O Agir Sustentável nasceu da ideia de ressignificar a forma de consumo desenfreado pela sociedade. Os mesmos produtos que utilizamos todos os dias e descartamos em seguida podem se tornar matérias-primas para novas criações, uma nova forma de reinvenção de consumo. Utilizando-se de roupas usadas, familiares de jovens participantes do programa de aprendizagem Demà by Renapsi aprendem a modelar e confeccionar artesanato em oficinas oferecidas pelo Sistema Sagres de Comunicação e o projeto Circula Roupas. Nas peças já usadas e que provavelmente acabariam no descarte inadequado, uma nova peça é transformada.

Tintas solúveis e produtos orgânicos também foram utilizadas

A coordenadora do projeto, Cleia Medeiros, destaca que o intuito da ação é aprender com as práticas do dia a dia, que muitas coisas que já utilizamos podem ser reaproveitadas e evitar o consumo inadequado, prejudicando o meio ambiente.

“O Agir Sustentável faz parte do nosso dia a dia a partir de ações que fazemos em casa. É importante que comecemos a pensar sobre essas ações, sobre o que estamos produzindo e qual será o impacto disso no meio ambiente. Compreender que a sustentabilidade é o caminho para um mundo mais equilibrado. O projeto nasce aqui na Sagres, mas o nosso objetivo é fazer com que ele seja parte do dia a dia de todos que vivem a realidade do nosso ambiente corporativo e daqui para toda a sociedade”, explica.

Economia Circular

Com a reutilização das roupas que seriam descartadas, as peças são remodeladas, partindo da concepção do modelo econômico da economia circular, que é baseada na ideia de que toda matéria-prima pode ser reutilizada e transformada, para que essa não se torne lixo após o consumo. A proposta é fazer com que haja uma transição na economia feita hoje para uma economia que pense na reutilização dos produtos que circulam no mercado e que consequentemente após a utilização vá para lixões e aterros sanitários. Em outras palavras, reduzir o que vira lixo, equilibrando o processo de sustentabilidade. O que vira resíduo hoje torne recurso para voltar ao mercado e circular.

A oficina utilizou produtos de reaproveitamento, reutilização de produtos reciclados

A estilista e jornalista Luciana Nunes está no mercado da moda há 13 anos e conta que a importância de ressignificar o que já utilizamos no dia a dia é uma necessidade para esta indústria, que acumula grandes quantidades de tecidos descartados no meio ambiente.

“É muito importante políticas públicas voltadas para a proteção do meio ambiente. Temos que evitar que essas peças sejam descartadas em lixões, uma vez que elas vão parar ali, não há mais volta, ela acaba ali e prejudica o meio ambiente. É isso que aprendemos aqui, que não precisa ser descartado, dá para reinventar novas peças, remodular, criar a partir de coisas já existentes. Eu vejo que avançamos bastante.”

Luciana destaca ainda que realidades de ilhas de roupas em oceanos fez com que o mercado da Indústria Têxtil refletisse a sua forma de produção desenfreada, outro ponto citado é a produção por meio de produtos menos poluentes, como o algodão.

“Temos notado a presença de materiais mais tecnológicos, com menos uso de malhas como o poliéster, que é utilizado para a fabricação de peças, e utiliza o petróleo como matéria-prima. Precisamos começar a retomada dos tecidos naturais, como por exemplo, o algodão, que está cada vez maior e está em falta no mundo, o linho também é outro exemplo, vejo que estamos evoluindo, mas a produção ainda é maior do que a responsabilidade com o meio ambiente. A gente precisa começar a reaproveitar o material que já está na natureza, entre nós”, esclarece.

Repensar a nossa forma de consumo deve ser uma tarefa realizada todos os dias, conheça nossas reportagens sobre o meio ambiente.