Ecodesign é a prática de incorporar considerações ambientais em todas as fases do desenvolvimento de um produto, visando minimizar seu impacto ambiental ao longo de seu ciclo de vida. Isso implica a integração de aspectos ambientais, requisitos ecológicos e econômicos, indo além da estética para abranger todo o processo de concepção de um produto ou serviço.
Para alcançar isso, são buscadas soluções de design inovadoras que consideram desde a extração de matérias-primas até a produção, distribuição e uso, com ênfase nos princípios dos 3R: reduzir, reutilizar (reparar) e reciclar.
Isso envolve repensar o design para minimizar o uso de recursos, simplificar a produção, facilitar a reciclagem e, ao mesmo tempo, tornar o produto desejável para as pessoas, promovendo um sistema circular em torno dele. Confira o esquema:

Foco na sustentabilidade
É sabido que a produção industrial pode caminhar em direção a uma abordagem mais sustentável do ponto de vista ecológico. No entanto, diante da emergência ambiental e dos objetivos delineados no Acordo de Paris, torna-se imperativo expandir os princípios da ecologia industrial, que têm sido desenvolvidos desde os anos 1990.
É necessário um esforço substancial e uma revisão profunda das práticas para garantir que tanto a produção quanto os produtos efetivamente atendam a critérios de sustentabilidade mais rigorosos. Quando consideramos a aplicação do ecodesign na prática, é fundamental levar em consideração os seguintes aspectos cruciais:
- Qualidade: Uma peça de vestuário verdadeiramente ecológica é, antes de tudo, uma peça que possui uma vida útil prolongada. Uma camiseta que se desgasta após apenas três lavagens terá uma pegada de carbono significativamente maior em comparação com uma camiseta projetada para durar vários anos.
- Distribuição: A produção em grande escala seguida pelo transporte aéreo para exportação é claramente prejudicial ao meio ambiente. O desafio reside em tornar a cadeia de distribuição mais sustentável, especialmente no que se refere à substituição de transporte aéreo por meios ferroviários e marítimos, que são opções mais ecoamigáveis. Além disso, investir em produção local não apenas reduz a pegada ecológica, mas também estimula a economia nacional, promovendo o emprego e a renda localmente.
- Produzir Menos e Melhor: É crucial reconhecer que, neste momento, a ênfase deve ser colocada em consumir menos e consumir de maneira mais inteligente. Isso implica a adoção de alternativas como fibras orgânicas, materiais reciclados e recicláveis, bem como a implementação de processos de produção eficientes e sustentáveis, que evitem o desperdício e garantam o volume adequado de produção.
Acordo de Paris
Em 2015, durante a COP 21 em Paris, os países do mundo estabeleceram um objetivo crítico para a sobrevivência do nosso planeta: alcançar a neutralidade de carbono até 2050. Este é um desafio monumental que requer um esforço considerável.
Uma afirmação incontestável é que precisamos acelerar esse processo. De acordo com a McKinsey, se a indústria continuar sua transição ecológica no ritmo atual, suas emissões atingirão a marca de 2,1 bilhões de toneladas de CO2 por ano em 2030. Isso é mais do que o dobro do limite máximo permitido para manter o aumento da temperatura global abaixo de +1,5°C.
Entre os hábitos fundamentais que precisamos modificar estão nossos padrões de consumo, é claro, mas também a maneira como produzimos. Como podemos continuar a fabricar produtos essenciais para a vida cotidiana sem prejudicar a biodiversidade, a qualidade da água, a pureza do ar e o clima?
Primeiro, é importante lembrar de um fato óbvio, porém desanimador: a produção gera poluição. Não importa a escala ou o tipo de produto, isso é uma realidade inegável. Certamente, o impacto varia entre diferentes tipos de produção.
Por exemplo, a fabricação de um carro, o cultivo de um tomate ou a impressão de um livro geram diferentes graus e tipos de consequências negativas para o meio ambiente. No entanto, de maneira geral, quando se produz um bem de consumo, não é possível atingir um impacto ambiental zero. O setor têxtil está plenamente ciente disso.
Atualmente, o consumo de roupas por pessoa é 60% maior do que há 15 anos, e cada peça dura a metade do tempo que costumava durar no passado. Isso torna o setor de vestuário um dos maiores poluidores em termos de emissões de CO2, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
Acelerar a transição ecológica desse setor requer a oferta de produtos cada vez mais sustentáveis. Isso pode parecer um objetivo simples, mas envolve mudanças profundas na concepção, produção e comercialização de artigos em todo o mundo, como mencionado anteriormente. O caminho a seguir é claro: as marcas precisam desenvolver peças que sejam úteis sem causar danos aos territórios e aos recursos naturais.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis; ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática
*Com informações de Emilie Langrené, gerente de comunicação institucional da Decathlon Brasil, texto publicado no portal Ciclo Vivo
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