No mês em que Goiás completa um ano do primeiro registro de infecção pelo coronavírus, o Estado soma mais de 350 mil casos de contágio pela doença. Esse vírus, ainda misterioso para os cientistas, chegou mudando a rotina de todos, inclusive da rede hospitalar. Esta é a segunda reportagem da série 1 ano Covid19 em Goiás. Confira a primeira clicando aqui.

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De acordo com o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), doutor Leonardo Reis, o público nos hospitais mudou. Dessa forma, as unidades também se adequaram a nova demanda. “Os hospitais mudaram seus perfis. Hospitais que faziam muitas cirurgias gerais e plásticas, acabaram virando hospitais de internação para Covid”.

Por um breve período durante essa pandemia, houve um receio da população em buscar ajuda nos postos de saúde. As pessoas tinham medo de se contaminar com o vírus. Mas, de acordo com o Cremego, logo as emergências voltaram a ficar movimentadas com pacientes se queixando, principalmente, de problemas respiratórios.

“No primeiro momento houve esse temor de ir ao hospital e só procurar o hospital em caso de situação já agravada. Mas com qualquer sintoma respiratório a pessoa tinha medo de estar com Covid e voltou a procurar o hospital”, relembra o médico.

Embora a covid-19 ainda seja misteriosa para os cientistas, especialistas já observaram que a falta de ar é um dos principais sintomas da doença, seguido de dor de cabeça, tosse seca, febre e cansaço. O gerente de peças Danilo Assunção contraiu o coronavírus e acabou transmitindo para a esposa, filha e enteada. Ele relata que tiveram reações diferentes à doença. “Quem apareceu primeiro com o sintoma foi Anna Beatriz, minha enteada. Por último foi minha esposa, Suelma. Mas o interessante é que cada um teve sintomas diferentes”.

Mas nem todos os casos terminaram como o da família de Danilo, onde todos se recuperaram. Na casa da bombeira Mônica Marra, apenas a filha mais velha não pegou a doença e seu esposo, Jeovane Junior, morreu no início do ano em decorrência da Covid-19. Segundo ela, a sensação foi de perda, ao saber que o estado de saúde do esposo era grave.

“A gente tinha muito medo dele pegar a Covid, porque ele tinha leucopenia, que é uma baixa imunidade. Então nós sabíamos que ele não podia ter Covid. Quando ele positivou e tivemos certeza que ele estava com a doença, a sensação foi muito ruim. Você já sente a perda daquela pessoa naquele momento”, relata.

Mas a luz no fim do túnel chegou quando o governo anunciou a chegada das vacinas contra covi-19 no Brasil. Em Goiás, a primeira pessoa recebeu a primeira dose do imunizante em 19 de janeiro. Para Mônica, que perdeu o esposo para a doença, a notícia é para ser comemorada.

“Eu acho que a vacina é a salvação para muita gente. Mesmo que as pessoas duvidem, eu acho que a vacina foi feita por cientistas, são pessoas que estudaram para isso. Então, com certeza eles sabem o que estão fazendo. Queria eu que essa vacina tivesse saído em julho. Que eu tivesse sido vacinada, que meu esposo tivesse sido vacinado. Com certeza ele estaria aqui hoje”, defende.

Os cientistas continuam trabalhando no aprimoramento de outros imunizantes, nas pesquisas sobre o vírus e nas formas de precaução da doença. Enquanto isso, para Maria Eduarda, que perdeu o pai para o coronavírus, só resta a saudade e a memória do último sorriso de Jeovane.

“A memória que mais me marcou dele foi quando ele estava na UTI e resolvi visitá-lo, era dia 25 de dezembro. Em alguns momentos ele abria o olho e olhava para mim. Então, eu disse a ele que o amava e que todos o amavam e estavam com saudade dele. Ele estava entubado, mas nessa hora ele tentou um leve sorriso. Foi o melhor presente de Natal que eu ganhei na vida”, relembra.

A pandemia completa um ano este mês no Estado de Goiás. Vale destacar que a prevenção deve continuar: lave bem as mãos, evite aglomeração, use máscaras e evite sair de casa sem necessidade.

A Sagres realiza uma série de reportagens para falar sobre a chegada da Covid-19 em Goiás. A doença trouxe perdas para a população, medo em todos os setores e alterou o modo de se conviver em sociedade.

Confira: Chegada da Covid-19 em Goiás completa um ano neste mês

Dili Zago é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o Iphac e a Faculdade Araguaia, sob supervisão do jornalista Denys de Freitas