Goiânia completa em outubro 90 anos. Nos dias atuais, alguns segundos sem energia elétrica gera uma reclamação, ou até mesmo um transtorno. Em 1933, a realidade era bem diferente, mas já havia o sonho de que a nova capital recebesse eletricidade.
Em Goiás, naquela época haviam poucas usinas hidrelétricas, por exemplo, em Ipameri, a primeira do estado. Na antiga capital, boa parte da população fazia uso de lamparinas, velas e lampiões. Por muito tempo as ruas da cidade eram iluminadas a postes de querosene.
A ideia de se contar com uma usina hidrelétrica e fornecer eletricidade aos seus habitantes, era uma proposta de exemplo de modernidade. Três anos após o lançamento da Pedra Fundamental, Goiânia já contava com sua usina, a do Jaó, a partir do represamento das águas do Rio Meia Ponte, sendo a terceira em Goiás.
O contrato para a construção da Usina Jaó foi firmado entre o governo estadual e a empresa Luz e Força de Goiânia Ltda. Os sócios eram os irmãos Levy, Hugo, Maria e Morena Fróes, além dos políticos e empresários Felismino Viana, Hermóneges Guedes Coelho e João Coutinho.
A inauguração da Usina do Jaó aconteceu no dia 15 de novembro de 1936. A primeira-dama do Estado, Dona Gercina Borges Teixeira, esposa de Pedro Ludovico Teixeira ligou a chave da rede que iluminou pela primeira vez a cidade.
Enchente
No dia 3 de abril de 1945, houve uma grande enchente no Rio Meia Ponte e somada com os ventos danificou os equipamentos da Usina do Jaó, prejudicando o funcionamento do local e o fornecimento de energia para Goiânia. A Usina do Jaó foi reconstruída em 1947 e em 1959 foi construída sua quarta etapa.
Abaixo da antiga Usina Jaó, o rio se abria num arco de mais de 100 metros de largura e reunia pescadores. No entanto, com o crescimento da cidade e o aumento da poluição no Meia Ponte, a hidrelétrica foi desativada nos anos 1970, restando hoje apenas ruínas.
Dias atuais
Nos dias atuais ainda há resquícios do que um dia foi a Usina do Jaó. O primeiro é a casa de máquinas, e o barramento no Rio Meia Ponte, que forma uma cachoeira no manancial. Na ponte da BR-153 sobre o rio é possível ver as duas estruturas.
A outra está preservada e hoje integra parte do Clube Jaó, na região do chamado Bosque Babaçu. O lago do Jaó era banhado por águas de uma bela represa, formada pelo Rio Meia Ponte, que abastecia a Usina Jaó.
O córrego Jaó, sob a proteção do clube, é um dos poucos, talvez o único veio d’água não poluída do perímetro urbano de Goiânia.
Sobrevida
A queda de água no barramento da antiga Usina Jaó contribui para melhorar a água do Rio Meia Ponte, em Goiânia. A queda d’água na área do antigo barramento forma uma cachoeira. Por conta da passagem de nível do leito do Meia Ponte, a água consegue receber uma oxigenação o que melhora a qualidade.
A informação consta na chamada “Carta das Águas”, documento que apresenta os resultados da 1ª expedição científica do Rio Meia Ponte, realizado no 1º semestre de 2023.
A oxigenação da água contribui para dar uma sobrevida no Meia Ponte, em Goiânia, região em que o rio sofre diversos tipos de agressões ambientais.
Terras e projetos
As terras de onde ficavam a antiga Usina do Jaó eram de propriedade de Altamiro de Moura Pacheco. Ele doou ao Estado as terras onde foram construídas as instalações da usina.
O nome da usina deriva do nome do córrego Jaó que faz referência ao grande número de pássaros que se aglomeravam às margens do Rio Meia Ponte.
Além da desativação da usina, outros projetos no local também não avançaram como a criação de uma “Avenida Parque, da Represa do Jaó.
Havia a intenção de que a partir da construção da represa no Meia Ponte, formasse um lago na extensão de quase quatro quilômetros e de grande largura, superior a 500 metros em alguns pontos, com conservação das margens e do próprio Meia Ponte. O projeto não se concretizou.
Tombamento
Há algumas ideias para tombamento da Usina Jaó, o que não aconteceu até hoje. Uma delas foi em 2011, quando Ministério Público de Goiás e a Celg fizeram pedido de tombamento definitivo da Usina Hidrelétrica do Jaó como patrimônio histórico do Estado.
A proposta era que a partir do tombamento do local, seria criado o Museu da Energia. Ele seria instalado na antiga casa de máquinas da usina, o que possibilitaria a preservação da memória de eventos relativos à energia em Goiás.
Goiânia 90 lugares
Goiânia faz 90 anos em 24 de outubro. Por isso, o Sistema Sagres de Comunicação, com apoio da Prefeitura de Goiânia elaborou um guia de 90 locais a serem conhecidos por você que é goianiense, que mora na capital ou que está de passagem por aqui. Esta é a campanha “Goiânia 90 Lugares”.
A produção inclui 90 reportagens em texto e fotos de lugares marcantes da cidade, 30 vídeos, um mapa e uma página especial. A campanha conta ainda com entrevistas especiais sobre a construção, estrutura e futuro da nossa capital.
As ações tem coordenação de Rubens Salomão, com pesquisa e textos de Samuel Straioto, Arthur Barcelos e Rubens Salomão. Imagens e edição de Lucas Xavier, além das reportagens em vídeo de Ananda Leonel, João Vitor Simões, Rubens Salomão e Wendell Pasqueto. A coordenação do digital é de Gabriel Hamon. Coordenação de projetos é de Laila Melo.
*Este conteúdo está alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis