”Antes do livro didático, o Cocar” foi o último documentário da sessão especial “Conexão Juventudes”. Exibida sob a direção de Rodrigo César Cortez de Sena, a produção foi realizada nas cidades de Canguaretama e Goianinha, ambas no Rio Grande do Norte. O filme traz a educação indígena como ponto central.

O filme aborda a realidade de estudantes indígenas enfrentam na educação. Em entrevista à Sagres, o técnico pedagógico da Gerência de Educação do Campo Quilombola, Indígena e Populações em Situação de Itinerância, que faz parte da Secretaria Estadual de Educação de Goiás (Seduc-GO), Sinvaldo Oliveira Wahuka, enumera os principais desafios enfrentados pelos estudantes e também pela própria educação.

Assista a seguir a partir de 17′:

”É integrar a sociedade indígena dentro da educação não-indígena, porque onde temos maior dificuldade de ingressar os nossos jovens é quando eles se deslocam de seus territórios, como uma aldeia, e chegam na escola não-indígena, nas universidades, tem muitas dificuldades, por causa das culturas e da língua que é difícil de expressar”, afirma. ”A maior dificuldade que a sociedade indígena vive no Brasil é a escola indígena aceitar esse lado. A escola é para isso, é para resgatar a cultura e a língua indígena”, complementa.

O jornalista, especialista em Cinema, Fausto Borges, enfatiza a importância de produções como ”Antes do livro didático, o cocar”, que mostram como a cultura indígena pode ser valorizada no meio educacional.

”O filme mostra muito bem como uma escola que está inserida dentro da comunidade, os jovens não precisam mais sair da comunidade para estudar, e passam a ter uma aceitação melhor da sua própria cultura. A escola também ensina a língua deles, então mantém viva essa cultura”, argumenta.

A instrutora da Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi), Eliz Rosana, reforça a importância da inserção indígena na educação. Um exemplo, segundo ela, é o PJAI, Programa Jovem Aprendiz Indígena, da Escola Paulista de Medicina.

”São cerca de 50 jovens que fazem parte desse programa, e esses jovens estão atuando nas áreas administrativas da instituição. É muito importante trazer esse olhar e acreditar na capacidade desses jovens, e tirar esses estigma que existe como se o jovem indígena tivesse que estar caracterizado sempre para poder mostrar ou ser destacado como indígena. Não, ele é um ser humano, parte de um grupo que precisa e merece toda a nossa atenção e nosso olhar”, aponta.

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