Após algumas semanas de queda, o dólar está voltando a subir e na quarta-feira (27) operava em R$ 4,90. Especialistas analisam que o aumento da moeda estadunidense não tem ligações com fatores internos do Brasil. Em entrevista à Sagres, a doutora em Economia, Ana Luiza Mendes, afirmou que mesmo assim os brasileiros vão sentir no bolso.

“Quando a gente olha para a parte dos industrializados, para a prestação de serviços, tudo aquilo que é insumo que a gente consome e que vem de fora, vem com um preço mais alto também. O que a gente pode esperar para os próximos meses aqui no Brasil, como uma consequência imediata é uma inflação de custo”, explicou. 

Esse impacto causado no mercado interno brasileiro por conta da alta do dólar está ligado, principalmente, ao preço dos combustíveis e dos alimentos. “Quando a gente tem alta do dólar, a gente precisa olhar a matriz de importação e exportação do Brasil. Então a gente exporta muitos produtos primários e a gente importa muitos produtos industrializados, e a gente importa também muitos insumos, inclusive do setor agrícola, setor primário do Brasil. Então tudo aquilo que for industrializado, que os insumos vierem de fora, a gente vai ver uma alta”.

Com a aversão ao risco mundial dos investidores com crises como a nova onda da Covid-19 na China e a guerra entre Rússia e Ucrânia, a moeda vinha numa sequência de quedas frente ao real. De acordo com Ana Luiza, a causa da queda foi a diferença percentual da taxa de juros brasileira, a Selic, com a taxa de juros do resto do mundo. Com isso, estava atrativo para o investidor manter o dólar no Brasil.

Além da instabilidade internacional, uma mudança do Banco Central dos Estados Unidos tem mudado o cenário do dólar e contribuído para a valorização da moeda novamente. “A taxa básica de juros americana vem subindo e a perspectiva para os próximos períodos é de alta novamente. Esse é um dos principais motivos que está levando a uma alta do dólar aqui no Brasil”, explicou Ana Luiza.   

Confira a entrevista completa:

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