Um cantinho para chamar de seu quando o assunto é imersão em literatura e educação. Assim é a Biblioteca Comunitária João Rosa, uma referência ao modo como Guimarães Rosa era chamado por seu capataz Manuel Nardy, o Manuelzão de Andrequicé. O local, que já funcionou como ponto de cultura com rodas de leitura, reflexão e de contação de histórias, hoje atende crianças e jovens da Escola Estadual Carlos Alexandre de Oliveira no contraturno escolar. São aulas de reforço, ministradas pela professora Amanda Reis.

“A biblioteca sempre teve o projeto de apoiar os estudantes. Comecei só com 5 alunos e hoje tenho 30. Tenho que dividir as turmas para conseguir ajudar a todos eles com as tarefas e ajudar a ler também”, conta a jovem.

Nascida em Andrequicé, Amanda tem 21 anos e sabe da importância da educação. A professora ajuda com as tarefas de casa e tira dúvidas dos alunos. “No começo foi muito difícil, pois as crianças tinham dificuldade inclusive com o alfabeto. Então, nesse ano, há uns dois meses, a gente ganhou um quadro branco, foi uma doação. Antes eu tinha que fazer tudo no papel e mostrar”, relata.

Apesar do nome, nem só de obras de Guimarães Rosa vive a biblioteca, que fica no Armazém da Cultura do Memorial Manuelzão, patrono da Semana Cultural que movimenta a vila anualmente. É o que explica a coordenadora da Samarra, Lidijane Gonçalves dos Reis.

“Temos um cantinho apenas com obras de Guimarães Rosa e dedicado à ele. Tudo que a gente tem como entrevistas em revistas, jornais, livros dele. Mas também temos outras literaturas, livros didáticos, livros de pesquisa, autoajuda, de cura, de religião, ou seja, temos de tudo um pouco aqui na nossa biblioteca. Temos também uma coleção de enciclopédias que ficarão expostas”, descreve a coordenadora.

Doações

Biblioteca João Rosa, em Andrequicé (Foto: Johann Germano/Sagres Online)

Ademais, a biblioteca também recebe doações e atende à toda comunidade de Andrequicé. Nesse sentido, aualquer pessoa pode visitar e frequentar o espaço, inclusive pegar exemplares emprestados para ler em casa. Segundo Lidijane, quem conhece o local se encanta e faz questão de contribuir com o acervo.

“A gente recebe livros de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Cordisburgo [cidade natal de Guimarães Rosa]. As pessoas vêm, conhecem a biblioteca, ficam sabendo do nosso trabalho e mandam livros”, acrescenta Lidijane.

Conecta Sertão

Idealizada pelo presidente da Sociedade dos Amigos do Memorial Manuelzão e de Revitalização de Andrequicé (Samarra), José Antônio Vicente de Souza, a biblioteca passará por uma modernização. Com ajuda do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e patrocínio da empresa Minasligas, a Biblioteca João Rosa passará a contar com 10 computadores, por meio do programa Conecta Sertão.

“Serão nove computadores para utilização dos alunos e um para uso da professora, sempre no contraturno dos estudantes. Além disso, serão divididos em duas turmas em dois horários pela manhã e dois horários à tarde”, explica

Os equipamentos, porém, deverão chegar à biblioteca nas próximas semanas. Além disso, o espaço já possui acesso à internet sem fio. Enquanto isso, a professora Amanda tenta conter a ansiedade dos pequenos leitores e, por que não, futuros escritores? “Eles estão ansiosos, perguntam para mim todos os dias sobre quando irá começar a utilizar os computadores. No que depender de mim, vou ajudá-los cada vez mais, todos os dias”, completa.

Este conteúdo está alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 04 – Educação de qualidade.

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