O primeiro caso da Covid-19 foi notificado na China no último dia do ano de 2019. Com transmissão rápida e pelo ar, a doença demorou três meses para ser declarada como pandêmica. Por onde passou, o máximo que o poder público pôde fazer foi minimizar os seus efeitos. Aparecida de Goiânia teve que agir rapidamente e sua condução na pandemia, com testagem em massa, monitoramento dos casos em casa e estruturação de hospitais pode ficar de legado. O secretário de Saúde Municipal, Alessandro Magalhães, detalhou como a cidade agiu contra a pandemia e o que fica para os habitantes da cidade.

“Primeiro, baseado na ciência, a gente deixa o exame, o RT-PCR, disponível constantemente para a população. Nós estamos monitorando a variação genômica desse vírus para ver se acha alguma variante, um outro legado. Além disso, há toda estrutura hospitalar que fica para o município”, explicou.

Testagem em massa

A cidade de Aparecida de Goiânia testou, desde o início da pandemia da Covid-19, cerca de 266 mil pessoas para a doença. Com 590.146 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município já testou 44% de todos os seus moradores. A cidade seguiu estratégia sugeria pela Organização Mundial da Saúde (OMS) logo no início da pandemia, em março de 2020.

Alessandro Magalhães afirmou que, no início, a cidade tinha apenas 15 testes RT-PCR disponíveis por dia e que com esse número não era possível saber qual o estágio da pandemia no município. “Coincidentemente, a gente tem um laboratório que estava mudando um pouco o perfil e passou a reverter toda a tecnologia que tinha para o exame RT-PCR”, disse o secretário, contando como a cidade aumentou o número de testes diários.

Testar, monitorar e agir

A testagem em massa, na verdade, ajuda o poder público a desenvolver outras ações contra a Covid-19. Alessandro destacou que duas medidas foram possíveis graças aos testes: O bloqueio da transmissão, com a identificação de pessoas assintomáticas, orientadas a permanecer em casa por 14 dias; E o monitoramento de casos com sintomas, para que os médicos possam intervir no momento certo, evitando o agravamento descontrolado da doença nesses pacientes.

Sobre intervir no momento certo, o secretário fez questão de ressaltar que não falou de tratamento precoce e disse que não é bom, sequer, utilizar o termo. Seguindo a ciência, Alessandro Magalhães explicou que a Covid-19 tem duas fases, a primeira, viral, e a segunda, inflamatória, quando é necessário entrar com o tratamento correto.

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Com taxa de mortalidade em 1,88%, o secretário detalhou o protocolo feito para que os positivos para a Covid-19 possam ser monitorados. “Nós compramos 600 oxímetros para o grupo de maior risco e ofertamos para estas pessoas. A orientação é para que caso a saturação caia para 94% ou menos, o médico seja alertado. O médico, também, entra em contato a cada 48 horas e com os exames, 12 parâmetros são monitorados, para que possamos saber o melhor momento para internar esse paciente”

Escalonamento regional

Outra estratégia adotada pelo município, o escalonamento por região chegou a gerar certa polêmica, pois se diferencia do modelo estadual 14 por 14, que alterna 14 dias de fechamento das atividades não essenciais, com 14 dias de abertura. Já no escalonamento regional feito por Aparecida, a cidade é dividida em macrozonas e, de acordo com a classificação da cidade em relação à pandemia, as zonas ficam fechadas por mais tempo.

“Eu relato, algumas vezes, que lá para março ou abril (2020), todo mundo perguntava quando seria o pico, enquanto toda a cidade estava fechada. A partir disso, a gente sentiu um cansaço e uma desmotivação da população, sendo que com o escalonamento foi possível fazer uma previsão. Então criamos uma matriz de risco, com quatro cenários e vimos uma luz no fim do túnel”.

Foto: Prefeitura de Aparecida de Goiânia

Incertezas da pandemia

Entre aumento e redução de casos, a primeira e a segunda onda, todo o investimento feito pelas cidades com materiais para testagem e a abertura de novas unidades de tratamento intensivo (UTIs) causaram dúvidas nos gestores municipais. Os prefeitos e comitês de enfrentamento à Covid precisaram se perguntar como ou até quando manter toda a estrutura funcionando, diante de tantas incertezas. Alessandro contou que, em alguns momentos, a prefeitura teve que reavaliar algumas ações, como aumentar leitos e testes, logo após uma desmobilização das equipes. “Mas as políticas de saúde e de enfrentamento não precisaram ser corrigidas, com testagem, isolamento, monitoramento e o cuidar, com a infraestrutura de leitos”.

Esperança

A chegada das vacinas contra a Covid-19, traz esperança para que a pandemia acabe. Porém, até que haja uma cobertura vacinal satisfatória, com capacidade de reduzir, de fato, o contágio da doença, todos os cuidados ainda precisam ser mantidos. Em Aparecida, até o fechamento desta matéria, em 5 de maio, 33 mil 330 pessoas haviam sido completamente imunizadas, ou seja, receberam as duas doses da vacina, parcela correspondente a 5,64% da população.

Foto: Prefeitura de Aparecida