Na tarde do último domingo (25), o Atlético Goianiense acabou derrotado em casa por 3 a 0 pelo Palmeiras, no estádio Olímpico, pela 18ª rodada da Série A. Esse foi o sexto revés da equipe rubro-negra no campeonato, que está na zona de classificação para a Copa Sul-Americana de 2021, na 11ª posição, com 22 pontos em 18 jogos.

Entendendo a saída de jogo rubro-negra

Em um dos gols sofridos, o goleiro Jean cometeu um erro na saída de bola. O camisa 1 atleticano tinha três opções para sair de forma curta, como é a característica do seu time, porém fez o passe errado, interceptado por Luiz Adriano, que ampliou o marcador aos nove minutos da etapa final. Depois do jogo, o próprio arqueiro admitiu a falha.

A situação não é uma novidade para Jean, que teve erro semelhante na vitória sobre o Red Bull Bragantino. Diante de Goiás, Ceará, Grêmio e São Paulo, os seus companheiros também falharam quando pressionados. Por outro lado, a saída é uma marca da equipe desde Vagner Mancini, hoje no Corinthians, que mudou o sistema tático e a própria formação, com a saída de Kozlinski e as presenças de Dudu, João Victor e Éder.

Em virtude das falhas recentes, a tática rubro-negra foi questionada pela crônica esportiva goiana. Uma tendência no futebol mundial com os sistemas de marcação por pressão cada vez mais frequentes e, após a mudança na regra do tiro de meta, que permitiu a saída curta dentro da própria área, a estratégia, utilizada com regularidade por times como o Bayern de Munique, é explicada por várias razões.

É um risco que se assume, o que está inerente ao futebol de alto nível, como uma forma de superar a marcação adversária. No caso do Atlético, uma estratégia trabalhada pela comissão técnica ao identificar jogadores com perfil para executar a situação. Foi dessa forma que o time construiu a goleada sobre o Flamengo, atraindo a pressão e saindo com passes curtos, aproveitando os espaços atrás da primeira linha de marcação carioca.

Com uma média de 45,5 toques por jogo, segundo o portal Sofascore, Jean é o segundo goleiro que mais toca na bola no Brasileirão, superado apenas por Felipe Alves, do Fortaleza, na frente dos arqueiros de São Paulo e Athletico Paranaense, que seguem um padrão semelhante, além de Internacional, Flamengo e Atlético Mineiro. Em 17 jogos, completou 472 passes, com aproveitamento de 75,3%, dos quais 121 foram longos. Em ambos os casos, também só está atrás de Felipe Alves.

Opinião dos comentaristas

Para Evandro Gomes, “a questão do goleiro sair jogando com os pés é uma evolução do futebol, e parar neste momento seria um retrocesso. O que precisa é ter consciência do momento que pode sair jogando ou não. Demonstrar um excesso de confiança, como o Jean fez em duas oportunidades, é o que não pode. Há momentos em que é preciso dar um ‘bico’ na bola sem ter vergonha. Parar de jogar com os pés, não, mas ter responsabilidade na hora de fazê-lo”.

José Carlos Lopes afirmou que “essa saída de bola curta precisa ser revista não só no Atlético, mas em muitos outros clubes brasileiros. Virou modismo, parece que está no regulamento do campeonato: tem que sair tocando curto, não pode ter mais a ligação direta, senão perde pontos. Você perde pontos como está acontecendo com o Atlético. Não pode ser assim, os jogadores são inteligentes o suficiente para saberem que não é toda hora que sai jogando curto. A ligação direta também vale, e vale muito na hora do sufoco”.

Tim também acredita que “já passou da hora do Jean rever essa saída de bola. Ele não pode arriscar tanto, e tem que tomar a decisão um pouco mais rápido. Acho interessante esse novo jeito de trabalhar, mas não pode correr tanto risco, e o Jean vem correndo muito risco. Está com excesso de confiança, precisa tomar decisões mais rápidas e evitar esses problemas. O Atlético está entregando muitos gols e isso pode fazer a diferença na frente”.