No espaço de duas décadas, a produção de plásticos dobrou mundialmente. Com uma vida útil curta, esses produtos são descartados de forma irregular e somente 10% são reciclados. Nesse sentido, a poluição plástica causa um grande impacto para o aquecimento global, responsável por 3,4% das emissões globais.

Em 2022, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) criou o Comitê Intergovernamental de Negociação (INC) com o objetivo de acabar com a poluição plástica. Depois da primeira reunião em novembro, diplomatas, empresas e ONGs estão reunidos mais uma vez para debater diretrizes para um acordo internacional.

De acordo com Inger Andersen, diretora-executiva do programa da ONU, “se não acabarmos com a poluição plástica, se continuarmos a utilizar plástico sem reciclar, as consequências serão catastróficas para os nossos ecossistemas aquáticos e terrestres, por isso essa negociação é crucial”.

Iniciada nesta segunda-feira (29), as discussões acontecem na sede da Unesco, em Paris, na França, e seguem até sexta-feira, 2 de junho. O INC-2 trata-se da segunda de cinco etapas de negociações previstas.

Pelo fim da poluição plástica

Na abertura da segunda sessão de negociações, Andersen destacou que “estamos correndo contra o relógio. Esta é uma oportunidade única na vida e no planeta. Temos que ver progresso, ambição e repensar – embalagens, produtos e incentivos. Temos que ter o direito de reparar, reutilizar e reabastecer”.

“E, claro, reciclar, mas com justiça para assegurar que os catadores e povos indígenas tenham sua parte justa nesta nova economia que vamos entregar. É para isso que estamos aqui. Vamos fazer isso porque podemos e porque estamos juntos neste planeta”, ressaltou a ambientalista dinamarquesa.

Em entrevista à AFP, reforçou que “não podemos reciclar nosso caminho para sair dessa bagunça. Precisamos repensar, redesenhar completamente. Sem responsabilizar o consumidor, porque, no final das contas, são as empresas e os governos que devem assumir essa responsabilidade. Mas tem coisas que estão sob nosso controle”.

“Repensar o produto é algo que me interessa muito. Tem tantos produtos que queremos de forma líquida. Queremos líquidos porque, por algum motivo, somos uma espécie que gosta de conveniência. Mas há muitas, muitas coisas que podemos ‘desliquefazer’ e consumi-las, portanto, em caixas de papelão e embalagens mais simples”, completou.

*Esse conteúdo está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis, 13 – Ação Global Contra a Mudança do Clima e 17 – Parcerias e Meios de Implementação

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