Do sertanejo ao trap: os múltiplos perfis culturais dos 90 anos de Goiânia

Depois de falar sobre História, Racismo, Economia e Meio Ambiente, o “Goiânia 90 Lugares – Entrevista” chega ao fim com o tema Cultura. Do sertanejo ao trap, Goiânia reúne múltiplos perfis culturais, desde a sua origem rural à metrópole que se tornou. Por isso, Rubens Salomão conversa com o compositor e gestor cultural Carlos Brandão no emblemático Teatro Goiânia, um dos símbolos do Batismo Cultural da capital.

“Quando eu dirigi aqui [o teatro] dos anos 1980 até 1991, aqui vinha Fernanda Montenegro, Jô Soares e Chico Anysio. O Teatro estava no roteiro dos grandes espetáculos, se estreava um grande espetáculo ali em São Paulo tinha que passar por aqui. Chegou ao ponto do Jô Soares no programa dele na televisão falar assim: os melhores teatros do Brasil são o Teatro São Pedro e o Teatro Goiânia”, conta Brandão.

O gestor cultural destaca que não existia outros grandes espaços na cidade para espetáculos, sendo assim, o Teatro Goiânia era muito procurado. O local foi inaugurado com o Batismo Cultural em 1940. Então, Carlos Brandão frequenta o espaço desde a adolescência e conhece muito do início da história.

“Era um cineteatro. Eu frequentei muito aqui como um cineteatro, era mais cinema do que teatro. É o melhor teatro da cidade, um dos melhores do Brasil, a acústica aqui é perfeita, é um teatro muito mal tratado por todos os governos, ninguém respeita o teatro como deveria ser respeitado, com uma reforma decente”, diz. “Todos os espaços públicos de cultura de Goiânia tem severas dificuldades, se você não gasta dinheiro seu, ele não anda”, complementa.

Espaço democrático para a arte

Carlos Brandão conta que o Teatro Goiânia “era mais cinema” do que teatro, com três sessões aos domingos, às 14h, às 16h e às 18h. O Teatro Goiânia está centralizado na cidade, mas na época da inauguração ele ganhou uma “fama imaginária” de lugar de ricos. “Era um cinema bem frequentado, Pedro Ludovico não sai daqui, ele vinha muito aqui e no Cine Casablanca na Rua 8, que virou uma igreja”, detalha.

No entanto, apesar das personalidades políticas da cidade frequentarem o local, o gestor cultural desmistifica a ideia de que o Teatro Goiânia era um lugar de ricos. “O Teatro Goiânia servia para festivais de música de secundaristas”, diz. Além disso, o palco era aberto para artistas considerados amadores. “Mas aqui eram shows de artistas locais, artistas que naquela época eram bem amadores ainda. Então, assim, era um local muito bonito e muita gente confundia com coisa de rico, mas não”, argumenta. 

O Teatro Goiânia é, portanto, um dos espaços precursores da cultura na nova capital de Goiás. Mas cultura, como aponta tecnicamente Rubens Salomão, é  um conceito complexo que inclui crenças, costumes e arte que formam os hábitos de uma sociedade.

Cultura atual

No quinto e último episódio do “Goiânia 90 Lugares – Entrevista”, Carlos Brandão destaca a história e o cenário atual da cultura goianiense. 

“As periferias de Goiânia hoje é o maior nicho da cultura com o rap, com o trap e com o funk, que são os ritmos musicais mais fortes que tem hoje no país. A MPB, que eu fiz parte, perdeu muito, talvez pelo excesso de beleza, de qualidade e as pessoas hoje tem mais pressa, não sei. Mas o rap, o trap e o funk feitos na cidade de Goiânia são maravilhosos”, celebra.

O “Goiânia 90 Lugares – Entrevista” faz parte da campanha “Goiânia 90 Lugares” que celebra os 90 anos da capital do estado. Portanto, no programa, Rubens Salomão conversa com convidados especiais e em locais importantes da cidade, para mostrar Goiânia através de cinco aspectos: História, Racismo, Economia, Meio Ambiente e Cultura. A última entrevista do programa especial será exibida nesta sexta-feira (27), às 17h30, na Sagres TV.

Goiânia 90 lugares

Goiânia faz 90 anos em 24 de outubro. Por isso, o Sistema Sagres de Comunicação, com apoio da Prefeitura de Goiânia, elaborou um guia de 90 locais a serem conhecidos por você que é goianiense, que mora na capital ou que está de passagem por aqui. Esta é a campanha “Goiânia 90 Lugares”.

A produção inclui 90 reportagens em texto e fotos de lugares marcantes da cidade, 30 vídeos, um mapa e uma página especial. A campanha conta ainda com entrevistas especiais sobre a construção, estrutura e futuro da nossa capital.

As ações têm coordenação de Rubens Salomão, com pesquisa e textos de Samuel Straioto, Arthur Barcelos e Rubens Salomão. Imagens e edição de Lucas Xavier, além das reportagens em vídeo de Ananda Leonel, João Vitor Simões, Rubens Salomão e Wendell Pasquetto. A coordenação do digital é de Gabriel Hamon. A coordenação de projetos é de Laila Melo.

*Este conteúdo está alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis.

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