Um novo estudo publicado na revista científica The Lancet projeta um aumento de 370% nas mortes anuais causadas pelo calor. As altas temperaturas registradas em todo o mundo trazem riscos para a saúde. Assim, o assunto colocou em debate as ações de mitigação contra o aquecimento global.

O estudo adverte que com o cenário atual o planeta deve atingir a temperatura de 2,7 °C até 2100. A estimativa indica então mais riscos à saúde humana e projeta o aumento de mortes até meados do século. 

O cenário para a saúde potencializa a incidência de doenças infecciosas. A transmissão da dengue, por exemplo, pode ter uma rápida expansão global. A estimativa é que o potencial de transmissão seja de 36% a 37% em todo o mundo.

A ONU já aponta que as ações em curso estão sendo insuficientes para manter o aumento da temperatura global em 1,5ºC. Aliás, existe uma projeção do Imperial College de Londres que indica que o mundo pode atingir essa temperatura já em 2029. Entretanto, um dos primeiros aspectos sentidos fisicamente é o calor, mas a temperatura física pode afetar a saúde como um todo.

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Calor

O 8° relatório Lancet Countdown aborda a relação entre a saúde e as alterações climáticas. Portanto, este é o primeiro ano que o estudo foca na saúde. Segundo a publicação, o lançamento a poucas semanas da COP 28 não foi um acaso.

“As conclusões sublinham a oportunidade única que a COP pode ajudar a proporcionar – através de compromissos e ações para acelerar uma transição justa. Sem uma mitigação profunda e rápida para combater as causas profundas das alterações climáticas e apoiar os esforços de adaptação, a saúde da humanidade corre um grave risco”, apontou. 

Além disso, o Lancet Countdown destacou que “as mudanças climáticas estão custando, hoje, vidas e meios de subsistência em todo o mundo”. Marina Romanello, diretora executiva da Lancet Countdown, comentou que as projeções revelam que as ações de combate e prevenção têm sido insuficientes.

“As projeções de um mundo 2°C mais quente revelam um futuro perigoso e são um lembrete de que o ritmo e a escala dos esforços de mitigação vistos até agora têm sido lamentavelmente inadequados para proteger a saúde e a segurança das pessoas”, disse.

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O quadro pode ser revertido

“Ainda temos esperança”, afirmou Marina. Pois as estimativas fazem parte de um quadro que tem possibilidade de reversão dos impactos. Então, a diretora da Lancet Countdown mostrou entusiasmo com a COP 28, que começa em 30 de novembro, em Dubai.

 “O foco em saúde na COP 28 é a oportunidade de ouro para garantir compromissos e ações.”, contou. Ações como a eliminação dos combustíveis fósseis e adaptação de políticas em relação às mudanças climáticas para a saúde são pontos positivos para a conferência. 

“As ambições do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5 °C ainda são atingíveis e um futuro próspero e saudável está ao nosso alcance”, disse Marina Romanello.

O texto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 03 – Saúde e bem-estar, o ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima e o ODS 17 – Parcerias e meios de implementação.

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