A realização do pré-natal tem papel fundamental na prevenção e/ou detecção precoce de doenças tanto para a mãe quanto para o bebê. O exame visa permitir um desenvolvimento saudável do feto e reduzir riscos à gestante.
Apesar dessa importância, dados recentes do Sistema de Informações em Saúde para Atenção Básica, de 2021, revelam que 65% dos municípios em São Paulo não conseguiram cumprir metas de atendimento em relação ao pré-natal. Ou seja, o exame tem sido deixado de lado por um grande número de gestantes.
Leia mais: Especialista aponta causas para crescimento do explante mamário
A diretora técnica de serviço de saúde do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e do Laboratório de Investigação Médica de Fisiologia Obstétrica, Maria Rita de Figueiredo Lemos Bortolotto, comenta que o exame precisa voltar a ser tratado como prioridade.
“Uma assistência pré-natal bem feita é capaz de reduzir muito a mortalidade materna e perinatal. O intuito é justamente esse. Detectar precocemente e evitar que complicações aconteçam e tratar antes que evolua para situações mais graves”, argumenta Bortolotto.
Leia mais: As consequências da romantização da maternidade para a saúde mental das mães
O fato de a paciente não entender a relevância do pré-natal para a garantia da saúde gestacional é uma das principais preocupações.
“Quando falamos em exames, é comum que alguns pacientes entendam que o exame de sangue é o único necessário. Além disso, muitas vezes, a ida da mulher até o hospital não é facilitada pelo seu trabalho, o medo de perder o emprego faz com que elas não compareçam às consultas”, explica Bortolotto.
Como funciona o pré-natal
Na primeira consulta de pré-natal avalia-se o histórico médico da paciente. Dessa forma, analisa-se fatores como a faixa etária, doenças de saúde prévias, estado nutricional, realização do papanicolau e prevenção de câncer.
Além disso, também durante esse momento, o médico analisa questões como os riscos de trabalho que a grávida possa sofrer, a situação econômica em que se encontra e a possibilidade de sofrer violência familiar em casa. “Idealmente, deveríamos ter uma abordagem integral da mulher”, acrescenta Bortolotto.
Ademais, o médico pode pedir alguns exames de laboratório, para identificar infecções e doenças que possam afetar a gestante e o bebê. Assim, o acompanhamento médico deve ocorrer mensalmente e, a partir do oitavo mês, essas consultas passam a ser quinzenais.
Por fim, no nono mês, o acompanhamento passa a ser semanal. A assistência semanal só acaba com a realização do parto.
Vacinas em dia
Maria Rita Bortolotto informa também que o pré-natal pode ser uma oportunidade para a atualização do calendário vacinal.
Com relação à Covid-19, por exemplo, detaca-se que as grávidas formam um grupo de risco e, por esse motivo, a vacinação é essencial para a garantia da saúde maternal. Os exames de ultrassom, no entanto, não estão à disposição da população durante toda a gestação por meio da saúde pública.
Com informações do Jornal da USP
Leia mais
Número de infartos em mulheres cresce e preocupa especialistas
Gelo ajuda no controle de crises de pânico e ansiedade
Sistema permite controle da doença de Chagas em Goiás por georreferenciamento