Na manhã desta quinta-feira (8), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada que as “eleições, ano que vem, serão limpas. Ou fazemos eleições limpas no Brasil, ou não teremos eleições”. A declaração do presidente ocorre no momento em que o Congresso discute mudanças no sistema eleitoral, dentre elas, a proposta de voto auditável.

O deputado federal Major Vitor Hugo defendeu em entrevista à Sagres, nesta sexta-feira (9), que o presidente não ameaçou a democracia com a declaração e que falava, apenas, sobre a necessidade de fazer valer a vontade do parlamento, caso aprove a Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

“isso já foi aprovado por meio de lei em, pelo menos, dois momentos. Aí o Supremo Tribunal Federal (STF) invalidou as duas leis sob o argumento da quebra de sigilo do voto, o que na verdade não é correto”, explicou o deputado. Vitor Hugo se refere a decisão do STF, em setembro do ano passado, que considerou a impressão do voto inconstitucional por violar “o sigilo e a liberdade do voto”.

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Desta vez, o deputado federal afirmou que o sistema é diferente. Segundo Vitor Hugo, a urna que pretendem implantar imprime o voto sem a identificação do eleitor, que confere e após a confirmação o papel é despejado em uma urna física. “Aí podemos fazer a contagem pública dos votos na sequência”.

“O que eu tenho visto o presidente falar é que caso o parlamento aprove e agora o faça por meio de uma PEC, em que são 308 votos, votados em dois turnos em cada casa, que ele vai garantir que a votação seja da maneira como o parlamento, que representa o povo brasileiro determinou. Eu interpreto a fala do presidente dessa maneira”, argumentou o parlamentar.

Eleições 2022

As eleições de 2022 em Goiás tem gerado questionamentos sobre a relação entre Jair Bolsonaro e o governador do Estado, Ronaldo Caiado (DEM). Os políticos que se posicionavam juntos, tiveram desentendimentos recentes, em função de discordâncias quanto às medidas adotadas no combate à pandemia.

O deputado federal Major Vitor Hugo (PSL) afirmou que leu esta semana sobre um possível lançamento do DEM de Henrique Mandetta, como pré-candidato à presidência do Brasil. Segundo o deputado, agora é preciso esperar qual a decisão de Caiado, diante da “amizade e proximidade” entre os dois políticos do DEM.

“Inclusive, o Caiado foi o grande mentor e elo de ligação do Mandetta com Bolsonaro, lá atrás, na transição para torná-lo ministro da Saúde. Depois nós assistimos, durante o processo que levou a saída do Mandetta do Ministério, o Caiado dando apoio, levou o Mandetta até o Palácio das Esmeraldas na antevéspera da demissão dele, para dar uma entrevista para o Fantástico, que eu acho que foi a gota d’água para a permanência dele no Ministério”.

Deputado federal Major Vitor Hugo, em entrevista à Sagres, nesta sexta-feira (9)

Vitor Hugo se refere à entrevista concedida pelo, à época, Ministro da Saúde, Henrique Mandetta, ao Fantástico, da TV Globo, no dia 12 de abril de 2020, que foi realizada no Palácio das Esmeraldas. No período, Caiado chegou a oferecer um cargo para o colega de partido em Goiás, caso fosse demitido do Planalto. Quatro dias após a entrevista, no dia 16 de abril, Mandetta foi demitido do Ministério da Saúde, mas nunca assumiu nenhum cargo no Estado governado por Ronaldo Caiado.

Sobre as últimas ações feitas pelo deputado, diante do quadro incerto, o deputado federal afirmou que o vídeo gravado propondo que a direita fizesse uma enquete para decidir os candidatos em Goiás, não conteve nenhuma crítica, apenas fatos. “O Caiado fez algumas falas em contraposição direta ao presidente ou ao que o presidente defendia. Então, realmente, afastou parte da base bolsonarista no Estado, que, em grande medida, coincide com a base que o elegeu governador”.

Vitor Hugo reafirmou que é preciso ter uma “posição clara de para onde vai o DEM, para onde vai Caiado, para que a direita em Goiás possa decidir”. Pela indefinição, o deputado afirmou que é cedo para declarar se haverá ou não outra candidatura de direita em Goiás.

Bolsonaro em qual partido?

Desde o final de maio, o Patriota se movimenta para tentar receber o clã Bolsonaro no partido. Porém, as ações tomadas pelo presidente da sigla, Adilson Barroso, causou divisão dentro do partido e ações foram movidas contra a convenção nacional em que a filiação de Flávio Bolsonaro foi confirmada. Vale ressaltar que os integrantes da cúpula que acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF) afirmam não ser contrários à entrada do grupo político de Bolsonaro no Patriota, mas sim que decisão sobre a filiação deve ser mais democrática. Desde então, o presidente do partido tem sofrido com seguidas derrotas na justiça, que afastam Bolsonaro da sigla.

Questionado sobre o tema, Vitor Hugo afirmou que o processo decisório tem sido de Jair Bolsonaro e do filho, Flávio Bolsonaro. Porém, o deputado federal afirmou que antes estava mais empenhado e que ainda acredita que, “com algumas alterações”, o PSL seria uma possibilidade. “Em vista da contraposição que terá de ser feita ao PT, que tem uma estrutura partidária imensa. Tem uma quantidade expressiva de deputados, senadores, uma base estrutura e é o nosso principal adversário para o ano que vem”.