Além do espetáculo: Entenda como o Super Bowl se tornou o maior evento esportivo do mundo

Daqui a pouquinho, às 20:30 deste domingo 13 de fevereiro, todos nos Estados Unidos e boa parte do planeta vão voltar os olhos para o principal evento anual do esporte americano: o Super Bowl. Com certeza este é o momento mais esperado do ano para os fãs da bola oval, assim como é para este que vos escreve.

Em sua 56ª edição, os protagonistas da final da NFL (National Football League), liga de futebol americano do EUA, serão Los Angeles Rams e Cincinnati Bengals que duelarão pelo cobiçado troféu Vince Lombardi por 60 minutos de jogo.

O primeiro joga em casa e tenta pela segunda vez na história ser campeão em seus domínios. Montou um time cheio de estrelas praticamente dando “all in”, gastando muito dinheiro e comprometendo escolhas futuras. Já o segundo tem um time mais barato mas com uma jovem estrela em ascensão que não sente a pressão, um time jovem e promissor, mas todos são muito inexperientes.

Los Angeles Rams e Cincinnati disputam o Troféu Vince Lombardi no SoFi Stadium em Los Angeles. Foto: Divulgação NFL.

Mesmo quem não conhece direito o futebol americano já ouviu falar do Super Bowl. A final da NFL é o evento de maior audiência da TV nos EUA. Nada menos que 100 milhões de pessoas, só nos Estados Unidos, em média, costumam acompanhá-lo. Fora de lá são quase 1 bilhão de pessoas espalhadas pelo mundo em outros países – caso do Brasil – cada vez mais ligados na decisão.

Mas como o Super Bowl se tornou esse fenômeno mundial? Primeiro precisamos entender as origens do esporte. Inventado no início do século XX por alunos de Harvard e Yale, tendo como origem o rúgbi inglês, o jogo em seu primórdios era muito mais violento que o atual (acredite). Mas, além do contexto histórico da época, dois fatos foram determinantes para que o jogo ganhasse popularidade.

Conhecido apenas como “Unknown Team” tido como primeiro time de futebeol americano. Foto: Domínio Público Hall of Fame NFL.

O primeiro foi fazer com que o jogo ficasse mais “limpo”, de maneira estética. Se você for assistir a vídeos de futebol americano nas décadas de 1930 e 1940, o jogo ainda é muito truncado e pelo menos 80% das jogadas são terrestres. Quase não existiam jogadas de passe para frente, embora ele na prática já houvesse sido legalizado nas regras.

O segundo é a ascensão da TV como meio de comunicação em massa – não adianta o negócio ser legal se o máximo de pessoas não puderem assistir. Nos Estados Unidos já havia uma presença forte de canais de televisão como ABC, CBS e NBC em lares americanos ao final da década de 1950. Faltava um grande jogo.

Foi o que a liga teve em 1958, na decisão entre Baltimore Colts e New York Giants. A final da National Football League em 1958 é denominada como “The Greatest Game Ever Played” (ou, a “Maior Partida Já Jogada”, em tradução livre). O grande ponto é que a final de 1958 entre Colts e Giants marca um paradigma: dali para frente começaria definitivamente uma escalada que culminou com o Futebol Americano Profissional em sendo o esporte mais popular dos Estados Unidos.

O quarterback Johnny Unitas (19) foi um dos primeiros super astros do futebol americano. Foto: Reprodução ProFootbal.com

A princípio, como é o futebol no Brasil, o futebol americano é algo intrínseco às pessoas americanas. Lembra aquele sentimento em época de Copa do Mundo para nós, ou seja, é algo celebrado e diga-se que todos já nascem sabendo. De fato, é a celebração de uma cultura que mistura esporte, marketing e shows. Isto é, uma experiência que fica marcada na história.

Como já aconteceu em várias ocasiões na história dos esportes, o futebol americano não fica alheio às questões políticas. Uma polêmica recente envolvendo o hino nacional americano e os jogadores da NFL causou um embate direto com o presidente Donald Trump.

Em 2016, o quarterback Colin Kaepernick, que jogou pelo San Francisco 49ers de 2011 a 2016, se recusou a ficar de pé durante o hino antes de uma partida. Depois ele explicou que seu gesto foi uma crítica à opressão dos negros nos EUA.

Colin Keapernick durante a execução do hino nacional americano. Foto: Reprodução Twitter.

A questão da brutalidade policial contra minorias estava em alta no país. O gesto isolado foi ganhando adeptos, e ao longo dos meses seguintes tomou grandes proporções. Dezenas de atletas optaram por se ajoelhar durante a execução do hino e foram duramente criticados por Trump.

Ainda em 2016 foi a vez de Beyoncé provocar polêmica. Sua performance pautou questões em torno dos conflitos raciais nos EUA. Ela e as dançarinas usavam roupas que lembravam os Panteras Negras, organização revolucionária que lutava contra o racismo na década de 1960, e dançavam com gestos que encenavam raiva.

Além do jogão, o mundo todo para ver os shows memoráveis do intervalo. Antes da década de 1990, as apresentações do show do intervalo do Super Bowl eram de bandas de universidades e bandas militares. Mas tudo mudou em 1993 em Pasadena na Califórnia quando o convidado, que era o maior artista do mundo na época em questão (e talvez de todos os tempos) se apresentou. Michael Jackson fez um show histórico que elevaria o sarrafo das apresentações do intervalo.

Michael Jackson em sua lendária apresentação no Super Bowl de 1993 em Pasadena, Califórnia. Foto: Reprodução ProFootball.com

Desde então o Half Time Show se tornou um espetáculo que todos aguardam para conferir. As apresentações inclusive já contaram com Shakira, Coldplay, Aerosmith, Madonna, Paul McCartney, Bruno Mars, Prince, Rolling Stones, U2, Diana Ross, Katy Perry, Lady Gaga e tantos outros nomes históricos no mundo da música.

Em 2022 teremos os que promete ser o maior show de todos em tempos. Figuras da lendárias da música local vão se apresentar em Los Angeles. Dr. Dre, Snoop Dogg, Mary J. Blige, Eminem e Kendrick Lamar prometem revolucionar o tradicional Halftime Show. Imperdível!

+Confira aqui o teaser “The Call” do show de 2022.

Vale lembrar que o jogo é tão importante, que a venda de espaços comerciais são milionários. O valor de um comercial de 30 segundos durante o jogo ultrapassa os 7 milhões de dólares (R$ 36.8 milhões) neste ano. O ingresso mais barato para o jogo deste domingo custa nada menos que U$ 5.950, o equivalente a pouco mais de R$ 31 mil, na atual cotação da moeda americana.

Em um ano marcado pelo retorno em massa dos torcedores aos estádios e pela maior temporada da história da liga (pela primeira vez foram 17 jogos por equipe, totalizando 272 na temporada regular) o Super Bowl que coroará o campeão de 2021 tem tudo para ser um dos melhores de todos os tempos.

Leia mais:

Mais lidas:

Leia também: