Os oceanos desempenham um papel fundamental na luta contra as mudanças climáticas, no entanto, confrontam constantes debates sobre sua exploração. O mais recente e crucial desses debates está ocorrendo em Kingston, capital da Jamaica, onde a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA) está reunida para discutir a possibilidade de mineração em águas profundas internacionais.

Atualmente, a indústria de mineração não tem permissão para operar em águas internacionais, mas ainda não existe uma legislação definitiva sobre o assunto, e há uma enorme pressão de empresas e governos para permitir essa atividade, devido à grande quantidade de metais e minérios encontrados no leito do mar.

Entre as consequências da mineração no fundo do mar, a organização ambiental Greenpeace menciona a fumaça sonora e luminosa, que pode afetar as criaturas marinhas e até destruir seus habitats. Além disso, existe o risco de impactar os estoques de pesqueiros, o que pode levar à redução dos meios de subsistência das comunidades que dependem da pesca na região.

“Se forem permitidas as atividades econômicas deste setor, máquinas gigantescas, que pesam mais do que uma baleia azul, chegarão ao fundo dos oceanos destruindo um bioma extremamente sensível e ainda intocado, que precisa de proteção”, afirma o Greenpeace.

A Oceana, uma organização dedicada à conservação dos oceanos, também advoga pela absoluta da mineração em águas profundas. “A remoção de sedimentos, ao serem dispersos na água, privam os organismos de oxigênio, alteram a química do oceano por muitos quilômetros e criam poluição sonora em ambiente que necessita de silêncio para manutenção da vida”, afirma.

Diante da falta de dados científicos suficientes sobre os impactos ambientais, o Brasil se alinhou ao movimento liderado por ativistas e cientistas, suspendendo a exploração mineral no fundo do mar em águas internacionais por um período de 10 anos.

Essa decisão coloca o país ao lado de 18 outras nações, incluindo Canadá, Nova Zelândia, Suíça, Alemanha e Chile, que também defendem uma moratória sobre essa atividade. Essa postura conjunta é aceita pelos países signatários da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, grupo ao qual o Brasil faz parte.

“Se os governos levam a sério seus comprometimentos ambientais, eles têm que dizer não à mineração em águas profundas. Ou eles permitem que uma indústria extrativa completamente nova se inicie no meio de uma crise ecológica, ou concordam com uma moratória para proteger as maravilhas ainda desconhecidas do fundo do mar”, Enrico Marone, porta-voz de Oceanos do Greenpeace Brasil.

Greenpeace

A campanha global “Stop Deep Sea Mining” (Parem a Mineração em Águas Profundas) tem como principal objetivo impedir que a indústria de mineração em águas profundas obtenha autorização para iniciar suas operações ainda este ano, exercendo pressão sobre os governos para que se oponham a essa atividade.

A mineração em águas profundas é voltada para a busca de metais e minérios, destinados a transformação e vendidos para a indústria de tecnologia. Elementos como manganês, cobre, lítio, cobalto, entre outros, são utilizados na fabricação de produtos eletrônicos, como smartphones, computadores e baterias em geral.

Embora a atividade ainda não seja organizada em águas internacionais, as empresas pressionaram intensamente nesse sentido. O que está em jogo são as águas localizadas além das denominadas Zonas Econômicas Exclusivas (ZEE) – áreas situadas além das águas territoriais de cada país costeiro, onde estas têm prioridade para a utilização de recursos naturais.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 14 – Vida na Água

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