O fenômeno do negacionismo científico, que se manifesta em movimentos como o antivacinação e a negação das mudanças climáticas, estará no centro das discussões entre educadores, pesquisadores e estudantes em um evento interinstitucional que ocorrerá em Goiânia. A mesa-redonda, intitulada “Luta Ideológica – Educação e Ciência”, será moderada pela reitora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Angelita Pereira de Lima, e está agendada para a noite desta terça-feira (03), às 19h, na sede do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato).

Os participantes do debate incluirão Edward Madureira Brasil, ex-reitor da UFG, e Ildeu de Castro, presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Eles serão acompanhados por Catarina de Almeida, pesquisadora e professora da Universidade de Brasília (UnB), e Manuella Mirella, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), representando os estudantes.

Durante o evento, os debatedores destacarão os perigos dos ataques direcionados às universidades e a ideia de que essas instituições estão dominadas por uma única perspectiva ideológica. Eles enfatizarão que a negação da ciência tem consequências cotidianas, como por exemplo a alarmante queda nas taxas de vacinação, que chegaram a 59% em 2021, enquanto o Ministério da Saúde recomenda 95%. Isso cria o risco de ressurgimento de doenças anteriormente erradicadas, como a poliomielite.

Jornadas pela Prevalência das Ideias Democráticas e Progressistas

Esta mesa-redonda é parte integrante do primeiro dia das “Jornadas pela Prevalência das Ideias Democráticas e Progressistas”, em que Goiânia servirá como centro de debate que reúna políticos, intelectuais, pesquisadores e líderes ligados à promoção da democracia. O objetivo é criar estratégias de diálogo que fortaleçam a educação, a ciência e a democracia no Brasil.

No início da pandemia, o Pew Research Center, um centro de pesquisa dos Estados Unidos, conduziu um estudo global que avaliou os níveis de confiança na ciência em 20 países. O Brasil apareceu como a nação menos confiante em sua própria produção científica. Cerca de 36% da população brasileira expressou pouca ou nenhuma confiança nos cientistas, enquanto apenas 23% demonstraram grande confiança nas figuras científicas.

O evento é promovido por oito instituições: a Universidade Federal de Goiás (UFG), o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato), o Instituto Federal Goiano (IF Goiano), o Instituto Federal de Goiás (IF Goiás), a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), e as universidades federais de Catalão (UFCat) e Jataí (UFJ).

Programação

Nesta quarta-feira (04), a programação prossegue com a mesa intitulada “Comunicação no contexto da luta ideológica no Brasil”, na qual os pesquisadores em comunicação e estratégia digital, Fernanda Sarkis e Marcus Nogueira, farão suas apresentações. Eles acompanharam o comportamento de grupos que disseminaram informações falsas durante as eleições de 2022, teorias conspiratórias e mensagens de incitação à violência.

Fernanda é mestre em Comunicação Política pela Universidade do Porto, em Portugal, onde também atuou como adjunta do presidente do Conselho Econômico e Social. Por outro lado, Marcus é cientista social formado pela Universidade Estadual de São Paulo (Unesp).

O segundo ciclo de palestras terá início em 30 de outubro com a mesa “O debate econômico no contexto da luta ideológica no Brasil”. Para proporcionar uma perspectiva econômica sobre o fortalecimento da democracia, essa mesa contará com a presença dos professores Sérgio Duarte da PUC Goiás e Luiz Gonzaga Belluzzo do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (IE/Unicamp).

No dia seguinte, 31 de outubro, encerrando o ciclo, ocorrerá a mesa intitulada “Luta Ideológica – Partido Político e Religião”, que contará com a participação do presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro; do professor da PUC Goiás, Alberto Moreira; e do pastor e membro da Associação Brasileira de História da Religião (ABHR), Moab César.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade

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