As medalhas de Rebeca Andrade nas Olimpíadas de Tóquio, tem inspirado milhares de jovens no Brasil. A atleta ganhou a primeira medalha olímpica da ginástica artística brasileira ao ficar com a prata no individual geral e entrou para de vez para história com o ouro no salto, tornando-se a primeira brasileira a ganhar duas medalhas em uma única edição das Olimpíadas. De origem humilde, Rebeca entrou na ginástica através de um projeto social de inicial esportiva da prefeitura de Guarulhos, na Grande São Paulo.

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Em Goiânia, a professora de ginástica artística, Débora Araújo, relata que no projeto de iniciação esportiva do governo estadual, realizado na Praça dos Esportes no Setor dos Funcionários, nunca lhe faltaram alunas. Pelo contrário, segundo ela, a lista de espera sempre foi grande e com o sucesso de Rebeca, a tendência é que a demanda cresça ainda mais.

“A maioria das crianças que iniciam na ginástica são crianças carentes, que vem de longe e a própria Rebeca, muitas vezes ia até a pé para o ginásio porque a mãe não tinha dinheiro para pagar o ônibus. Então, o fato dela também ter vindo de um projeto social e ter chegado a uma Olimpíada é um gatilho muito grande de inspiração para a nova geração que está começando agora”, destaca.

Débora é professora do projeto desde 2015 tem uma média de 200 alunos na ginástica artística. Ex-aluna do programa, ela conta que a modalidade é procurada principalmente pelas meninas, que são a maioria nas seis turmas. Para a professora, começar cedo no esporte foi fundamental na escolha de sua profissão.

“Comecei lá muito novinha, com sete anos de idade. Por volta dos 17, 18 anos tive que parar para me dedicar a faculdade. Mas meu amor pela ginástica sempre foi tão grande que busquei outra forma de voltar para o esporte, que foi cursando Educação Física. Aí voltei como estagiária por um ano e de 2015 até os dias atuais eu continuo lá na Praça, já formada, como professora das meninas da ginástica”, relata.

Devido a pandemia as aulas do projeto estão suspensas desde março de 2020. Segundo o superintendente de Esporte e Lazer da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (SEEL), Antônio Carneiro, as atividades do programa devem ser retomadas neste mês de agosto.

Campeonato Nacional no Rio de Janeiro (Foto: Arquivo pessoal/Débora Araújo)

“O projeto foi paralisado de acordo com os decretos que estamos vivendo ao longo da pandemia, não dava para fazermos nenhum tipo de aglomeração. Mas a notícia boa é que neste mês vamos voltar. Tivemos várias reuniões com a Secretaria de Saúde, já estabelecemos os protocolos e vamos voltar gradativamente respeitando todas as normas aconselhadas pela Secretaria de Saúde. Assim que tivermos condições sanitárias voltaremos com 100% da nossa capacidade aqui em Goiânia e no interior também”, detalha.

Além de treinar, os alunos do projeto de iniciação esportiva também dão os seus primeiros passos em competições estaduais, nacionais e internacionais. Os pequenos atletas de Débora Araújo já participaram de competições no Rio de Janeiro, no Chile e no Uruguai. A professora ressalta a importância do esporte na formação das crianças.

“Não só a ginástica artística, como todos os esportes, é um investimento que os pais devem considerar. A ginástica em específico é uma modalidade que exige força, flexibilidade, dedicação, foco, muita persistência e contribui para que as crianças apresentem um maior desenvolvimento motor. Além disso, aumenta a socialização das crianças, elas têm mais saúde física e psicológica, aprendem a seguir regras, conhecer os limites do próprio corpo e superar os limites diários. Elas levam isso para a vida também”, salienta.

Quem pode participar?

Com a previsão da retomada das aulas, o projeto de iniciação esportiva o irá oferecer aulas de ginástica artística, natação, hidroginástica, yoga, futsal, vôlei, basquete e karatê. De acordo com a SEEL, o programa voltará a funcionar em dez ginásios de Goiânia e em mais de 60 cidades do interior. 

Antônio Carneiro destaca que as inscrições serão abertas em breve e que o objetivo do projeto é promover a prática esportiva entre crianças e adolescentes de bairros carentes que sejam próximos aos ginásios em que as modalidades são oferecidas. Dessa forma, para se inscrever no programa é preciso passar por uma seleção. 

“Em todos os cadastros que fazemos, buscamos primeiramente a comunidade local, próxima a onde estamos executando o projeto. Por exemplo, no Setor dos funcionários, buscamos os bairros próximos e também tem um critério de interesse social, porque esse é o foco. Se queremos falar de inclusão, temos que ter um foco na questão da vulnerabilidade. Então, temos um critério de seleção que o primeiro requisito é que a situação de vulnerabilidade seja obedecida. Às vezes os pais estão trabalhando em horário integral e os filhos não estão em escolas de ensino integral,  a gente tenta fazer um contra turno bem feito, para tirar a meninada das ruas e de qualquer tipo de situação que leve eles para a criminalidade ou situações piores ainda”, explica. 

Em breve a SEEL divulgará mais informações sobre ginásios, modalidades, critérios de seleção e documentos necessários para se inscrever no projeto.