O crescimento no número de casos de sífilis congênita em Goiás acende o alerta para gestantes. Segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES-GO), houve registro de 1.236 casos da doença no estado só em 2023. Além disso, ao todo, foram 10.485 registros nos últimos cinco anos. A enfermidade é uma das preocupações da campanha Dezembro Vermelho, que busca conscientizar a população sobre HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Segundo a ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI), Danyelle Amorim, a sífilis é uma doença sexualmente transmissível e que se tornou uma ameaça significativa para gestantes e recém-nascidos. Além disso, pode acarretar consequências graves se não houver identificação e tratamento precoce.

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Nesse sentido, a ginecologista reforça que o teste para sífilis deve ocorrer ainda durante o pré-natal. “É fundamental destacar que a sífilis não apenas representa um risco direto para a gestação, mas também é um fator de grande relevância para a prematuridade, malformações fetais, morte fetal e abortamento. Dessa forma, a detecção precoce torna-se crucial para mitigar esses riscos e promover uma gestação saudável”, alerta Danyelle.

Já a infectologista pediátrica do HMDI, Roberta Rassi, esclarece que a sífilis congênita pode ser transmitida para o feto em qualquer fase da gestação.

“Os recém-nascidos de todas as mães que tiveram sífilis na gestação passam por uma investigação minuciosa na maternidade, por meio de exames de sangue, exames de raios X e coleta de líquor. Caso esse recém-nascido apresente a sífilis congênita, ele deverá ficar internado por dez dias na maternidade para receber o tratamento com penicilina endovenosa e será acompanhado pelos próximos dois anos no serviço de infectologia do HMDI”.

Tratamento imediato

Conforme Danyelle Amorim, em caso de diagnóstico positivo para sífilis, o HMDI adota uma abordagem abrangente para seguir com o atendimento tanto da gestante quanto do bebê. “Além do tratamento imediato para a mãe, há uma investigação minuciosa e intervenção no recém-nascido. Adicionalmente, o parceiro é encaminhado para tratamento, contribuindo para conter a propagação da doença”, informa.

A médica destaca ainda que o HMDI, assim como as demais maternidades municipais da Prefeitura de Goiânia, realizam o teste para sífilis em todas as pacientes internadas para o parto, independentemente do resultado do exame pré-natal: “Essa prática faz parte do protocolo de atendimento das maternidades municipais, visando garantir a saúde tanto da mãe quanto do recém-nascido”.

Segundo a médica, no período de janeiro a novembro de 2023, houve a realização de 7.182 testes rápidos para sífilis no laboratório da unidade. Destes, contudo, 753 deram positivo.

Ademais, a infectologista ressalta a necessidade de toda gestante realizar o pré-natal corretamente. Caso seja diagnosticada a sífilis durante a gestação, a paciente deverá realizar o tratamento em qualquer unidade básica de saúde. O objetivo é evitar a transmissão da sífilis congênita para o bebê.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, ODS 03 – Saúde e bem-estar.

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