O ex-atacante do Vila Nova Anderson Barbosa, foi demitido do cargo de técnico de sub-20 do clube colorado. A princípio, o profissional que pediu pra ser chamado de Anderson Ribeiro, disse em entrevista à Sagres 730 como ocorreu sua saída. De acordo com ele, a demissão ocorreu após a derrota por um a zero, em um amistoso com o Bela Vista, na preparação para o início do Goianão da categoria. Anderson Ribeiros trabalhou no clube por um período aproximado de dez meses.

“Infelizmente há uns quinze dias, tive essa notícia que eu não era mais o treinador do sub-20. Fiquei um pouco triste, porém, faz parte. Fiquei na Série C com o Bolívar e acho que agreguei bastante, e com o próprio Márcio (Fernandes), que queria que eu ficasse com ele no profissional. Então, pra mim foi excelente, aprendi bastante, mas eu achava que o futebol tinha mudado um pouco. A gente jogou um amistoso numa quarta-feira e perdemos, mas eu vinha tentando montar o time da melhor maneira possível. Estávamos praticamente sem atacantes, com três jogadores do sub-17 e perdemos de um a zero. Um diretor do Vila acabou falando pra gente aparecer às duas da tarde no clube, e quando cheguei, ele falou que tinha mandado a gente embora e que não fazíamos mais parte da comissão do sub-20”, explicou Anderson.

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Sentimento

Em outro trecho da mesma resposta, Anderson Ribeiro avaliou seu trabalho à frente do sub-20 e considerou que falta profissionalismo no departamento amador. Ainda assim, o ex-técnico do sub-20 lembrou do torcedor do Vila Nova que merece melhores resultados tanto na base e no profissional.

“Acho que eu estava agregando muito e também, o importante é que eu saio com a cabeça e consciência tranquila que fiz meu trabalho da melhor maneira possível. E foi como eu falei pra eles, eu não caí de paraquedas, eu me preparei para estar lá, trabalhando no sub-20 e no profissional. Então a gente vê que tem muita gente lá da categoria de base que não está preparado para trabalhar profissionalmente, que eu falo. Ser torcedor é uma coisa, ser profissional é outra, tem um pouco de diferença isso. E tenho certeza que fui profissional como jogador e tenho certeza que vou ser como treinador, como estava no Vila Nova. Então, fico triste pela torcida do Vila, sem comentários, é uma torcida maravilhosa, que passa por esse tipo de situação tanto nas categorias de base, quanto no profissional” destacou.

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Anderson e as impressões sobre a base e o sub-20 do Vila Nova

No período em que esteve trabalhando no Vila Nova, Anderson foi enfático ao analisar o que falta não só no sub-20, mas nas categorias de base em geral. Segundo Anderson Ribeiro, é necessário qualificação para gerir a base do clube.

“Pelo que eu vi, estou falando da categoria de base que eu estava, falta tudo. O diretor da categoria de base não sabe nada de futebol. Não estou falando que o cara que jogou futebol entenda mais, que o cara que jogou sabe mais que aquele que não jogou. Temos muitos exemplos de pessoas que jogaram e não sabe mexer e quem não jogou, é excelente profissional. Então, acho que falta se qualificar, pois não adianta colocar no clube por ser torcedor que vai entender, não vai entender, a verdade é essa, não vai entender nada. É o que está acontecendo na categoria de base do Vila, diretor que não entende nada de futebol, não sabe nem conversar, pra ter uma ideia. Então, fica muito difícil, como o cara vai conversar com você se ele não sabe conversar com você, não olha nem no seu olho, então fica difícil”.

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A demissão

De acordo com Anderson Ribeiro, não foi dado um motivo para sua demissão. Ainda assim, Anderson considerou falta de respeito a maneira como tudo ocorreu. Sobretudo, por ter feito parte da história do clube, quando era jogador.

