A cidade tem mil vezes mais igrejas que bibliotecas e o fato seria aceitável se os livros recebessem do poder público a mesma atenção que os templos. Kadmous Alassal, que apresenta o Clube da Felicidade, das 14 às 16 horas, na Rádio 730, já discutiu dezenas de vezes a poluição sonora provocada por quem acha que Deus é surdo. Algumas igrejas que respeitam a saúde dos vizinhos, como as tradicionais Assembleias de Deus e Congregação Cristã, revestiram as paredes com isolantes acústicos. Outras denominações fizeram o contrário, colocaram caixas de som na porta, como se o barulho espantasse o capeta. Os poluidores agem porque os órgãos ambientais permitem. Nenhum agressor da lei insiste se não houver autoridade acobertando.

{mp3}stories/audio/2013/Setembro/A_CIDADE_E_O_FATO_05_09{/mp3}

A Câmara de Goiânia, aquele local sagrado com integrantes dedicados à prática do bem, considera normais poluição sonora, poluição visual, poluição do ar, poluição dos mananciais. É poluição de todo tipo em todo lugar. E os vereadores, esses seres tão maravilhosos, dizendo que está tudo bem. De vez em quando, algum acorda e resolve ser útil. Foi o caso de Elias Vaz, que fez o projeto para impedir o governo de vender a área da Polícia Militar, no lado Marista do Parque Areião. Os vereadores poderiam fazer mais. Deveriam impedir também o leilão do Parque da Criança, ao lado do Estádio Serra Dourada, e retomar os terrenos públicos doados para seitas.

A Igreja Católica se instalou na principal praça do Jardim Colorado, em frente à fedentina de Júnior Friboi, perto do Finsocial. A periferia de Goiânia é lotada de igrejas em áreas antes reservadas para lazer. Campos de futebol, então, sobraram poucos, porque os líderes religiosos fizeram jogadas e a Câmara Municipal aprovou as doações.

Nova eleição para vereador só em 2016, então, Goiânia vai ter de tolerar os que estão aí, com o nível fabuloso demonstrado nos debates e projetos. Até o Grupo Independente, do qual se esperava ao menos que justificasse o nome, já se leiloou e, mesmo tendo saído de graça, o prefeito pagou caro, porque quem se vende não vale o que recebe.

O prefeito Paulo Garcia tem compromisso com a sustentabilidade, não com os vendilhões, inclusive os dos templos. Psiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiu, silêncio, é hora de dar sossego ao ouvido alheio.