Aava Santiago foi eleita vereadora pelo PSDB com 2 mil 865 votos. Aava é socióloga, ativista na área de Direitos da Juventude e fortalecimento das mulheres. Ela tem 31 anos e é mãe. A vereadora eleita é da Igreja Assembleia de Deus, desde que nasceu. Ela coordena o Núcleo de enfrentamento à violência doméstica da Assembleia de Deus Pedro Ludovico. Diferente de vários evangélicos que ascendem ao poder, Aava Santiago é de linha progressista e não conservadora.

“Todas essas coisas às vezes parecem contraditórias, mas apontam para pluralidade que a cena política precisa; Precisamos urgentemente rever a nossa forma de classificar as pessoas e compreender que as pessoas são plurais, são complexas, assim como os processos políticos e ocupação de espaços públicos”, afirmou.

Antes de chegar à Câmara Municipal de Goiânia, Aava trabalhou na criação e coordenação dos programas Passe Livre Estudantil (estadual) e Goiás Sem Fronteiras, ocupou a presidência do Conselho Estadual de Juventude.

A vereadora eleita não tem uma linha conservadora radical como outras figuras políticas que se dizem cristãs e principalmente evangélicas. Ela argumenta que as práticas dela não são conflitantes com o evangelho, mas houve uma distorção.

“Não são meus posicionamentos que são conflitantes com o evangelho, é o que fizeram do evangelho que conflita com a verdade bíblica, a bíblia nos ensina a ficar do lado dos injustiçados, dos pobres, das mulheres, é o evangelho que eu sigo e é por isso que me posiciono dessa forma”, relatou.

História de vida

A história de vida de Aava Santiago tem marcas da pobreza e violência. Ela conta que passou boa parte da infância e da adolescência na Zona Oeste do Rio de Janeiro, em um dos lugares mais violentos do Brasil. Ela relatou que houve situações em que não teve aula, pois colegas da sala haviam sido mortos a tiros.

Aava contou que se sentia inquieta com injustiças sociais. Ela argumentou que desde muito jovem exerceu atividades políticas. “Fui candidata a presidente do Grêmio Estudantil da Escola Municipal Thomé de Souza em Senador Camará, depois de todas as escolas municipais do meu bairro, da região oeste do Rio, depois de todas as escolas do Rio de Janeiro, e fui vencendo e com 11 anos me tornei prefeita mirim do Rio”, afirmou.

Ela relatou que houve uma tragédia na família, com o primo Jonathas sendo morto com uma bala perdida na porta da igreja e ainda a perda do pai em um acidente de carro. Ela relatou que ao ver as dificuldades da mãe viúva, surgiu a vontade de trabalhar com juventude e mulheres periféricas.

“Perdi meu pai num acidente de carro e minha mãe enfrentou a crueldade de uma viuvez e vi que a política pública precisava mudar alguma coisa. Fiz Ciências Sociais, e nunca mudei de opinião que queria trabalhar com juventude e mulheres periféricas”, explicou.

Igreja

Aava Santiago relatou que desde pequena congrega na igreja Assembleia de Deus. Ela relata que a instituição tem raízes na periferia, com uma população mais carente. Para ela, o papel da igreja é diferente do que é colocado pelos grandes líderes evangélicos.

“Eu sou filha, sobrinha, neta, prima de pastores e pastoras da Assembleia de Deus. A gente perdeu um pouco da contextualização territorial do que é a Assembleia de Deus no Brasil, não é o que o show evangélico aponta, o que as Assembleias de Deus midiáticas fazem. A Assembleia de Deus é majoritariamente periférica preta, parda e pobre. É nesse recorte é que a gente consegue situar as Assembleias de Deus no Brasil”, afirmou.

A vereadora eleita contou ainda que na igreja que os pais eram responsáveis em uma localidade pobre no Rio de Janeiro, houve um trabalho social de alfabetização. A educação é uma das bandeiras que a parlamentar pretende defender na Câmara Municipal de Goiânia.

Ela conta que na igreja em Santíssimo, local extremamente violento no Rio, os pais perceberam que os irmãos não eram alfabetizados e foi criado um curso de alfabetização pelos próprios membros e o resultado foi social.

“Meus pais perceberam que a maioria esmagadora dos irmãos, das irmãs não eram alfabetizados. Os meus pais criaram imediatamente criaram um curso de alfabetização para os crentes. Isso pra mim é Evangelho a serviço das pessoas, é como aprendi a ser crente. O impacto social foi grande na nossa comunidade caiu o número de crentes pedindo cestas básica na igreja. Naquele contexto, os irmãos entraram no circuito educacional e foram melhorando de vida e as cestas fomos distribuindo para outros membros da comunidade”, relatou.

PSDB

A parlamentar relatou que participou da montagem de um grupo em que procurou o então candidato ao governo, Marconi Perillo (PSDB) para apresentar proposta do Passe Livre Estudantil. Após as eleições, o projeto foi colocado em prática e ela foi coordenadora.

Ela destacou que o PSDB passou por muitas derrotas e isso colaborou para que o partido abrisse para outras formas de fazer política. Ela explicou que há questões importantes a serem defendidas como Passe Livre Estudantil, o Bolsa Universitária e outros programas sociais feitos pela Social Democracia no estado.

“O PSDB passou por muitas derrotas e fez com que o partido abrisse espaço para outras formas de fazer política. O meu eleitor progressista me questionava isso, mas assumi a responsabilidade para ajudar as pessoas a compreenderem o sistema eleitoral”, destacou.