O zagueiro Rafael Vaz deixou o Goiás Esporte Clube em setembro de 2020 para jogar no Al-Khor, do Qatar, por dois anos. Em entrevista exclusiva ao repórter André Rodrigues, da Sagres 730, o jogador falou sobre os seus primeiros cinco meses morando em Doha.

O atleta destacou que está gostando do país, se adaptando a cultura diferente e que sua maior dificuldade é a língua, já que não fala inglês fluentemente. Em relação ao futebol, Vaz disse que os treinamentos são diferentes e que o calendário é muito mais leve. Segundo ele faltam cinco jogos para a Liga acabar e as partidas serão disputadas em dois meses.

Outra diferença pontuada por Rafael Vaz é em relação a vacinação contra a Covid-19 e as medidas de prevenção contra o vírus. Os jogadores de futebol que atuam no país já foram imunizados, assim como os técnicos e suas comissões.

Eu estou bem feliz porque eles vacinaram todos os jogadores da Liga, de todos os times. O país é bem rígido com relação a Covid. Existe um aplicativo aqui que fica verde, amarelo e vermelho, então em qualquer estabelecimento que você for no país, você só entra se estiver verde. Se tiver amarelo, significa uma suspeita (de Covid) e pelo fato de ser suspeito, você já não entra em qualquer lugar. E vermelho esquece. Se por um acaso você estiver na rua e por exemplo a pessoa do seu lado estiver verde e você amarelo, chega uma mensagem para ela falando que existe uma pessoa que está com aplicativo amarelo é para ela tomar cuidado. Então o país toma muito cuidado com a Covid, revelou.

Com 2,8 milhões de habitantes, o Qatar tem adotado medidas rígidas no combate ao coronavírus. Os nomes das pessoas que não respeitam a quarentena são divulgados e elas podem até ir parar na cadeia. Usar máscara nas ruas é obrigatório, como na maioria dos países do mundo. Mas, no Qatar, quem for pego sem a proteção pode ser multado em 200 mil rials qataris (cerca de R$ 300 mil) ou ser preso.

Morando com a esposa e os filhos, Vaz é o único que já recebeu a vacina. Ele relatou que em no Qatar a imunização dos idosos também está sendo priorizada, mas disse que espera que sua família também receba a vacina em breve. “A minha família ainda será vacinada, espero antes de junho, antes das férias acho que eles já terão se vacinado”, frisou.

Com amigos e familiares no Brasil, o zagueiro ainda comentou sobre a situação do país no combate a Covid-19.

“É muito complicado, tenho meu pai aí, tenho família, tios, irmãos e a gente fica muito preocupado. Ainda mais com meu pai que já tem mais de 50 anos. A gente espera que as pessoas tomem cuidado, porque tem pessoas morrendo, famílias sendo destruídas de verdade e realmente não é brincadeira. Às vezes nós, mais jovens, não levamos tão a sério porque achamos que é simplesmente um resfriado. Porém, tem pessoas passando muito mal nos leitos, à beira da morte e é complicado. Então fico receoso por conta da minha família que está no Brasil, amigos… é pedir muito a Deus para que não aconteça nada de mal com eles”, afirmou.

Dentro das quatro linhas o brasileiro já marcou três gols em 14 partidas. Ao ser questionado se já pegou a fama de zagueiro artilheiro no Qatar, o jogador disse que ainda não e salientou que precisa se adaptar mais ao novo país.

Foto: Al-Khor

Quem me dera eu tivesse pego essa fama. Venho trabalhando bastante, me adaptando que é o mais importante. Eu sempre tenho um problema de adaptação, foi assim na última vez que eu saí do Brasil, e agora eu estou me adaptando bem melhor ao futebol. Então a tendência é que melhore bastante e desses três gols o último foi de falta e eu fiquei bem feliz de voltar a marcar em cobranças de tiro livre, detalhou.

Longe do Brasil, Rafael Vaz acompanhou o rebaixamento do Goiás e revelou que não esperava que o clube fosse passar por isso na temporada de 2020.

A gente nunca imaginava isso, quando eu estava aí a gente sempre foi um grupo que trabalhou muito e sempre quis sair dessa situação. Eu jamais imaginava, eu fiquei muito tranquilo quando eu falei que ia sair, porque eu queria sair do Goiás pela porta da frente. Pude sair vendido, então eu jamais imaginava. Acho que de todos que estavam lá, até o mais pessimista não imaginava que o Goiás seria rebaixado, ressaltou.

Para o atleta, todos dentro do clube tem sua parcela de culpa pela queda à Série B do Brasileirão.

“Acho que foi uma série de fatores, se for para eu apontar acho que todos poderiam ter dado um pouco mais. Em toda a campanha do Goiás, acho que a diretoria, os jogadores… Todo mundo ficou devendo, se todos tivessem tentado dar algo a mais, tivessem, tivessem jogado mais, nós não estaríamos nessa situação. O Goiás não teria sido rebaixado. É difícil falar, mas quero enaltecer que o Goiás terminou de cabeça erguida, lutando, correndo e tentando fazer as coisas certas”, argumentou.

“Agora é aprender com o erro para nunca mais (errar). Estarei na torcida para que se Deus quiser o Goiás esse ano mesmo possa voltar para a Série A, que é o mais importante (…). É difícil apontar um culpado e se for para ter um culpado que sejam todos, é melhor todos assumirem a responsabilidade do que a gente jogar a culpa em uma pessoa, ou talvez em um setor ou em algum cargo. Acho que todos que estavam vestindo a camisa do Goiás são culpados, porque se todos estivessem feito diferente o Goiás não teria sido rebaixado”, concluiu.