Dia 11 de maio, Aparecida de Goiânia completou 100 anos e de lá para cá, o crescimento do munícipio na área esportiva tem aumentado bastante e sendo referência. Um exemplo, é a equipe Aparecidense/Adfego, de futebol de amputados, a única da modalidade em Goiás. O time surgiu da união da equipe da Adfego, existente há mais de 20 anos, com a Aparecidense, que teve sua origem em 2016. A parceria vem desde o começo deste ano.

A Aparecidense já tem algumas conquistas no currículo como o vice-campeonato do Brasileiro e terceiro lugar na Copa do Brasil. “É uma parceria que está dando certo, e a gente vai brigar agora pelo título nacional, nesse ano que vem da junção das duas equipe”, afirmou o coordenador e zagueiro, Rogério Vidal.

Rogério Vidal, coordenador e zagueiro
da Adfego/Aparecidense (Foto: Douglas Monteiro)

Segundo Rogério, a Aparecidense/Adfego tem como principal objetivo a integração dos atletas através do futebol, uma oportunidade de alguém que teve uma amputação de ser inserida novamente no meio do esporte e também na sociedade. “É mais do que futebol”.

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Adaptação de um atleta amputado

A equipe Aparecidense/Adfego tem no elenco atletas com diferentes amputações, por exemplo na função de goleiro, uma das condições é ter amputação em um dos membros superiores. Entretanto, cada um desses jogadores possui uma vivência e adaptação diferente com a deficiência. É o que conta o técnico do time, Luís Henrique.

Luís trabalha com pessoas com deficiência há mais de 10 anos, e seu interesse surgiu ainda na faculdade de Educação Física. Além do futebol de amputados, o técnico também treina vôlei sentado. Ele explicou que a adaptação de um atleta que já praticava esportes antes da amputação “é bem mais rápida” do que para aquele que não tinha contato anterior.

“Hoje na nossa equipe, nós temos vários exemplos de ex-atletas e ‘peladeiros’, aqueles que batiam bola no final de semana e acabaram sofrendo algum acidente e perderam a perna. A habilidade, a malícia do futebol acaba facilitando a adaptação deles. Agora quem não tinha vivência com o futebol antes do acidente é um pouco mais difícil, um processo mais lento por questão de adaptação não só com a bola, mas também com a muleta”, ressaltou o treinador.

Luís Henrique, técnico do time de futebol de amputados Adfego/Aparecidense (Foto: Douglas Monteiro)

Além disso, Luís Henrique comentou sobre o sistema tático do futebol de amputados, e de acordo com o treinador “tem evoluído” com algumas variações. Entretanto, a principal característica é a dominância física dos atletas, porque além de um trabalho com os membros inferiores, é preciso também concentrar atenção nos membros superiores pelo uso das muletas.

“Quem tem uma prevalêcia física maior, acaba se dando melhor na modalidade. A gente tem várias formações táticas que ajudam isso, trabalhamos com três zagueiros, dois zagueiros, você trabalha de acordo com a formação da sua equipe. Se você tem atletas fisicamente melhores, tem condições de colocar um sistema tático mais avançado”.

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Atletas de Seleção Brasileira

A única equipe de futebol de amputados de Goiás também possui atletas que vestiram a camisa da Seleção Brasileira em algumas oportunidades, em Copa América e até Copa do Mundo. Um deles é Valdo Martins Firmino, de 23 anos, que possui deficiência na perna direita. O atleta da Adfego revelou que no momento do acidente “ainda caído no chão” a primeira coisa que pensou é como iria jogar bola de novo.

“Isso aqui para mim é uma terapia. Nem sabia que existia esse time de futebol de amputados e foi através disso que me ajudou na recuperação. Era meu principal medo ficar sem jogar, eu me acidentei indo jogar futebol”, disse.

O principal medo de Valdo tinha um motivo: um sonho. Seu sonho era representar a Seleção Brasileira. “E foi através do acidente que eu consegui ser convocado. Consegui chegar a um objetivo que eu queria ir para um lado e Deus permitiu que eu fosse por outro”.

Wenderson Jr é outro atleta da Aparecidense/Adfego apaixonado por futebol. Agora goleiro, revelou que antigamente, por alguns clubes que passou, jogava na linha, mas quando recebeu o convite do time de amputados, a condição era ter amputação na parte superior. Wenderson tem deficiência na mão esquerda.

“Tentei carreira profissional, mas não consegui. Quando conheci a modalidade (futebol de amputados) agarrei com unhas e dentes a minha oportunidade […] Sempre tive vontade de chegar a um time profissional, em uma Seleção e vi que eu tinha esse potencial. Me dediquei, me esforcei e graças a Deus cheguei a esse objetivo”, frisou.

Wenderson Jr e Valdo, atletas da Adfego/Aparecidense (Foto: Douglas Monteiro)

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Um esporte que muda vidas

“Para mim é a minha segunda casa. Eu jogo bola praticamente todo final de semana, para mim o futebol é vida. Eu não consigo viver sem jogar futebol”, finalizou Valdo Martins Firmino.

“Futebol faz parte do cotidiano do ser humano que é apaixonado por esporte. Ele te traz um alívio, uma tranquilidade, além de fazer bem para a saúde. Eu acho que não me vejo sem o futebol, sem um esporte dentro da minha vida não”, concluiu Wenderson Jr.

A Aparecidense/Adfego tem mais uma competição prevista em seu calendário chegando: a Taça Aparecida de Futebol de Amputados 2022. A competição será entre os dias 16 e 18 de junho e dá vaga aos quatro finalistas para a Copa do Brasil, com realização no segundo semestre deste ano.