Todos nós precisamos nos comunicar. Mas nem sempre a comunicação, enquanto mecanismo de inclusão social, está acessível para as pessoas que possuem algum tipo de deficiência auditiva. Fazer o intercâmbio da comunicação dos deficientes auditivos com as outras pessoas é a principal função dos tradutores e intérpretes de Libras, profissão regulamentada em 2010 por meio da Lei 12.319. 

Mercado 

Para exercer a profissão é preciso ser graduado em Letras Libras, curso que tem duração média de quatro anos. Segundo dados publicados no site da Universidade Federal de Goiás (UFG), a matriz curricular do curso inclui disciplinas como ‘Aquisição da Língua de Sinais’; ‘Língua Portuguesa’; e ‘Estudos da tradução e escrita de sinais’. 

Durante o curso, o aluno opta entre a licenciatura e o bacharelado. Em termos salariais, os ganhos iniciais de tradutores e intérpretes de Libras variam de R$ 1500,00 a R$ 2.500,00 mensais.  No mercado, além de trabalhar em escolas, tradutores e intérpretes também podem atuar em outros locais, como hospitais e empresas.

Segundo a tradutora e intérprete de Libras do Instituto Federal de Goiás (IFG), Marly Rodrigues, na área da educação, o êxito do trabalho depende da parceria entre professores e intérpretes.

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Em sala de aula, Marly Rodrigues tem a companhia da professora do curso de Pedagogia Bilíngue do IFG, Waléria Batista. A docente elucida que o ato de pensar uma educação voltada para deficientes auditivos vai além de simplesmente dominar a Língua Brasileira de Sinais (Libras). 

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Direitos

De acordo com estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao Censo 2010, quase 10 milhões de pessoas possuem algum tipo de deficiência auditiva no Brasil. Desse contingente, aproximadamente 2,148 milhões de pessoas apresentam deficiência auditiva severa, que é quando a perda de audição varia entre 70 e 90 decibéis.

Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), em nosso país, os primeiros passos na luta pelos direitos dos deficientes auditivos foram dados na década de 1980, através da presença de intérpretes em trabalhos religiosos. Já em 2002, a Língua Brasileira de Sinais foi oficializada pela Lei 10.436, e no ano de 2005, a Libras foi regulamentada pelo decreto 5.626, que obriga todas as instituições de ensino do país a possuir profissionais de Libras em seu quadro de magistério. 

Em Goiás, o principal órgão responsável pela defesa dos direitos dos deficientes auditivos é a Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CDPCD) da Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB-GO). Criada em 2012, a Comissão tem como função dar apoio legal à pessoa com deficiência, fiscalizando o cumprimento das leis e oferecendo auxílio jurídico. O presidente da CDPCD, Hebert Batista, explica como a Ordem tem atuado para tirar a Lei 10.436 do papel. 

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Ainda segundo Hebert Batista, apesar do avanço na legislação a demanda por intérpretes de Libras continua sendo superior ao número de profissionais capacitados para exercer a função. Em março deste ano, a Comissão enviou um pedido ao governo estadual cobrando a instalação de uma Central de Libras em Goiânia, com o objetivo de atender a todos os cidadãos que necessitarem de interprete da Língua de Sinais, seja em repartições públicas, cartórios, audiências ou qualquer outro local que este acompanhamento for demandado.

Na ocasião, a secretária Lêda Borges fez o compromisso de se empenhar na instalação da central, bem como manter o diálogo com a OAB Goiás e com as administrações municipal e estadual, para resolver definitivamente a situação.

“Cobramos do Estado um empenho maior e a flexibilização dos requisitos que são exigidos do município, para que de fato essa central venha ser instalada, com a maior urgência possível, uma vez que a sua ausência está causando muitos transtornos”, explica Hebert.

Com informações da OAB-GO