Após seis anos consecutivos de aumento, o desperdício de água no Brasil apresentou uma redução, mas ainda está longe do aceitável. Segundo um estudo do Instituto Trata Brasil divulgado nesta quarta-feira, 5, 37,8% da água potável produzida no país foi perdida antes de chegar às residências em 2022. No ano anterior, a perda foi de 40,3%.

Apesar dessa melhora, o percentual de perda está distante da meta estabelecida pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), que considera aceitável um índice de até 25%. De acordo com uma portaria do MDR, o Brasil tem até 2034 para atingir esse objetivo.

O estudo revela que em 2022, o volume total de água perdida devido a vazamentos, desvios ilegais, erros de medição e outros problemas chegou a 7 bilhões de metros cúbicos. Isso equivale a mais de 7.600 piscinas olímpicas cheias desperdiçadas diariamente.

O levantamento utilizou dados públicos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e incluiu uma análise abrangente do Brasil, suas regiões, as 27 unidades da Federação e os 100 municípios mais populosos.

Perdas por vazamentos

Quando consideradas apenas as perdas por vazamentos, o volume de 3,6 bilhões de metros cúbicos de água tratada desperdiçada em 2022 seria suficiente para abastecer por um ano aproximadamente:

  • 54 milhões de brasileiros, equivalente a toda população do Nordeste;
  • Todos os 32 milhões de habitantes do país que não têm acesso a água potável;
  • Cinco vezes a população do Rio Grande do Sul, estado que enfrentou problemas de abastecimento após enchentes atingirem estações de tratamento.

“Observamos uma lenta evolução nos indicadores de perdas de água, enquanto milhões de brasileiros continuam sem acesso regular e de qualidade à água potável. Além de afetar o abastecimento dos habitantes, esse desperdício exacerbado resulta em impactos ambientais severos, uma vez que os efeitos das mudanças climáticas, como vemos na tragédia vivida no Rio Grande do Sul, estão cada vez mais presentes no país, afetando diretamente a disponibilidade hídrica”, diz Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil.

Por região

O cenário de perdas de água no Brasil varia significativamente entre as regiões. O Norte e Nordeste registram os maiores índices de desperdício: 46,9% e 46,7%, respectivamente. As regiões Sul (36,7%), Centro-Oeste (35%) e Sudeste (34%) apresentam índices um pouco menores que a média nacional de 37,8%.Mais de 70% de espécies ameaçadas buscam Áreas Marinhas Protegidas

Entre os 100 municípios mais populosos do Brasil em 2022, apenas 9 registraram desperdício inferior a 25%. São eles:

  • Goiânia (GO): 17,3%
  • Campo Grande (MS): 19,8%
  • Limeira (SP): 20,2%
  • Petrópolis (RJ): 23,4%
  • Campinas (SP): 20,2%
  • Maringá (PR): 23,4%
  • Suzano (SP): 23%
  • São José do Rio Preto (SP): 20,5%
  • Caruaru (PE): 24,6%

Cidades com maiores quedas de desperdício de água

MunicípioUF2018 (%)2019 (%)2020 (%)2021 (%)2022 (%)Queda em 5 anos (p.p.)
CariacicaES59,1360,1025,7224,4625,03-34,10
MaceióAL61,1851,1959,6741,0736,05-25,13
Boa VistaRR73,7762,6552,8458,8753,24-20,53
ManausAM74,9572,0865,2459,7855,44-19,51
Várzea GrandeMT59,2050,8050,8070,7141,73-17,47
Taboão da SerraSP31,0524,1820,5517,4214,36-16,69
TeresinaPI57,4551,7343,8539,6642,02-15,43
AnanindeuaPA49,8238,8846,6849,4935,06-14,76
Santo AndréSP45,2154,1241,5740,4731,20-14,01
PaulistaPE63,5560,1159,9845,9749,93-13,62
Feira de SantanaBA49,3449,2348,9642,5036,41-12,93
Vila VelhaES38,1337,1127,0327,6425,51-12,62
CaruaruPE36,1735,9336,8833,1724,57-11,60
FortalezaCE48,1347,3538,5839,6636,62-11,51
Ribeirão PretoSP55,0052,9049,0647,0043,64-11,36
PetrolinaPE39,6838,1337,7435,1928,91-10,77
São LuísMA66,2463,7860,7355,9355,93-10,31
GuarujáSP49,9447,9445,1644,3040,26-9,68
GravataíRS57,6049,5146,9749,0348,32-9,28
ItaquaquecetubaSP39,5538,8232,3230,6730,56-8,99
Fonte: Instituto Trata Brasil

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