“O cara vai te mandar embora, tem que te explicar pelo menos, o motivo. Ter um pouco de consideração, num clube que eu joguei, fui muito feliz, artilheiro, tem o jogo do cinco a três. Acho que sou um ídolo pra torcida do Vila. Acho que merecia pelo menos um pouco de respeito e consideração que eu não tive. Então, fiquei muito triste por isso. Porém, já passou, bola pra frente e vida que segue”, afirmou Anderson.

Por fim, em outro ponto da entrevista, Anderson Ribeiro considerou “profissionalismo zero”, no caso de sua demissão. O técnico ainda lembrou que se preparou, tendo feito cursos da CBF, se formado em Educação Física e também, curso nos Estados Unidos. Anderson preferiu não dizer diretamente o nome do diretor que o demitiu e afirmou que “também queria saber”, o motivo de sua saída.

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Acompanhe em áudio, a entrevista completa de Anderson Ribeiro:

Vila Nova

Por parte do Vila Nova, Olímpio Jayme, um dos diretores das categorias de base do clube, atendeu à reportagem da Sagres 730, para falar da saída de Anderson Ribeiro. Segundo Olímpio, ele próprio ‘bancou’ a contratação de Anderson Ribeiro, por acreditar no trabalho do profissional.

“Infelizmente é um assunto ruim, trata-se do desligamento de um ex-jogador que foi ídolo do clube. Eu, particularmente, fui o nome da diretoria que banquei a vinda do Anderson, no sentido de comprar a ideia. Tinham outros nomes, o próprio presidente tinha outras sugestões na época, porém, acreditei que o Anderson conseguiria dar continuidade no trabalho do sub-20. Um elenco que estava muito bem, que incorporado com outras peças, foi vice-campeão brasileiro sub-23”, destacou Olímpio.

Motivos da demissão de Anderson do sub-20 do Vila Nova

Ainda na mesma resposta, Olímpio Jayme falou dos motivos que levou a diretoria da base a tomar a decisão da demissão. Todavia, o dirigente colorado ressaltou entender a frustração de Anderson Ribeiro e não considerar algumas coisas ditas, pelo ex-técnico colorado.

“Então, infelizmente os resultados não estavam agradando. Alguns atletas que no entendimento dele, que a gente respeita muito, não serviriam pra ele, saíram daqui e foram pra equipes até de Série A. Então, a gente optou por fazer esse desligamento já, antes de iniciar o campeonato, pois sabemos que é menos prejudicial do que fazer essa mudança com o campeonato em andamento. Não tenho a intenção de criticar o trabalho do Anderson, sei que ele ficou muito chateado com a demissão. Chegaram até nós, conversas que ele ficou chateado, falando algumas coisas, mas não vamos levar em consideração”, afirmou o diretor.

Qualificação e aperfeiçoamento

Por último, Olímpio Jayme também falou sobre sua formação e a busca por cursos da CBF, no que tange seu cargo, no Vila Nova. Afinal, na prática, Olímpio foi goleiro das categorias de base do Vila Nova e por opção própria, segundo ele, decidiu abandonar a carreira de jogador. Então, além de conhecer na prática as categorias de base, agora, vem se graduando também, com cursos específicos.

“Entrei no Conselho Deliberativo do Vila Nova, pra entender um pouco mais do que se passava dentro do futebol. Não tinha essa visão, quando atuava nas categorias de base. Então, procurei entrar, pra entender um pouco mais desse lado político e administrativo do Vila Nova. Paralelamente a isso, me formei em administração de empresas, fiz um MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. No fim de 2019, o presidente Hugo Jorge Bravo me convidou para assumir as categorias de base do clube. Claro que procurei aperfeiçoamento, estou fazendo um curso de executivo de futebol, pela CBF Academy. Acredito que hoje, é o curso de maior escalão no Brasil, para esse cargo. Então, isso aqui é um eterno aprendizado, ninguém nunca vai sentar numa cadeira e falar que sabe cem por cento de futebol, pois o futebol é diferente de tudo”, concluiu Olímpio Jayme.

Acompanhe em áudio, a entrevista completa de Olímpio Jayme: