Praça do Bandeirante: O Anhanguera que vigia Goiânia e divide opiniões

No meio de um dos pontos mais importantes de Goiânia, no cruzamento das avenidas Goiás e Anhanguera, no Centro da cidade, há uma figura bastante singular: a estátua do Bandeirante que dá nome a praça. O monumento divide opiniões. Alguns defendem a manutenção e a preservação do local, outros entendem que seria melhor a retirada, pelo fato de o bandeirante representar uma figura responsável pela morte de indígenas. 

O nome oficial da praça não é Bandeirante, mas sim Praça Atílio Corrêa Lima, em homenagem ao criador do plano urbanístico original de Goiânia. Tal nome se popularizou justamente pela escultura que representa o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva (o filho).

Ele foi o fundador do Arraial de Sant’Anna, que se tornaria Vila Boa, antiga capital do estado, que se tornou a cidade de Goiás. O filho ficou conhecido como o “Segundo Anhanguera”.

A estátua do Bandeirante foi criada pelo artista plástico Armando Zago, atendendo solicitação do Centro Acadêmico XI de Agosto da Faculdade de Direito de São Paulo, para ser doada ao povo goiano. 

No dia 9 de novembro de 1942 foi inaugurado o Monumento ao Bandeirante, meses depois após o Batismo Cultural de Goiânia. O Bandeirante está com seu corpo e olhos mirando para o Oeste. Como uma referência à Marcha para o Oeste dos anos 1930, no governo de Getúlio Vargas.

A escultura em bronze possui três metros e meio de altura e busca retratar o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva em corpo inteiro, tendo nas mãos uma bateia e armado de bacamarte.

Bartolomeu Bueno da Silva (Pai) foi alcunhado pelos indígenas como “O Anhanguera” (em tupi, añã’gwea, ou seja, diabo velho, alma velha), por haver colocado fogo em álcool, fazendo-os acreditar que colocaria fogo nos rios, caso eles tentassem o impedir de levar as riquezas da terra. 

A ideia de construção do Monumento ao Bandeirante não surgiu do próprio Bartolomeu ou da família dele, mas de pessoas da sociedade goianiense que reconheciam o legado dele, e viam uma forma de homenageá-lo.

(Foto: Rubens Salomão)

Transformação

Aos poucos, a estátua do Bandeirante foi ficando cada vez mais isolada. Nos anos 1950 e 1960, o monumento ao Anhanguera estava em um pedestal mais baixo, no centro da praça, rodeada por área verde. 

No entanto, nas décadas seguintes a região sofreu intervenções severas em seu traçado inicial, circular, por conta das alterações no sistema de transporte público de Goiânia desde o fim da década de 1970. 

Com a implantação do corredor viário da Avenida Anhanguera, nos anos 1990, permaneceu apenas um pequeno canteiro no qual se encontra o pedestal com a estátua. Em 2003, na requalificação da Avenida Goiás, a estátua foi erguida para a altura dos prédios de seu contorno. A estátua foi tombada como patrimônio histórico pela Prefeitura de Goiânia em 1991. 

Momentos históricos

A Praça do Bandeirante foi palco para diferentes acontecimentos ao longo dos anos, como corridas automobilísticas, gravação de filmes, e movimentos políticos como Diretas Já; Um comício foi realizado no local. 

O local também recebeu movimento dos “Caras Pintadas”, que pediam o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. Em junho de 2013, o local foi ponto de concentração de protestos que criticavam o aumento das tarifas de transportes públicos, entre outras pautas. O maior deles teve mais de 20 mil pessoas.

(Foto: Rubens Salomão)

Goiânia 90 lugares

Goiânia faz 90 anos em 24 de outubro. Por isso, o Sistema Sagres de Comunicação, com apoio da Prefeitura de Goiânia elaborou um guia de 90 locais a serem conhecidos por você que é goianiense, que mora na capital ou que está de passagem por aqui. Esta é a campanha “Goiânia 90 Lugares”.

A produção inclui 90 reportagens em texto e fotos de lugares marcantes da cidade, 30 vídeos, um mapa e uma página especial. A campanha conta ainda com entrevistas especiais sobre a construção, estrutura e futuro da nossa capital.

As ações tem coordenação de Rubens Salomão, com pesquisa e textos de Samuel Straioto, Arthur Barcelos e Rubens Salomão. Imagens e edição de Lucas Xavier, além das reportagens em vídeo de Ananda Leonel, João Vitor Simões, Rubens Salomão e Wendell Pasqueto. A coordenação do digital é de Gabriel Hamon. Coordenação de projetos é de Laila Melo.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade; ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis

(Foto: Rubens Salomão)

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