Se “pandemia” é a palavra mais repetida de 2020, “vacina” é a mais desejada em todos os cantos do planeta. Cientistas de todo o planeta se uniram em prol de uma causa: criar uma vacina segura e eficaz contra a covid-19 em tempo recorde.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), até outubro, mais de 190 vacinas estavam em desenvolvimento contra a doença do novo coronavírus.

Nunca a ciência teve tão pouco tempo para produzir um imunizante. No final de junho, o governo brasileiro anunciou parceria com farmacêutica Astrazeneca e a Universidade de Oxford, no Reino Unido, para o desenvolvimento e produção da vacina contra o coronavírus.

No mês seguinte, em julho, profissionais de saúde de São Paulo começaram a tomar a vacina chinesa Coronavac, produzida pela Sinovac Biotech, em acordo encabeçado pelo governador do estado, João Dória. Em agosto, o tucano testou positivo para a Covid, e precisou desmentir fake news de que teria tomado o imunizante.

Também em agosto, o presidente Vladimir Putin, anunciou que a Rússia aprovou a primeira vacina do mundo contra o coronavírus, a Sputnik-V, feita no país. Contudo, foram levantadas dúvidas, porque os dados não teriam sido divulgados para serem acompanhados por cientistas de outros países.

Ainda em agosto, já se falava em possibilidade reinfecção, ou seja, testar positivo mais de uma vez para a Covid-19, mesmo depois de estar recuperado da doença. À época, em entrevista à Sagres, o médico infectologista Boaventura Braz de Queiroz já alertava sobre a cautela em tratar sobre o tema reinfecção.

“Precisa ser muito bem estudado cada situação, para não criar um alarme, que já é muito grande com essa situação da pandemia”, afirmou o infectologista. A possibilidade de reinfecção só seria confirmada pela Fiocruz em dezembro.

No mês de setembro, alinhado com o Governo Federal, o estado de Goiás já acompanhava o desenvolvimento de vacinas contra a covid-19. Em outubro, uma notícia surpreendeu o governo estadual, o veto de Bolsonaro à vacina chinesa.

Isso porque o próprio governador Ronaldo Caiado já havia comemorado o sucesso da vacina Butantan-Sinovac. O secretário Ismael Alexandrino, em entrevista à Sagres, comentou a decisão do presidente da República um dia depois da reunião sobre a vacina que ocorreu Ministério da Saúde.

“O Ministério não nos oficiou sobre as declarações de Bolsonaro. Nós secretários de estado entendemos que se não houver uma restrição técnica, as vacinas serão utilizadas”, explicou o secretário.

Em outubro, a superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás, Flúvia Amorim disse que ainda há muitas perguntas a serem respondidas tanto sobre a Covid-19 quanto a própria Vacina.

Em 2021, os brasileiros terão que tomar duas doses do imunizante contra a Covid. Por isso, outra preocupação é se haverá eficácia da vacina caso a primeira dose seja de um fabricante diferente da segunda, como aponta a imunologista e alergista do Hospital Materno Infantil (HMI), Lorena Diniz, na mesma semana em que o Brasil lançou o plano nacional de vacinação contra a covid-19, na segunda quinzena de dezembro.

“A pessoa toma a primeira dose com uma vacina e pela questão da dificuldade de produção, na hora da segunda dose toma inadvertidamente a vacina de um outro fabricante. A gente não pode garantir a eficácia dos estudos, porque quando eles são realizados são feitos com a aplicação da mesma vacina com uma ou duas doses. Quando a gente mistura fabricantes, não consegue garantir a eficácia. Pode até ser que ela exista, mas a gente não sabe”, alerta Diniz.

Além das incertezas, o Brasil e o mundo ainda enfrentariam a onda de negacionismo em torno da vacina. O próprio presidente Jair Bolsonaro, que jamais defendeu a vacinação obrigatória contra a covid-19, diria em dezembro que não tomará o imunizante quando este chegar ao país, e que a melhor vacina, segundo ele, é o próprio vírus.

No dia 5 de novembro, a Rússia se tornou o primeiro país a iniciar a vacinação contra a covid-19 com a Sputnik-v. No dia 8 de novembro, a imunização começou no Reino Unido, com doses da Pfizer/Biontech.

No dia 14, Estados Unidos e Canadá começaram a vacinação. Dez dias depois, o México, seguido da Arábia saudita, que teve até transmissão ao vivo da aplicação em seu ministro da saúde.

Na América Central, apenas a Costa Rica iniciou a imunização. Na América do Sul, apenas o Chile deu início à vacinação contra o coronavírus. A Argentina já se prepara para iniciar a imunização com doses da pfizer e sputnik-v.  Em todo o mundo, mais de 40 países já começaram a aplicar as vacinas.

No Brasil, teve boato de vacina sendo vendida em Madureira, no Rio de Janeiro, e que camelôs estariam vendendo as doses por R$ 50. A imprensa chegou a divulgar a suposta venda, mas tudo não passou de uma brincadeira de mau gosto do autor identificado como Jones Mfjay, que apagou publicações feitas nas redes sociais logo depois que o caso chegou às paginas de sites e jornais.

Além da chegada das vacinas à população, a preocupação agora é com uma nova cepa do vírus, descoberto no Reino Unido, que pode ser até 70% mais transmissível. O Plano Nacional de Vacinação no Brasil estima que toda a população seja vacinada no período de 12 a 16 meses.

Em 2021 teremos mais capítulos desta história que marca a trajetória da humanidade.

Com produção de Johann Germano