A edição anterior da Arena Repense, alinhada com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 12, da Agenda 2030 da ONU, mostrou como o futebol e a sustentabilidade podem caminhar juntos. Nesta semana, a discussão parte da reportagem especial de Júnior Kamenach para a série Repense Consumo, que mostra como os estádios apostam em iniciativas sustentáveis, visando a preservação ambiental e a conscientização da sociedade. Assista a seguir a partir de 01’03”

O representante do Núcleo de Pesquisas e Estudos Aplicados ao Futebol da Universidade Federal de Goiás (UFG), Luiz Fernando de Oliveira, afirma que ações como a disponibilização de copos reutilizáveis, como é feito pelo Botafogo no Estádio Nilton Santos no Rio de Janeiro, podem ser o pontapé inicial para atitudes ainda mais sustentáveis, e que possam partir da própria torcida.

”Se os estádios de futebol fizerem isso com seus torcedores, incentivarem esses processos, eles podem muito bem auxiliá-los para simplesmente um despertar de consciência. Talvez para os torcedores mais antigos seja mais difícil esse processo, mas para os mais novos será muito enriquecedor e que vai também construir uma sociedade distinta”, analisa.

Luiz Fernando de Oliveira citou ainda o exemplo do Forest Green Rovers, clube da cidade de Nailsworth que disputa a quarta divisão do futebol inglês, e que se tornou a primeira equipe livre do uso de carbono.

”Ele tem um projeto simplesmente sustentável. É incrível, desde a alimentação, em que se preocupação com a emissão de gases para a atmosfera até a reutilização de energia, da água e de todo o processo de faz pensar em sustentabilidade”, argumenta.

Exemplos mundo afora

O doutor em Sociologia com ênfase em Sociologia do Esporte, Fernando Segura, que já residiu em Goiânia e foi professor na UFG, e que agora reside na Cidade do México, mantém um grupo de trabalho com torcedores do Atlético Nacional de Medellín, na Colômbia. ”Eles estão criando políticas públicas de todo tipo de sustentabilidade, inclusive para a paz social no âmbito das torcidas organizadas”, afirma.

Outro exemplo, segundo Fernando Segura, vem do Sheffield United, clube da segunda divisão inglesa que mantém o Community Programs (programas para a comunidade). ”São programas destinados à população, alguns para idosos e que nesse momento tanto sofreram com a pandemia. O clube organiza passeios para idosos e para qualquer pessoa que queira acompanhar esses passeios. Também tem o futebol misto, para gerar uma nova consciência nas novas gerações entre garotas e garotos, e dentro destas há vários que vêm com capacitações e educação ambiental”, enumera.

Além do ODS 12

A analista educacional do polo Renapsi SC, Taylline Wengue, acredita que outros objetivos de desenvolvimento sustentável podem estar atrelados ao ODS 12 na busca por mais sustentabilidade nos estádios e nas torcidas. A reutilização de resíduos produzidos nas praças esportivas, segundo ela, também é uma preocupação.

”A partir desse momento a gente não trabalha só o ODS 12. A gente pode trabalhar, por exemplo, o ODS 8 (Trabalho decente e crescimento econômico), se pensar nas pessoas que trabalham em cooperativas, que tratam esses resíduos”, pontua.

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