Neste mês de julho, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) em Minas Gerais, realizou o primeiro Desafio Atletismo PCD, para atletas com deficiência. O projeto contou com a participação de 96 paratletas de quatro unidades da Apae – Três Marias, Curvelo, Governador Valadares e João Monlevade. O idealizador do projeto foi o Nessias Bonifácio, coordenador da Regional Apaiana Centro 2.

Nessias ressaltou que há muitas competições e treinamentos para os paratletas, mas o Desafio Atletismo PCD foi criado após a pandemia, já que estava tudo parado e começou voltar aos poucos para a instituição este ano. Nesta edição inicial, as provas de atletismo foram adaptadas para à grama.

“Cada Apae precisa fazer seu treinamento e nós focamos na Centro 2 o Atletismo. A gente consegue fazer adaptações em ruas, asfalto, pista e grama. Em Três Marias eu prefiro fazer tudo em grama para ter um fortalecimento muscular melhor, um equilíbrio melhor do atletas PCD”. O objetivo da associação é desenvolver os atletas com deficiências intelectuais e múltiplas.

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No evento, os paratletas foram estimulados a participar das provas de caminhada assistida, caminhada adaptada – para pessoas com deficiência visual, deficiência intelectual, paralisia cerebral e síndrome de down – além disso, arremesso de peso, disco e dardo para cadeirantes. Entretanto, como a cadeira de rodas não se locomove na grama, não foi possível a realização das provas de 50 e 100 metros para esta categoria.

O esporte é um dos principais meios de inclusão da sociedade, mas Nessias Bonifácio destacou também a perspectiva que a maioria das pessoas tem sobre os atletas com deficiências, ou seja, um olhar mais de superação, heroismo e coitadismo. Mas não é bem assim. “Através do esporte, dá condições do público tirar aquela visão de que são coitados, que a gente tem dó. Nós não temos dó. Eles são atletas que tem uma limitação, mas que conseguem realizar todas as provas que o regular tem com algumas adaptações”.

Paratletas participando do Atletismo PCD (Foto: Arquivo Pessoal)
Próximas edições – Atletismo PCD

A Apae de Três Marias e das outras cidades já programam a próxima edição do Atletismo PCD. Lela, gestor esportivo do município mineiro fez um balanço positivo neste primeiro momento. Além disso, avaliou que o desafio também foi um “desafio para todos nós”.

“A gente tá muito feliz com tudo o que aconteceu e esse desafio veio como uma medalha de ouro para nós. Não são somente os atletas que ganharam com isso, mas a população também ganhou. Foi um espetáculo muito grande. Os atletas que participaram, para eles, ganhar ou perder já é uma vitória muito grande. Esse primeiro desafio foi de caráter participativo e não competitivo”, disse.

“Esperamos que os próximos que virão, a gente consiga um número maior de cidades, um número maior de atletas, porque é realmente uma coisa que foi aprovada pelo município, pelas direções das Apaes e temos planejamento para dar continuidade a esse projeto. E que os próximos que virão sejam bem maiores do que esse”.

Além de desenvolver os atletas, eventos como o Atletismo PCD servem para atrair recursos financeiros. De acordo com Lela, esse também é um dos objetivos para a realização desses desafios, já que a política de esporte do município é baseada em recursos do ICMS Esportivo. Todos as cidades de Minas Gerais recebem esse incentivo proveniente da lei Robin Hood.

“A gente tem que realizar o evento para que no próximo ano a gente consiga o recurso. Os eventos PCDs têm uma pontuação muito boa. Então é uma troca, você faz o evento, coloca para o Estado analisar se realmente aconteceu, faz a análise e a pontuação vem para o município”.

Agora esses atletas se preparam para o JIMI – os jogos do Interior de Minas que acontece em Juiz de Fora, em novembro deste ano.