O governo federal pretende usar o Programa Auxílio Brasil, de R$ 400, como novo substituto do Bolsa Família, programa social de distribuição de renda criado em 2003 e que atende 14,6 milhões de famílias. Atualmente, o Bolsa Família disponibiliza um valor médio de R$ 190 às famílias brasileiras em situação de vulnerabilidade social.

A criação do benefício que substituirá o Bolsa Família gerou alvoroço nos últimos dias em relação à economia, principalmente por conta da ausência de um orçamento para disponibilizar o recurso, como explica o professor e especialista em Economia, Luiz Carlos Ongaratto, no Sagres Em Tom Maior #383 desta terça-feira (26).

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“Cria-se um orçamento com base na criatividade contábil. É tirar dinheiro de onde não existia, e foi isso que causou o alvoroço no mercado financeiro desde a última sexta-feira (22)”, declara. “Ele [Auxílio Brasil] não tem um orçamento. Está encaixado em uma brecha de orçamento que tem a vigência de um ano. Ou seja, para 2022, ok, vai ter auxílio, mas para 2023, 2024, 2025? O Bolsa Família já tem quase duas décadas de existência e sempre com orçamento. Nós não podemos brincar com a vida das pessoas que precisam de auxílio. O que está se fazendo hoje é abrir mão do certo pelo duvidoso”, conclui o economista.

Ongaratto destaca ainda a preocupação e a insegurança econômica que existe em torno do drible ao Teto de Gastos para criação do Auxílio Brasil. “Furar o teto de gastos, primeiramente, foi o que causou a pedalada fiscal do governo Dilma [Rousseff] e gerou o impeachment. Isso é um crime de improbidade administrativa. Segundo, você sinaliza para o mercado como um todo e para todos os brasileiros que não há planejamento nos gastos”, avalia o professor.