Rigoni e Tabata nos estúdios da Sagres (Fotos: Petras de Souza/Montagem/Sagres On)

Tanto Tabata Amaral (PDT-SP) quanto Felipe Rigoni (PSB-ES) acabaram punidos por seus partidos por votarem a favor da reforma da Previdência. O voto dos deputados, que tiveram os mandatos suspensos, contraria a decisão das legendas.

Questionado pela jornalista Cileide Alves, se estaria preparado para enfrentar esse tipo de resistência no Congresso, Felipe Rigoni afirma que o foco dos parlamentares deve ser outro, e não o chamado ‘jogo político’.

“Enquanto a gente ficar lá na Câmara, marcando posição, obstruindo a votação de leis que a gente concorda, só para ficar marcando posição política, tem 13 milhões de brasileiros desempregados. Para nós não é uma questão de estratégia. É que é muito mais importante para nós dar resultado do que marcar posição política. E às vezes dar resultado passa por votar em coisas que o governo, do qual a gente não gosta, está propondo, porque é importante, vai dar resultado para o Brasil. A gente não pode deixar o Brasil dar errado só porque não gosta do governo”, afirma.

“Uma coisa que me guia muito na vida é ser consistente, coerente, verdadeiro com quem você é, com o que acredita, com o que estudou. Me causa surpresa que os partidos ignorem o que prometeram na campanha, porque acho que essa coisa de marcar posição, essa coisa de ‘se você é oposição, nunca vai apoiar um projeto do outro lado’, ela fala muito de uma preocupação com a próxima eleição. Acho que aí que a gente é diferente. Não é estratégia, não é querendo causa, como as pessoas dizem. A gente disse na campanha e acredita que o Brasil precisa ser fiscalmente responsável, para a gente ter dinheiro e investir no social, combater a desigualdade”, pontua Tabata Amaral.

Ouça a entrevista na íntegra no PodFalar #56, com Cileide Alves e Vinícius Tondolo

Tabata e Rigoni participaram da fundação do Movimento Acredito que, segundo dizem, tem o intuito de proporcionar a formação política da sociedade. Além dos dois, o Acredito elegeu também o senador Alessandro Vieira (Cidadania/SE) em 2018. A pedetista tem apenas 25 anos e o pesebista é o primeiro deficiente visual a se eleger para a Câmara dos Deputados.

Ao serem questionados sobre quais partidos deverão seguir, apontaram dificuldades e falta de democracia dentro das próprias legendas.

“Para qual partido vou, a gente não sabe. A gente precisa de um partido que respeite a independência do Movimento Acredito, que garanta que a gente vá conseguir atuar com independência, mas que também esteja disposto a se reformar. Se os partidos não começarem a se transformar em instituições democráticas, nossa democracia não vai para frente”, diz Rigoni.

“Eu estou em uma situação um pouquinho mais complexa, porque o PDT se recusa a fazer o julgamento. Eles querem ver os deputados sangrando. Talvez na virada do ano façam esse julgamento, e suspenderam a gente antes de fazer isso, e sem sequer debater o texto que foi votado. Então não houve um fechamento de questão sobre o texto que a gente votou”, aponta Tabata.

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