveis fósseis não está no horizonte 2030, e nem em 2050. A sede de manter a exploração de combustíveis fósseis não mudou com a troca de governo”, finalizou.

Entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a ONU conta com o ODS 07 – Energia limpa e acessível. Ele visa garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e renovável para todos. E uma das metas deste ODS é, até 2030, aumentar substancialmente a participação de energias renováveis na matriz energética global.

*Com informação do Portal Notícias Sustentável

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 07 – Energia limpa e acessível.

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