Presidente Lula destaca urgência da cooperação em prol da Amazônia

08/08/2023 - Belém/PA - Cúpula Amazônia. Fotos: Roberto Castro/ Mtur

Diante de líderes dos oito países que compõem a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a urgência da cooperação em prol da Amazônia durante o discurso de abertura da Cúpula da Amazônia, que acontece nesta terça, 8, e quarta, 9, na cidade de Belém (PA). O evento também conta com representantes de outros países, de investidores internacionais, da comunidade científica e ativistas de causas ambientais.  

Lamentando a falta de diálogo nos últimos anos, o presidente brasileiro afirmou que o encontro dos líderes regionais é “motivo de muita alegria” e que existe uma necessidade e urgência em fortalecer a cooperação.  

“Desde que o tratado de cooperação da Amazônia foi assinado, os chefes de estado só encontraram por três vezes, todas em Manaus. Há 14 anos não nos reuníamos. E a primeira vez no contexto do severo agravamento da mudança climática. Nunca foi tão urgente retomar e ampliar essa cooperação”, disse o líder que afirmou ainda que a história será medida entre o “antes e o depois” da Cúpula da Amazônia. 

Criada em 1978, a OTCA é formada por Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Único bloco socioambiental da América Latina, a Organização etava há 14 anos sem se reunir. Foram convidados ainda para a Cúpula a Guiana Francesa, que não está na OTCA, mas detém territórios amazônicos, além da Indonésia, da República do Congo e da República Democrática do Congo, países com grandes florestas tropicais ainda em pé. 

Cooperação

Lula destacou a importância da união e da cooperação dos países que têm a floresta em seu território com a missão de combater o avanço da degradação e estabelecer políticas de preservação, reforçando a importância da floresta no contexto mundial.  

“A Amazônia não é e não pode ser tratada como um grande depósito de riquezas. Ela é uma incubadora de conhecimentos e tecnologias que mal começamos a dimensionar. Aqui podem estar soluções para inúmeros problemas da humanidade – da cura de doenças ao comércio mais sustentável. A floresta não é um vazio a ser ocupado, nem um tesouro a ser saqueado. É um canteiro de possibilidades que precisa ser cultivado”, pontuou o presidente. 

Desmatamento zero

Outro compromisso reforçado pelo governo nas declarações do presidente é o de zerar o desmatamento até 2030. Para isso, a aposta é uma transição econômica para a região, baseada na industrialização e infraestrutura verdes, na sociobioeconomia e nas energias renováveis.  

“Para resolvermos os problemas da região, precisamos reconhecer que ela também é um lugar de carências socioeconômicas históricas. Não é possível conceber a preservação da Amazônia sem resolver os múltiplos problemas estruturais que ela enfrenta. A Amazônia é rica em recursos hídricos, mas em muitos lugares falta água potável. A despeito da sua grande biodiversidade, milhões de pessoas na região ainda passam fome. Redes criminosas hoje se organizam transnacionalmente, aumentando a insegurança por toda a região”, disse Lula. 

O governo informou ainda que haverá o fomento à restauração de áreas degradadas e à produção de alimentos, com base na agricultura familiar e nas comunidades tradicionais. 

Conversa com o presidente

Em entrevista ao Canal Gov, no quadro “Conversa com o Presidente”, Lula afirmou que a preocupação socioambiental deixou de ser algo distante das pessoas e passou a fazer parte do dia a dia da população.  

“A questão do clima hoje não é trivial. É muito sério. Está chovendo onde não chovia, está chovendo menos onde chovia muito. As pessoas estão entendendo a necessidade de cuidar. Vamos ter que trabalhar com mais força, mais carinho, mais esforço. Não podemos ser o único animal no planeta terra que não cuida da sua casa. Se a Amazônia é importante pra questão da água, do ar, de descarbonização da Terra temos que utilizar a Amazônia pra isso, e embora o Brasil seja soberano precisamos compartilhar isso com o mundo, sob o aspecto da ciência, por exemplo”, pontuou.  

Em seu discurso, Lula explicou também o que deve ser esperado da Declaração de Belém que será adotada pelos chefes de Estado dos países amazônicos – um plano de ação detalhado e abrangente para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. 

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática.  

Leia mais:

Declaração da Cúpula da Amazônia deve convergir metas de países para o desenvolvimento sustentável da região

Desmatamento no Cerrado cresceu 16,5% nos últimos 12 meses, aponta Inpe

Coalizão Verde terá R$ 4,5 bilhões para empreendedores na Amazônia