O Metrô de São Paulo realizou testes com uma turbina eólica em seus túneis, visando à geração de energia limpa. Durante nove dias consecutivos, entre as estações Brigadeiro e Paraíso da Linha 2-Verde, no final do ano passado, o protótipo da turbina foi submetido a uma experiência para avaliar sua eficácia.

O modelo aproveita o vento gerado pelo movimento dos trens para gerar eletricidade, operando por 20 horas diárias e alcançando uma produção de 800 quilowatts por dia. Essa quantidade é suficiente para iluminar túneis ou uma estação de médio porte, de acordo com o Metrô.

Desenvolvida pela startup Vento VAWT, incubada no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em colaboração com professores da instituição, a turbina é uma inovação no mercado. Seu diferencial está em contornar o efeito do arrasto aerodinâmico, comum em equipamentos similares, aumentando sua eficiência.

“Os testes visam o encontro de soluções que possam ser aplicadas em escala e trazer opções sustentáveis do ponto de vista ambiental e econômico-financeiro”, diz a estatal. “Essa é uma ação ainda no campo do desenvolvimento, mas que pode se somar às demais iniciativas do Metrô em prol da eficiência energética e diversidade na matriz”, completa.

A turbina

Com apenas 1,40 metros de altura e necessitando de apenas 1 metro quadrado de espaço para instalação, a turbina apresenta uma alternativa viável em comparação com as turbinas convencionais, que demandam estruturas maiores e mais espaço livre. Além disso, a possibilidade de instalar múltiplas turbinas para aumentar a geração de energia, juntamente com o baixo ruído, custos menores de transporte e proteção à fauna, são vantagens adicionais.

“As turbinas, no geral, têm eficiência baixa. As horizontais são caras, não produzem energia para compensar o investimento”, afirma Cely Ades, sócia da Vento VAWT. “Para questionar esse modelo que temos de turbinas horizontais, a que fizemos tem o eixo vertical e é menor, podendo ser instalada em qualquer lugar”, ela conta. “Outra vantagem é que pode ter uma tela em volta, protegendo a vida selvagem, aves, insetos e roedores”, acrescenta Bueno.

Embora ainda não haja acordo para a aquisição da tecnologia, o Metrô está avaliando o potencial do modelo para sua rede metroviária. Paralelamente, a companhia está em processo de licitação para a autoprodução de energia elétrica, visando atingir até 40% de sua energia total utilizada a partir de fontes incentivadas e renováveis, com previsão de iniciar a produção em 2026.

Os testes foram realizados em locais estratégicos, como o Metrô e algumas rodovias, devido aos ventos gerados pelos veículos, minimizando interferências de instabilidades meteorológicas nos experimentos. Um teste independente mostrou que a eficiência da turbina da Vento VAWT é três vezes maior do que uma turbina vertical comum, que apresenta eficiência em torno de 18%. “Mais eficiente e mais barato”, comenta Eduardo Bueno, inventor da turbina.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 07 – Energia Limpa e Acessível

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